Como mãe de primeira viagem em 2014, Ana Paula Bertoldi não tinha lá muita experiência em cuidar e educar crianças. Hoje, aos três aninhos de idade, a filha traz diariamente um mundo de descobertas para a jovem mãe, que corre contra o tempo para cuidar da casa, da família e das obrigações do trabalho.

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Para Ana Paula, ter que conciliar os horários do trabalho com a rotina da família é uma das maiores dificuldades em ser mãe nos dias de hoje. “Eu sinto que, com a rotina e a correria do dia a dia, as nossas prioridades acabam mudando, de certa forma. Minha avó teve 13 filhos, minha mãe teve três, e eu até gostaria de ter mais, mas, por enquanto, não pretendo”, diz.

Ana Paula administra o restaurante do marido e, à noitinha, enquanto a maioria das outras mães estão em casa com os filhos, ela precisa sair para trabalhar. Nesse período, infelizmente, nem sempre consegue estar com a filha, que já frequenta uma escolinha pela manhã e passa as tardes na casa da avó, que ajuda muito na educação da menina.

“Eu acho que, com o trabalho e todas as obrigações, as nossas prioridades mudaram, pelo menos as minhas… E também porque é muito caro ter filho”, ri.

Ana Paula até gostaria, mas, por enquanto, acha que não vai ter mais filhos. | Foto: Natália Huf

Ela conta que, como fez todo o acompanhamento pré-natal e também o parto de forma particular, sua gravidez acabou se tornando muito cara. Além disso, agora, com a filha mais crescida, a mensalidade das escolas privadas são altas e, muitas vezes, é demorado para conseguir uma vaga em escolas públicas.

Em relação à infância da filha, Ana Paula nota mutas diferenças em relação aos seus próprios tempos de criança, em que brincava muito na rua e sentia sua mãe mais presente do que ela percebe que consegue ser. “Era outra geração também. Nós tínhamos brinquedos, brincadeiras diferentes, hoje, aos três anos, minha filha tem um celular pra ver vídeos no YouTube.”

“Tenho minhas dúvidas sobre se estou criando minha filha do jeito certo… O que eu sei é que é geracional, a nossa cabeça [das mães de hoje] mudou muito em relação a dos nossos pais. E vejo que minhas amigas que têm filhos passam pelo mesmo dilema.”

As crianças de hoje, de acordo com ela, são mais independentes, expressam mais sua opinião, sabem o que querem comer e o que querem vestir, com mais vontade própria e uma evolução mais acelerada do que as de antigamente. “A infância parece que passa mais rápido, toda essa tecnologia à mão, o celular, adianta as fases de amadurecimento das crianças”, comenta.

Se Ana Paula está ou não fazendo do jeito certo, só o tempo dirá. Com certeza, também, as coisas mudaram das últimas décadas pra cá: as famílias são menores, as obrigações são muitas, tanto em casa quanto no trabalho. Mas o que não muda em época alguma é o amor enorme que as mães sentem pelos filhos.


Você está lendo: 2010: Ana Paula Bertoldi


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