O-Regresso-posterO Regresso

O que esperar de um filme com 12 indicações ao Oscar 2016? Nada menos que sensacional! A história, baseada em fatos reais, conta o drama de Hugh Glass (Leonardo DiCaprio) que, partindo com sua “tropa” para o oeste americano é atacado por um urso e abandonado por seu até então parceiro John Fitzgerald (Tom Hardy), que também rouba seus suprimentos.

Apesar de parecer impossível, Glass sobrevive. Mas ele tem desejo por vingança. Quando li a sinopse de O Regresso, não fiquei muito animada. Parecia uma história um tanto (bastante) impossível. Mas, ao decorrer do longa, o diretor Alejandro González Iñárritu mostra a incessante batalha de Hugh para sobreviver e que, na verdade, “lutar” com o urso era apenas a ponta do iceberg. Com cenas muito bem filmadas e sob um intenso frio, O Regresso conta a história de um guerreiro. DiCaprio atuou de forma magnífica e mostra-se merecedor da estatueta. É um filme que merece ser visto.

Heloísa Wilbert Schlindwein – 16 anos – terceirão

                

O-Menino-e-o-MundoO menino e o mundo

Dirigida por Alê Abreu, a animação O Menino e o Mundo vem acumulando prêmios desde 2013 (ano de seu lançamento).Foram cinco vitorias em oito indicações de diversas categorias, em prêmios internacionais e nacionais. Agora, ele concorre ao Oscar 2016 de melhor animação ao lado de fortes concorrentes, como Divertida Mente e Anomalisa.

O longa metragem conta a história simplória de um menino que, sofrendo com a falta do pai, devido a um trabalho distante, deixa sua casa na área rural e descobre o novo, mágico e até lastimável mundo das cidades grandes.

Na contramão da tecnologia, Alê Abreu apresenta uma animação quase que artesanal, com traços que se assemelham com os de uma criança talentosa que se diverte com um pedaço de papel, lápis e canetinha. Dotada de poucas (e ininteligíveis) falas, o diretor aposta na sensibilidade do espectador, na graciosidade dos personagens e na sublime trilha sonora composta por Gustavo Kurlat e Ruben Feffer.

A grandiosidade do filme mora na trama repleta de criticas à nossa atual sociedade, como as condições precárias e rudimentares em que muitas pessoas do campo vivem e por isso têm de deixar a agropecuária familiar para viver nas grandes cidades, sendo explorado na indústria ou na agropecuária intensiva. A animação nos proporciona uma reflexão sobre a padronização do trabalho, da cultura e do consumismo exacerbado em que vivemos.

O filme é um grande momento da produção audiovisual brasileira, mas só tem recebido atenção nacional depois da indicação ao Oscar. Qual foi a cobertura que o filme teve, na época do seu lançamento, da imprensa nacional? Fica a lição sobre a necessidade da valorização de nossas fantásticas produções artísticas, lançadas aos montes todos os anos.

Pedro Rabelo de Araújo Neto -16 anos – terceirão

 

spotlight big  Spotlight e A Grande Aposta

                Cinema, muitas vezes, é um excelente substituto para as aulas de História. Ok, pode também ser um excelente complemento. Claro que não se pode confiar 100% na exatidão do que Hollywood nos conta… mas tem melhor ponto de partida do que uma história hipnotizante “baseada em fatos reais”, bem contada em cerca de duas horas?

Neste ano, temos dois filmes que se encaixam nessa categoria entre os oito concorrentes a melhor filme. Um, Spotlight, é sobre a investigação jornalística que fez com que a pedofilia cometida por padres católicos começasse a ser enxergada em suas reais dimensões. Tem um elenco afiadíssimo, em que se destacam Michael Keaton, Mark Ruffalo e Rachel McAdams.

O outro, A Grande Aposta (The Big Short), desvenda o complicadíssimo mundo do mercado imobiliário e dos bancos, com esquemas tão dissociados da realidade que simplesmente derrubaram a Economia Mundial em 2007/2008. O assunto é mastigado ao nível leigo, quase como uma fantástica aula multimídia e com direito a uma ajudinha de celebridades como Selena Gomez e Anthony Bourdain. Um dos produtores do filme é Brad Pitt, que também está no elenco, que também tem Steve Carell, em mais um papel sério, Christian Bale e Ryan Gosling.

                Spotlight também concorre como Melhor Roteiro Original. A Grande Aposta concorre como Melhor Roteiro Adaptado.  Seria lindo se os dois ganhassem, assim como já ganharam na premiação do sindicato de roteiristas.
 

Claudia Bia – há mais de 20 anos acompanhando o Oscar

 

Brooklyn-Saoirse-Ronan Brooklyn

O filme Brooklyn conta a história de Ellis Lacey, uma adolescente irlandesa que muda-se para os Estados Unidos em busca de uma vida melhor – o clássico enredo retratando o sonho americano. Durante sua estadia na América, lida com a saudade da família e o êxtase trazido pelo novo amor, Tony, que a faz enxergar a mudança por uma nova perspectiva, a de que talvez sua vida já não seja mais na Irlanda.

A história acompanha a maturidade de Ellis, que começa como uma menina frágil e influenciável, tornando-se, no final, uma mulher decidida e forte. O ponto alto do filme em minha opinião é o texto final, o qual traz uma mensagem comovente e para se refletir – mas vou deixar que vocês confiram e se emocionem.

Com atores muito verdadeiros, e sob a fantástica produção de John Crowley, Brooklyn é uma aposta certa para quem deseja um filme na linha romântica. Não poderia passar longe das indicações ao Oscar.

Lara Fischer – 16 anos – terceirão

 

            quarto de jackO Quarto de Jack

Surpreendente. É a palavra que descreve o filme O quarto de Jack. Assisti a esse filme sem grandes expectativas, mas fui surpreendida. A história se passa em um quarto, que é a “casa” de Jack (Jacob Tremblay) e de sua mãe Joy (Brie Larson). Jack, como a maioria das crianças de 5 anos, é curioso e ao mesmo tempo criativo, fantasiando histórias sobre o mundo e tentando compreendê-lo. Mas há um porém: ele e sua mãe vivem trancados em um pequeno quarto, sem oportunidades de sair. Joy fora sequestrada e mantida em cárcere privado ao longo de sete anos (desde quando ela tinha 17), todavia, com seu filho crescendo, torna-se cada vez mais difícil convencer-se que ele também passará a vida trancafiado, pensamento que dá origem a uma ideia: a de fuga.

A hipótese parece impossível, considerando que Jack jamais viu o mundo fora do quarto, além de que para escapar seria necessário que Old Nick (Sean Bridgers), homem que os mantém em cativeiro, ficasse convencido que soltá-los seria uma boa opção. Mas como eu disse: a história é surpreendente.

O longa foi dirigido por Lenny Abrahamson e concorre em quatro diferentes categorias no Oscar 2016 (incluindo melhor filme). Porém se pensarmos não só no drama da história, podemos chegar a uma conclusão: quantas vezes nós nos encontramos em “nossos quartos”? Momentos em que, apesar de conhecermos a infinidade de coisas que podemos explorar preferimos ficar apenas nos nossos “10m²”? Ou quando deixamos os “Old Nick’s” da vida real nos impedirem de fazer os acreditamos? “O quarto de Jack” além de nos entreter, pode (e deve!) nos fazer refletir.

Heloísa Wilbert Schlindwein – 16 anos – terceirão