À frente de uma das secretarias mais importantes da Prefeitura de Brusque, Humberto Fornari foi centro de algumas polêmicas em 2017, como a renovação do contrato com o Hospital Azambuja.

O secretário diz que encontrou uma secretaria desorganizada, faltando remédios e até mesmo médicos, enfermeiros e técnicos em enfermagem.

Fornari afirma estar otimista quanto à nova negociação com o hospital em março deste ano. Ele também traça planos, mas alerta que o investimento em Saúde está abaixo da média catarinense.

Hospital Azambuja
“A nossa proposta continuará a mesma que fizemos ao antigo administrador, Fabiano Amorim.

Queremos trabalhar em parceria, mas gostaríamos de evoluir no sentido de compra de serviços. Temos especialidades que se tiver que pagar particular, é mais barato do que pagar sobreaviso, pelo fluxo de chamadas. Não quero desvalorizar o sobreaviso, mas podemos avançar.

Em Gaspar, fazia-se um fluxo mínimo de atendimentos com o sobreaviso. Por exemplo, consultas duas vezes por semana com a especialidade.

Minha expectativa é conseguir negociar com o novo administrador que eu pague o sobreaviso de cardiologia, mas que me dê 30 consultas por mês.

Quero trazer à discussão também o fluxo de pacientes atendidos na porta do pronto-socorro. O administrador antigo dizia que 80% dos atendimentos não deviam estar no hospital.

Até por isso ampliamos o atendimento na Policlínica. Também queremos trabalhar com o Hospital Dom Joaquim, para que seja de portas abertas, sem limitação de atendimentos.

Quero instituir esse processo em 2018, para que a minha negociação com o Azambuja seja mais tranquila, menos ameaçadora. Vou oferecer portas abertas, para que a população seja redistribuída, para que o hospital atenda aquilo que está sendo vocacionado”.

UPA 24 Horas
“Acredito que o ministro vai se posicionar para que a gente consiga não abrir a UPA. Não abri-la, na minha visão, é uma decisão mais política do que técnica, porque se coloco o Azambuja ou o Dom Joaquim para administrá-la a coisa funciona.

Se o Azambuja diz que já atende aquela população, não lhe custa atender na UPA. A única coisa que muda é que vai vir muito mais recurso. Essa é minha proposta, ou vendi mal minha ideia, ou havia ideia pré-concebida para que a UPA não fosse aberta.

Se for possível, farei lá o Caps 3. O projeto inicial é transformar aquela unidade em pronto atendimento até 22h de um lado, e do outro o Caps 3, juntamente com a unidade de acolhimento.

Seria o quarto município a ter um Caps 3, e o terceiro a ter uma unidade de acolhimento, que é para quem quer tratamento, mas não têm onde ficar. Eles terão uma refeição noturna, um café da manhã e um leito para dormir.

O indivíduo que não tem família nem onde morar, mas que não busca tratamento, não será acolhido. Esse é com a Assistência Social, no albergue”.

Principais projetos
“Outro projeto é sair do casarão onde estão as Vigilâncias Sanitária e Epidemiológica, o SAE [Serviço de Atendimento Especializado] e a fisioterapia e ir para uma unidade nova, alugada, infelizmente, mas mais adequada. Também está no nosso projeto a reformulação da fisioterapia, que vai para a Arena Brusque, com estrutura própria. Um investimento de cerca de R$ 110 mil.

Também queremos buscar recursos para a Unidade de Saúde do Santa Luzia, para transformar a antiga creche, cedida para a Saúde, em uma UBS. Queremos também reativar o polo de academia do Santa Terezinha.

Vamos também retomar as unidades Limeira, Zantão e Emma 2. Infelizmente para a população entraremos num novo processo licitatório, porque a antiga empresa desistiu.

Em 2018, quero implantar o pronto atendimento na UPA, no Santa Terezinha, das 18h às 22h, e transformar o Dom Joaquim em atendimento ilimitado, sem ficha, assim como na Policlínica”.

