José Francisco dos Santos

Mestre e doutor em Filosofia pela PUC/SP, é professor na Faculdade São Luiz e Unifebe, em Brusque e Faculdade Sinergia, em Navegantes/SC e funcionário do TJSC, lotado no Forum de Itajaí/SC.

Quem quer interferir na polícia?

José Francisco dos Santos

Mestre e doutor em Filosofia pela PUC/SP, é professor na Faculdade São Luiz e Unifebe, em Brusque e Faculdade Sinergia, em Navegantes/SC e funcionário do TJSC, lotado no Forum de Itajaí/SC.

Quem quer interferir na polícia?

José Francisco dos Santos

Depois do terremoto causado pela demissão de Sérgio Moro, que aparentemente deveria decretar o fim do governo Bolsonaro, muita água está passando por baixo da ponte. Parece que a estratégia era desestabilizar de vez o governo e lançar Moro como candidato da ala ligada a FHC (e, por sua vez, a George Soros e ao globalismo). Mais de uma semana depois, inclusive após o depoimento de Moro na Polícia Federal, eu me lembro de um jargão bastante usado na política: a montanha pariu um rato! As tais “provas”, ao que parece, são dignas de piadas do Zorra Total. Só servem para alimentar narrativas.

Moro se utiliza do mesmo expediente de Glenn Greenwald (lembra dele? O “marido” do deputado David Miranda, que fez aquele furdunço no ano passado com mensagens hackeadas e adulteradas contra o próprio Moro e a Lava Jato). Com os prints de mensagens pessoais exibidos em rede nacional, inclusive da sua afilhada de casamento, ele está mais para traíra calculista que para qualquer outra coisa. Isso não apaga o que fez no passado, no combate à corrupção, mas, como estratégia de imagem, o ex-juiz deu um belo tiro no pé.

Será acalentado pela mídia e suas mensagens de celular vão alimentar especulações de todo tipo, ações judiciais e todo o sarapatel midiático, como o que houve no ano passado, e que preparou o terreno político para a libertação de Lula. Essa estratégia me parece bem clara. Agora a mídia tem material para continuar descendo a lenha no presidente diariamente. E o STF tem lenha para queimar, interferindo indevidamente no executivo, como na decisão que impediu a posse de Alexandre Ramagem na direção geral da Polícia Federal, numa pixotada jurídica de envergonhar um estagiário de segundo período de Direito.

Como as interceptações de Glenn Greenwald, a “delação” de Moro, independente do que poderá provar ou não, já está provocando seu efeito, alimentando o furacão político que quer inviabilizar o governo. Basta analisar o que a imprensa enfatiza, o modo como as manchetes são construídas, para verificar a estratégia em andamento. No caso da decisão do STF, a ênfase da mídia era que o presidente estava provocando uma crise institucional, ao criticar a decisão. É sempre ele o antidemocrático, não importa o que diga ou faça.

Mas eu continuo me perguntando se o verdadeiro interesse no trabalho da polícia federal não é mesmo impedir novas investigações sobre o caso Adélio. Ninguém sabe ainda quem paga os caríssimos advogados do rapaz, nem quem construiu o álibi falso da presença dele na câmara dos deputados no dia do crime, já que o cara é um demente que agiu por conta própria e, ao que parece, não tem onde cair morto.

Enquanto isso, no domingo, a Praça dos Três Poderes foi tomada por populares que foram manifestar apoio ao presidente, mas a mídia só destacou ataques forjados a jornalistas. O “Estadão” chegou a chamar a manifestação de antidemocrática! Alguém consegue entender isso? O povo é antidemocrático? Mas impeachment, por ora, está fora de cogitação. O Foro de São Paulo precisará trabalhar mais.

Mas uma lição importante disso tudo é perceber claramente que o povo não tem representação política nem intelectual. Partidos, universidades, jornais, indústria editorial, está tudo dominado por ideologias e interesses que contrariam profundamente os sentimentos e os anseios do povo. Precisamos investir numa revolução cultural que esteja ao nosso favor, encorparmos politicamente, ganharmos representatividade. O poder da organização, do lado de lá, é avassalador.

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