Tenho insistido em mostrar o fracasso do Brasil nos rankings mundiais de Educação, nos quais estamos sempre na rabeira. Nesse quesito, perdemos de goleada há décadas. Se houvesse uma Copa do Mundo de Educação, o Brasil sequer se classificaria para disputar a fase de grupos.
Mas nossos educadores e teóricos da Educação não imaginam que estejam errados. Continuam pensando que seu esquema tático é o mais correto, que as teorias que seguem são as mais adequadas e que seus gurus ideológicos são os reis da cocada. Então, nossas escolas continuam a despejar analfabetos funcionais nas universidades e estas, incapazes de resolver os problemas da educação básica, e envoltas em suas próprias deficiências, transferem esse déficit para o mercado de trabalho. Mas isso é apenas a vida, coisa de pouca importância. Fosse no futebol e, aí sim, teríamos a justa indignação e, quem sabe, ações efetivas para corrigir o problema.
A tragédia futebolística talvez nos sirva, de algum modo, para lições mais efetivas. Quem sabe descubramos que temos muito mais a aprender com os alemães do que futebol. A disciplina tática do time que nos impôs aquela sonora goleada é apenas um indicativo do que é a sociedade alemã, exemplo de organização, seriedade e trabalho efetivo. Por aqui, nos perdemos na propaganda, no “oba oba” e na nossa crassa falta de disciplina e dedicação. Vejam todo o alarde feito sobre o “Pré-Sal” e a dura realidade da incompetência administrativa e da corrupção que estão detonando a Petrobrás.
A Alemanha, reduzida a cinzas após a Primeira Guerra Mundial, colocava o mundo a seus pés vinte anos depois. Novamente derrotada em 1945, em pouco tempo voltou a ser uma potência. Na década de 1990, ainda incorporou e recuperou o decadente lado oriental comunista e, cada vez mais, se firma como símbolo de poder e competência. Que recursos extraordinários têm esse país? Simples: a disciplina, a tenacidade e o capricho do seu povo. E nisso a goleada que tomamos é de milhões a zero.
Mas essa lição é bem mais difícil de aprender. Teríamos que mudar radicalmente nossa mentalidade sobre Educação, escola, comportamento. Teríamos que nos dar conta de que temos liberdade demais e virtude de menos, distração demais e empenho de menos, e tais defeitos são muito difíceis de aceitar e corrigir.
Talvez consigamos o hexa, o hepta e até o decacampeonato mundial de futebol antes de nos despertarmos para a triste realidade da nossa decadência como gente, como civilização, como país. De qualquer forma, abriu-se uma janela para quem quiser enxergar a realidade.