João José Leal

Promotor de Justiça, professor aposentado e membro da Academia Catarinense de Letras - [email protected]

Conversas Praianas: o boom da construção civil

João José Leal

Promotor de Justiça, professor aposentado e membro da Academia Catarinense de Letras - [email protected]

Conversas Praianas: o boom da construção civil

João José Leal

Os corretores preferem a palavra “boom” para se referir à explosão do mercado imobiliário de Balneário Camboriú, nos últimos anos. É melhor. É chique, da língua inglesa e, no Brasil, soa bem qualquer estrangeirismo. Dizer aos clientes que a cidade está vivendo um boom vertiginoso na história da construção civil, ajuda a fazer um bom negócio na compra e venda de um apartamento que pode custar milhões de reais. Muitos moradores da cidade, também gostam dessa palavra que, um dia, deve ter surgido num escritório qualquer da Wall Street. Acham que agrega valor aos seus apartamentos.

Mas, tem boa parte da população que prefere falar do aumento descontrolado construção civil em Balneário Camboriú. Acham que está havendo muita especulação, muita exploração, muita ambição da parte das grandes construtoras e incorporadoras. Para muitos balneocamboriuenses, como devem ser oficialmente chamados os nativos dessa cidade, as empresas do mercado imobiliário não se preocupam com os problemas urbanísticos e ambientais, que já são graves. A verdade é que não acham certo construir tantos e tão altos prédios, sem as melhorias indispensáveis na área do saneamento básico e da mobilidade urbana.

Penso que eles têm razão. O abastecimento de água e o tratamento do esgoto doméstico já não conseguem atender à demanda e a circulação de veículos é caótica na cidade, que parece não ter mais solução. Nos meses de temporada, a população se multiplica geometricamente e passa a viver sob tensão constante.

É ameaça de falta d’água, com avisos postados nos elevadores para economizar o tão precioso e indispensável líquido para os reiterados banhos dos dias encalorados do verão. É a presença incômoda e fétida dos carros limpa-fossa, chamados para aliviar o resultado da concentração urbana sem qualquer preocupação com o mínimo de planejamento urbano. É a irritação generalizada dos motoristas trancafiados em seus veículos, que não circulam nas meia-dúzias de avenidas completamente congestionadas.

Nas conversas entre moradores, esse assunto tem sido motivo de discussões, muitas vezes, acaloradas. Os otimistas, acham que Balneário Camboriú é uma excelente cidade para se morar e se fazer altos negócios. Isso é o que importa no momento. Infraestrutura, dizem, o futuro resolverá. Estas alegam que estão gerando empregos e contribuindo para o progresso da cidade

Do outro lado da discussão estão os que não concordam com a forma desordenada de crescimento da cidade a qualquer preço e sem planejamento. Dizem que crescer sem planejamento é criar problemas de difícil solução para as futuras gerações. São tachados de pessimistas e de serem contrários ao progresso da Dubai brasileira.

Penso que ninguém é contra o progresso, desde que ocorra com o mínimo de planejamento, a fim de assegurar bem-estar social para as futuras gerações.

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