Os jogos olímpicos são ocasiões ímpares para o congraçamento dos povos. O espírito olímpico convida a dar o melhor de si nas disputas esportivas, mas sempre com absoluto respeito às normas de cada esporte e aos adversários. Não à toa a prática de esportes é tão importante na formação das crianças e jovens. A dedicação a uma modalidade esportiva ensina o indivíduo a ter disciplina, comprometimento, dedicação. Nos dias atuais, são oportunidade de ouro para que o “vivente” solte o celular e se mexa um pouco.
Ressalto, em especial, modalidades esportivas que demandam extrema habilidade, destreza e muito, muito treino, como a ginástica artística e as artes marciais, tão úteis na educação. Com ou sem medalha, todos os esportistas que dão o melhor de si para representar seus países merecem nosso mais efusivo reconhecimento. Sua atitude serve de incentivo para que nós também encaremos nossas atividades diárias com mais disciplina e disposição. Quem sabe os praticantes de “halterocopismo” e os que exercitam os dedos no controle remoto se animem a cuidar mais da saúde através de alguma prática esportiva e de um pouco mais de disciplina alimentar, ética e espiritual.
Mas há também exemplos negativos, que precisam ser mostrados para também servirem de aprendizado. Ressalto o desempenho dos times masculino e feminino de futebol e as comparações entre Neymar e Marta. Nos dois primeiros jogos de cada time, tivemos um desempenho excelente da equipe feminina e duas pífias apresentações dos homens. O que se pode ressaltar aí é a quantidade de dinheiro envolvida no futebol masculino, com jogadores ganhando seu peso em diamante e estruturas de primeira qualidade, contrastando com o amadorismo e a pobreza do futebol feminino, que sequer tem um campeonato regular. Parece haver uma relação inversa entre facilidades e desempenho. No esporte, como na vida, não é raro que aqueles que são criados com muitas facilidades e mimos, com possibilidade para estudar e se desenvolver com todo apoio, acabam decepcionando. Por outro lado, não faltam exemplos de quem estudou, trabalhou, cuidou da família, dormiu pouco, chacoalhou em ônibus, entre tantos outros sacrifícios, com resultados bem melhores. Isso não é uma regra fixa, pois há exemplos contrários em ambos os lados, mas Neymar encarna o típico menino rico e talentoso, que às vezes esquece que o desempenho de altíssimo nível que se espera dele demanda mais disciplina, menos baladas e muito menos egocentrismo. A seleção feminina, com todas as dificuldades, tem inspirado muito mais os brasileiros. Também os milhares de voluntários, especialmente os que trabalharam na execução impecável da cerimônia de abertura, não ganharam um tostão pelo seu empenho. Que nós e os atletas possamos aprender com erros e acertos, para encararmos a vida com o melhor do espírito olímpico.