X
X

Buscar

Um passo à frente, outro para trás!

Por causa da pandemia, no dia da independência do nosso país não houve desfiles de militares nem de escolares. Mas, em muitas cidades brasileiras, inclusive em Brusque, ocorreram manifestações de apoio ao presidente Bolsonaro e de protesto ao STF e seus ministros. O presidente escolheu Brasília e São Paulo para fazer dois inflamados e violentos […]

Por causa da pandemia, no dia da independência do nosso país não houve desfiles de militares nem de escolares. Mas, em muitas cidades brasileiras, inclusive em Brusque, ocorreram manifestações de apoio ao presidente Bolsonaro e de protesto ao STF e seus ministros.

O presidente escolheu Brasília e São Paulo para fazer dois inflamados e violentos discursos. Empolgado com a multidão de fiéis apoiadores que seguravam faixas e cartazes, Jair Bolsonaro proferiu graves ameaças ao STF e alguns de seus ministros, especialmente, Alexandre de Moraes. Proclamou alto e bom som que não iria cumprir mais nenhuma ordem desse ministro.

A massa de apoiadores ali presente, chegou ao delírio e aplaudiu entusiasticamente o seu ídolo. Durante todo o tempo, um coro de fanáticos admiradores não cansou de gritar “mito”, “mito”. Então, o exaltado presidente ameaçou enquadrar o STF e seus ministros. Diante daquela massa de apoiadores, cheio de autoridade, afirmou que não cumpriria mais ordens do ministro Alexandre de Moraes.

Não passaram 48 horas e o mito, deu um passo atrás na sua marcha de presidente-capitão. Temendo a reação da Corte e a possibilidade de ser processado por crime de responsabilidade, pediu ao ex-presidente Temer para acertar os ponteiros com o STF. Ao seu ministro mais próximo, Ciro Nogueira, da velha guarda parlamentar portadora de extensa folha criminal por apropriação de dinheiro público carregado em malas, nas cuecas ou depositados em paraísos fiscais, determinou que ajeitasse as coisas com o Congresso.

Não foi só isso. Traindo a confiança do seu batalhão de seguidores, o presidente Bolsonaro publicou uma nota para se desculpar do ocorrido no dia 7 de setembro, o Dia da Pátria Amada Brasil, como faz ele questão de proclamar. E para decepção, penso que até indignação dos mais fiéis admiradores, o presidente se desculpou dizendo que “não quis agredir quaisquer dos Poderes”; que suas “palavras, por vezes contundentes, decorreram do calor do momento”.

Disse ainda que, apesar das naturais divergências com o Ministro Alexandre de Moraes”, reconhece “as suas qualidades como jurista e professor”. Finalmente, a nota garante que o presidente sempre esteve “disposto a manter diálogo permanente com os demais Poderes”.

Como se vê, no palanque, diante da militância, o presidente Bolsonaro tem um discurso. Ataca o STF e o Congresso Nacional, instituições que as pesquisas informam que perderam a confiança do povo brasileiro. Mas, nos corredores palacianos, procura por todos os meios fazer as pazes com os demais poderes para se manter na cadeira presidencial.

Nessa sua marcha presidencial, Jair Bolsonaro avança o sinal e logo recua para abandonar a sua fiel militância, uns inclusive, como o deputado Daniel Silveira e Roberto Jefferson, amargando na prisão a pena de ter apoiado a sua insensata cartilha política. Nos quarteis e fora deles, o abandono de companheiros é sinônimo de traição.