A história do Hospital Arquidiocesano Cônsul Carlos Renaux é marcada, sobretudo, pelas dificuldades financeiras e pelo envolvimento dos brusquenses na sua administração.

Já nas primeiras décadas de atividades, os empresários mostraram-se fundamentais. O Cônsul Carlos Renaux deu importante contribuição, com a anuência do bispo da Arquidiocese de Florianópolis, por exemplo, por isso a casa hospitalar leva seu nome até os dias atuais.

Hospital em obras, em 1967; quem aparece na foto é o monsenhor Guilherme Kleine. Foto: Arquivo Dom Jaime do Seminário de Azambuja

1901 – O pontapé inicial

A criação do Hospital Azambuja deve-se, principalmente, ao padre Antônio Eising. Alemão, ele veio ao Brasil para cuidar de seus conterrâneos em Brusque, que tinha uma grande população de origem germânica, e para evangelizar. Padre Eder Celva, escritor e vice-reitor do Seminário de Azambuja, conta que o padre Antônio visitava as casas e administrava os sacramentos para os colonos e via o sofrimento deles. Depois de ver muitas pessoas passando dificuldades e de ouvir o seu desespero em confissões, Eising teve a ideia de criar um hospital.

Celva conta que, até aquele momento, a saúde na cidade era bastante precária. “Naquele tempo, a medicina era muito incipiente. Davam muitos chás, receitinhas e havia muitos benzedores.Um ou outro dominava algumas técnicas de medicina, entendidas como farmacêuticas, mas os atendimentos sempre foram insuficientes”

Com a aprovação do bispo, Eising e seu coadjutor, padre José Sundrup, compram a área e erguem a Santa Casa de Misericórdia da Providência. Funcionava em um barracão de madeira, nos fundos do atual Museu Arquidiocesano Dom Joaquim.

No entanto, em 1901 tudo funcionava provisoriamente no hospital. “Era uma semente, um início, e nada estava oficializado perante o povo. Isso aconteceu com a vinda das Irmãs em 1902, com o diretor da congregação delas, e com uma celebração e ‘inauguração’ da Santa Cas”, diz Celva.

Carta do padre Sundrup à Alemanha, três meses antes da construção:
Somente a paróquia de Brusque, sem contar as três outras paróquias de que também devemos cuidar, conta cerca de 10 mil habitantes. Naturalmente existem muitos doentes, principalmente bem pobres e abandonados, também cegos, aleijados, desamparados etc. […] Para estes pretendemos abrir em Azambuja um hospital e um asilo, pois até hoje não existe hospital por aqui.


1902 – A fundação

Padre Antônio Eising, como administrador de Azambuja, foi buscar na Diocese
de Münster, na Alemanha, a Congregação das Irmãs da Divina Providência. No dia 29 de junho, chegam o padre Vicente Wienken e as três pioneiras: Godeharda Kreyemborg, Bárnaba Schäpermeier e Friedburga Nothen. A primeira casa-convento foi uma velha residência enxaimel adquirida junto com o terreno.

Celva conta que foram as irmãs que administraram a prática cotidiana do hospital. Eram elas que cuidavam da lavanderia, da costura e da enfermaria. Havia um padre, designado para a função, coordenando a obra geral, investimentos e recursos. Não havia médicos. A Irmã Bárnaba atendia os doentes, realizando inclusive pequenas cirurgias sem qualquer anestesia.

O primeiro doente era um ancião de 83 anos, achado num paiol sem paredes,
deitado em cima de palha, coberto apenas com um cobertor fininho. Além do hospital, também funcionavam no mesmo espaço: um hospício, um asilo e um internato.

O internato era uma espécie de orfanato, onde crianças muito pobres, com ou
sem pais, viviam em regime de internato.

Nos primeiros anos, a estrutura era bastante precária. O Hospital de Caridade de Florianópolis ajudou com 25 camas. Apesar de pequeno, o Azambuja já contava
com 50 internados em 1904.


1911 – O novo prédio
Em 1911, já sob a administração do padre Gabriel Lux, é inaugurado o novo
prédio para o hospital, onde hoje fica o Museu Arquidiocesano Dom Joaquim. A
construção havia sido iniciada em 1906.

Padre Lux teve a ideia de construir o novo espaço para racionalizar o atendimento do hospital. Até o momento, doentes mentais, pacientes e órfãos dividiam o mesmo espaço. Aos poucos, Azambuja foi criando novos espaços por causa da demanda. No ano anterior, o número de pessoas internadas somou: 330 no hospital, 22 no asilo e oito no hospício.

O novo prédio de alvenaria foi inaugurado com apenas dois terços da obra pronta.


1915 – O primeiro médico
No final da década de 1910, chegou o médico Dr. Melcopp, o primeiro a trabalhar em Azambuja. Até aquele momento, ou seja, por quase 20 anos, os atendimentos eram feitos pelas freiras, conta o padre Eder Celva.