Percentual do orçamento
A gestão nos patrocinou 21,7% do orçamento, uma coisa muito abaixo da realidade. Hoje, posso dizer com toda clareza, a média de investimento em Santa Catarina não baixa de 24,5%.

Para ter uma ideia, Joinville investe hoje 40% do que é arrecadado. Pegamos a herança com o orçamento muito abaixo da expectativa e da necessidade da população.

Lutamos para que o orçamento seja maior do que o 23,5% que o governo doutor Jonas está nos proporcionando. Entendemos que ainda está aquém do que gostaríamos de trabalhar em 2018.

Balanço de 2017
“Foi um ano de bastante luta e muita confrontação, principalmente interpessoal em função de a gente melhorar o fluxo dos processos.

Quando falo de confrontação, é olhar para as equipes e para os hospitais para entender os processos que estavam errados. Adequar os que estavam mais lentos e, claro, incentivar e copiar os que estavam ordenados e produtivos.

Como exemplo, os processos das equipes. Hoje, todas estão dentro de uma proposta de trabalho: trabalhar com doentes crônicos.

É uma proposta do Ministério da Saúde, não do secretário. Que ela seja implantada enquanto Equipes de Estratégia da Família (ESF), e não o mote de queixa-conduta.

Encontramos um processo desmantelado em muitas equipes. Entendemos que é devido às várias gestões. O gestor que entrava não tinha tempo de colocar em prática.

Depois de várias reuniões com os profissionais, e até nas reuniões de secretário, houve um certo tempo para entender que vamos trabalhar na medicina preventiva, para que os resultados apareçam a longo prazo.

A frota estava desmantelada, o almoxarifado estava com pouca medicação. Um índice inferior a 20%. Em relação ao número de trabalhadores, seja temporário ou concursado, tivemos muitas perdas no começo e já tínhamos pontos vacantes.

Faltavam oito médicos, 12 enfermeiros e mais de 15 técnicos de enfermagem, sem contar as agentes comunitários e administrativos. Tudo isso teve que ser renegociado com a gestão.

A frota foi reorganizada e gerou custo. Hoje temos 100% da medicação fornecida. Todas as ESFs foram reorganizadas, com exceção dos agentes comunitários, não por falta de vontade, mas por causa da folha.

Havia mais de 28 mil processos parados na secretaria, entre consultas e exames de alta complexidade e da atenção básica. Todos foram realizados no mutirão Fila Zero.

Pudemos contemplar praticamente 1 mil cirurgias. Foram feitas praticamente 800 cirurgias no Hospital Dom Joaquim, entre de porte ambulatorial e intra-hospitalares. O Azambuja também colaborou.

No segundo semestre, a diretoria geral e a diretoria administrativa foram mudadas. Começamos e alavancamos os processos das unidades básicas, no sentido de montar protocolos de atendimentos.

Estabelecemos estratégias para tratar doenças crônicas não-transmissíveis, ampliamos o pronto atendimento na Polínica, regularizamos o cartão ponto de todos os profissionais da secretaria.

Hoje, a demanda não é por número fixo de atendimento, mas por demanda específica, como ocorre no pronto-socorro. A fila por odontologia caiu 45%.

No segundo semestre, avançamos também a inauguração das duas unidades básicas, do Rio Branco e do São Pedro. O processo estava parado desde 2015, e para recomeçar é moroso e discutido, por isso a morosidade na entrega das construções.

Duas unidades confortáveis, amplas, de uma categoria invejável no Brasil todo. Uma clínica particular às vezes não é construída com a qualidade que as nossas UBS estão sendo construídas.

Pusemos em prática uma das unidades do polo da academia, estrutura também da unidade básica, onde trabalham profissionais com terapias alternativas. Não só a terapia focada no médico, mas outras que você pode desenvolver dentro de casa.

Além disso, o governo do estado fez um aporte financeiro maior focando nas cirurgias de catarata, principalmente, mas também outras, para reduzir a fila. Vale ressaltar que em 2017 informatizamos todas as unidades e regulamentamos todos os residentes multiprofissionais e a residência médica”.