João José Leal

Promotor de Justiça, professor aposentado e membro da Academia Catarinense de Letras - [email protected]

Quem é o verdadeiro suspeito?

João José Leal

Promotor de Justiça, professor aposentado e membro da Academia Catarinense de Letras - [email protected]

Quem é o verdadeiro suspeito?

João José Leal

Durante sete anos, a operação Lava-Jato investigou, processou, produziu caminhões de provas irrefutáveis, repatriou e recuperou bilhões de reais, e condenou dezenas de políticos, empresários e altos funcionários responsáveis pelo maior esquema de corrupção da história deste país. Porisso, logo ganhou o apoio unânime dos brasileiros. Nunca, neste país da impunidade, nossa gente tinha saído às ruas para apoiar ações de combate à corrupção.

Porém, nem todos os homens, mesmo os que vestem a suprema capa preta, conseguem evitar ressentimentos descabidos diante do sucesso do seu semelhante. E, assim, a operação Lava-Jato criou poderosos adversários no STF. O principal deles é ministro Gilmar Mendes, que diz viver em Portugal. Por diversas vezes, infringiu o seu dever de não comentar processos em andamento e condenou publicamente as ações da operação Lava-Jato. Com frequência e, de forma odiosa, atacou o juiz Sergio Moro e o procurador Deltan Dallagnol.

Assim, em agosto de 2019, declarou que a referida operação era “um erro coletivo” e que havia se transformado numa “organização criminosa para investigar pessoas”. Em outubro daquele mesmo ano, na sua repulsiva cruzada contra Sérgio Moro e os procuradores da república, Gilmar Mendes chegou ao desvario de dizer que a Lava-Jato “usou a tortura para obter confissões de acusados”.

A insidiosa declaração gerou uma série de manifestações de apoio aos responsáveis pela operação e um pedido de impeachment do ministro-inimigo. Na ocasião, a voz das ruas e praças bradava pela suspeição do ministro Gilmar Mendes para julgar ações da Lava-Jato.

No mês passado, Gilmar Mendes voltou a acusar mais uma vez os procuradores da Lava-Jato de agirem à margem da lei, como se fossem um “esquadrão da morte”. Foi uma acusação vergonhosa e que bem demonstra o ódio de quem a proferiu.

A conduta difamatória de Gilmar Mendes para deslegitimar as ações da Lava-Jato foi reconhecida em sentença judicial de agosto de 2020, que o condenou por crime contra a honra de Deltan Dallagnol. Para o juiz do processo, o ministro ofendeu a honra do procurador ao comparar a força-tarefa a uma “organização criminosa formada por gente muito baixa, muito desqualificada”.

Diz a lei que o magistrado é suspeito para julgar o caso quando for inimigo de uma das partes do processo. Ora, desde o início da operação e em diversas ocasiões, Gilmar Mendes se mostrou inimigo das ações da Lava-Jato, especialmente, do então juiz Sérgio Moro e do procurador Dallagnol. No entanto, pisoteando a lei processual, Gilmar Mendes não se declarou suspeito e lançou a pecha da suspeição sobre o juiz Sérgio Moro.

É porisso que os grandes corruptos sentem-se seguros para cometer os seus crimes contra os cofres desta ultrajada nação. Apostam que a suprema justiça anulará os seus processos, deixará prescrevê-los ou mandará colocá-los em liberdade.

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