“Por quase 20 anos, essas religiosas, que não eram médicas nem enfermeiras, atenderam. Elas eram tudo”, diz o vice-reitor do Seminário e escritor.


1927 – A chegada do Seminário
O Hospital Azambuja dividiu espaço com o seminário por um período de tempo. Em abril de 1927, os primeiros seminaristas chegaram de caminhão ao Vale de Azambuja. A princípio, eles foram instalados no mesmo lugar e dividiam espaço com os enfermos.

O espaço era pequeno para o tamanho da demanda dos doentes e para o número de seminaristas. “É claro que o hospital saiu prejudicado; por isso, já no ano seguinte planejava-se concretamente a edificação de um outro hospital. Contudo, antes de mais nada, a nova direção de Azambuja tratou de completar o prédio do padre Lux, acrescentando a ala que faltava do lado direito para quem entra na casa”, afirma Celva. Essa divisão de espaço perdurou até 1936.


1936 – Santa Casa é renomeada
A benção oficial do novo prédio foi dada em 11 de março de 1936 – aniversário do Cônsul Carlos Renaux – pelo próprio arcebispo. A cerimônia contou com a presença do Cônsul Renaux, de autoridades como o governador do estado e do público.

O Cônsul Carlos Renaux teve papel primordial para que a obra se concretizasse, por isso, em sua homenagem e com anuência do arcebispo, a instituição foi batizada de Hospital Arquidiocesano Cônsul Carlos Renaux.

A segunda ala foi inaugurada em 1964, e a terceira em 1990, já sob a administração do padre Nélio Roberto Schwanke, que assumiu o cargo de diretor administrativo do hospital em 1984 e continua até hoje.

Sob a administração de padre Nélio, o hospital se modernizou. Quando ele chegou, as Irmãs da Divina Providência já haviam saído da administração da casa hospitalar. Uma das primeiras ações dele foi buscar a Congregação das Irmãs Apóstolas do Sagrado Coração de Jesus, que estão ali até hoje.


2015 – Novo ambulatório
O ambulatório para atendimentos de adultos e de crianças, aos 113 anos, exemplifica o período de expansão que o hospital vem passando. Nesta décadas, foram várias melhorias. Nos últimos quatro anos, foram quase R$ 7 milhões em investimentos em equipamentos e infraestrutura.


As administrações do hospital
De acordo com o historiador Paulo Kons, o Hospital de Azambuja foi administrado, inicialmente, pelo padre José Sundrupp, da Diocese de Curitiba, pois naquela época Santa Catarina ainda não detinha este título.

Em um segundo momento, o hospital foi administrado pelos padre dehonianos, até 1927, quando os diocesanos então voltaram ao posto. Por um breve período de tempo, a Prefeitura de Brusque também o administrou.

Vista do Complexo de Azambuja em 1917, quando o hospital funcionava no prédio onde hoje fica o Museu Dom Joaquim

FASE 1 – Padre Diocesano (Diocese de Curitiba)
1901 – Padre José Sundrupp

FASE 2 – Padres do Sagrado Coração de Jesus (Dehonianos)
1905 – Padre Gabriel Lux
1919 – Padre Francisco Schueller
1920 – Padre José Rogmann
1926 – Padre Lourenço Foxius

FASE 3 – Reitores do Seminário de Azambuja, que também administravam o hospital
1927 – Padre Jaime de Barros Câmara
1936 – Padre Bernardo Peters
1946 – Padre Afonso Niehues

FASE 4 – Contemporânea
1949 – Monsenhor Guilherme Kleine
1972 – Padre Albano José Koehler
1984 – Padre Nélio Roberto Schwanke
2006 – Janeiro a maio – Padre Nildo Dubiella (temporariamente devido à licença médica do padre Nélio)
2013 – Junho a dezembro – Prefeitura de Brusque
Atualmente – Padre Nélio Roberto Schwanke


As madres superioras

Relação das Irmãs Superioras de Azambuja
Congregação da Divina Providência
Irmã Godeharda (1902-1920)
Irmã Fridolina (1921-1925)
Irmã Servanda (1926-1933)
Irmã Godorica (1934-1938)
Irmã Servanda (1939-1944)
Irmã Ludgara (1945-1947)
Irmã Godorica (1948-1954)
Irmã Hildebaldis (1955-1956)
Irmã Edfrieda (1956-1957)
Irmã Bernardeta (1958-1961)
Irmã Ludviga (1962-1965)
Irmã Maria Batista (1966-1967)
Irmã Johanildes (1968-1970)
Irmã Eli Maria (1971-1974)
Irmã Limbônia (1975 -1999)

Irmãs Apóstolas do Sagrado Coração de Jesus
Relação das Superioras da Casa
Irmã Liliana Matiello (1986-1987)
Irmã Maria de Lourdes Castanha (1988-1990)
Irmã Isaura Carlessi (1991-2000)
Irmã Brigida Carlessi (2000-2002)
Irmã Isaura Carlessi (2002- 2015)
Irmã Ana Luiza (2016 até hoje)