Luiz Thunderbird debate música e cultura durante exposição BQ80, em Brusque

Encontro foi marcado por lembranças de visitas do músico à cidade na década de 1980

Luiz Thunderbird debate música e cultura durante exposição BQ80, em Brusque

Encontro foi marcado por lembranças de visitas do músico à cidade na década de 1980

O músico e apresentador Luiz “Thunderbird” Duarte, esteve em Brusque para um bate-bapo sobre música e cultura no Espaço Cultural Graf. O encontro serviu para reunir desde fãs do trabalho do paulista a amigos que ajudaram a colocar Brusque como uma das referências do movimento musical da década de 1980.

Ele foi uma das atrações da mostra “BQ80: Quando Brusque foi a capital do rock no Sul”, que remontava com fotos, textos e itens raros, como fitas demo da época, encaminhadas para a cidade de todo o país. A participação dele fez parte do encerramento da programação Diálogos Musicais.

Thunderbird chegou na cidade ainda na sexta-feira, 19, onde aproveitou para encontrar amigos das visitas anteriores à cidade. Para apresentações, foram três: 1988, 1990 e 2009. Antes disso, já havia estado na cidade para visitar familiares de uma namorada, no início dos anos 1980.

As passagens por Brusque farão parte da biografia que o músico está escrevendo. “Foi muito importante para mim, para minha banda. Foi um lugar onde encontrei pessoas legais, que falavam a mesma língua. Eu vivi isso intensamente e ficou marcado”.

Marcelo Gouvêa

Música e cultura
Thunderbird lembra que Brusque começou a atrair bandas do cenário do rock independente do ABC Paulista e do resto do país pela divulgação de projetos autorais. Na época, afirma, este contato entre os estados também servia de intercâmbio. Durante o evento, ressaltou a importância de alguns personagens da música como Antônio Carlos Senefonte, o Kid Vinil, falecido em 2017, e sua influência no incentivo cultural.

As mudanças na postura das bandas e na visão dos organizadores de eventos ou donos de bares são indicados por ele como fatores que limitaram a atuação do gênero. Segundo o músico, as produções autorais acabaram perdendo espaço com o passar dos anos. “Tem que aguçar a curiosidade das pessoas para elas terem o que contar no futuro”.

Na avaliação dele, apesar da mudança de contexto, a disponibilidade de alternativas pela internet criam mais oportunidade das bandas apresentarem trabalhos autorais. “Jovem tem que ter mais energia para isso mesmo. Elas tem que ralar e se juntar. Acontecia muito nos anos 80 de ir em shows de outras bandas, eles nas nossas e isso já gerava um movimento”.

Cenário diferente
O brusquense Rafael Risch, 43 anos, tinha 14 quando era vocalista da banda Autópsia, formada por ele, o irmão e alguns amigos. Em meio ao movimento do rock independente na cidade, eles representavam boa parte dos jovens da época, experimentando produções musicais com inspirações no punk e no rock feito fora do circuito comercial.

Os ensaios ocorreram durante dois anos e eles fizeram três apresentações. Durante o período de atividade, chegou a ensaiar com Thunderbird, quando a banda Devotos de Nossa Senhora Aparecida iria se apresentar na cidade.

Ele destaca a possibilidade de rever os registros da época, mantidos no acervo e reencontrar velhos amigos durante a exposição. Além da queda de popularidade do rock e do punk independente, ressalta o foco reduzido na produção de músicas próprias. “Na verdade, Brusque ainda tem muita banda e banda boa, mas poucas com som autoral”.

Marcelo Gouvêa

Destino alternativo
A organizadora do evento, Claudia Bia, lembra que a oportunidade de integração dos músicos de Brusque com nomes que se destacavam no cenário musical alternativo da época veio pela produção de publicações dedicadas ao segmento. A principal foi o extinto jornal Contracorrente, produzido no município entre 1986 e 1989, com um período sem circulação devido aos shows que a cidade recebia, em 1988.

“Todas as bandas mais alternativas queriam vir para cá e eram muito generosas com as daqui. Foi mais ou menos orgânico o desenvolvimento, como não era uma coisa que desse para se sustentar durante muito tempo, tivemos aquele fôlego e depois parou, mas aconteceu muita coisa. Para o tamanho da cidade foi algo espantoso”, resume.

Ela concorda que as mudanças do mercado e o desenvolvimento de tecnologia facilitaram a divulgação de novas bandas, mas ressalta uma diferença de empenho na busca por expressão. Com o acesso fácil à uma quantidade maior de materiais de diferentes cidades, ela acredita ser difícil Brusque retomar esta influência no cenário alternativo.

Para Cláudia, o encontro foi momento emocionante e o acervo deve passar a ser itinerante. No fim do mês, os itens serão expostos no campus de Balneário Camboriú da Univali. A tendência, afirma, é que os registros sirvam para embasar um livro e parte do material também será digitalizado.

Marcelo Gouvêa
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