João José Leal

Promotor de Justiça, professor aposentado e membro da Academia Catarinense de Letras - [email protected]

Outono: o reencontro das folhas amarelas com a Terra-Mãe

João José Leal

Promotor de Justiça, professor aposentado e membro da Academia Catarinense de Letras - [email protected]

Outono: o reencontro das folhas amarelas com a Terra-Mãe

João José Leal

Não bastou a Covid-19 com o seu perverso vírus. Durante semanas tivemos que enfrentar também um calor infernal, além das destruidoras tormentas de chuva e vento que inundaram repetidamente a nossa cidade e outras da região. Claro que nada comparável às catástrofes ocorridas no Sudeste e sul da Bahia. Lá, inúmeras cidades foram inundadas pela fúria das águas, casas despencaram às dezenas das encostas perigosamente ocupadas e, tragicamente, vidas foram soterradas.

Mas, tudo passa e já estamos no outono. Desde o último domingo, primeiro dia dessa estação intermediária, já estamos sentindo uma temperatura agradável. Segunda-feira choveu, ontem de manhã também. Em compensação, a tarde foi de sol sem aquele calor de suar a camisa. Pontualmente, a natureza cumpriu o calendário das estações. E o verão de dias sufocantes parece que não voltará até a próxima estação estival.

Sim, já estamos no outono, essa estação intermediária que vai nos acostumando com dias de frio. Com maior ou menor intensidade, eles virão para provar que a natureza, apesar dos maus-tratos recebidos de imprevidentes e predatórios seres humanos, tem o seu calendário cumprido inexoravelmente a cada ano dessa infinita roda cósmica. Vivemos num país tropical onde as estações não conseguem marcar com precisão os seus espaços temporais, nos graus centígrados dos termômetros. Assim, não será surpresa se a temperatura outonal do último domingo vier a ser quebrada por tardes ensolaradas de calor.

Ainda vamos continuar sob a influência imprevisível e, muitas vezes, desastrosa desse fenômeno meteorológico com nome de menina e com força gigantesca de causar catástrofes climáticas de graves consequências naturais e humanas. Mas, com certeza, não enfrentaremos mais aqueles dias de termômetros marcando acima dos 30 graus, com sensação térmica batendo nos 40 graus.

Assim, se a natureza não nos aprontar surpresas desagradáveis, deveremos vivenciar noites e manhãs frescas, daquelas que nos convidam a dormir o bom sono dos justos, a sonhar sem pesadelos e a acordar mais dispostos, mesmo que sejamos velhos de se levantar com dores em todas as juntas do corpo já alquebrado. Se o outono não perder o rumo, podemos esperar dias com temperaturas agradáveis, daquelas que nos motivam a refletir sobre as coisas boas que nos cercam e que devem por nós serem desfrutadas. Para mim, as manhãs outonais que estão chegando podem nos permitir o luxo ou a ilusão, mesmo que efêmera, de sentir prazer em viver.

Então, que venham os dias outonais para vestir de amarelo as árvores, até que as folhas amarelecidas pelo hálito das madrugadas refrescantes e quase frias despenquem de seus galhos num último balanço, no balé final de suas efêmeras vidas até o reencontro com a Terra-Mãe num ciclo de vida que se repete infinitamente a cada outono.

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