Quando se fala em história e preservação do patrimônio em Brusque, um dos nomes que imediatamente vem a mente é o de Maria Luiza Renaux, a Bia.

Bisneta de cônsul Carlos Renaux, fundador da primeira fiação de Santa Catarina, a Fábrica de Tecidos Carlos Renaux, Bia foi influenciada pelo ambiente em que esteve inserida desde a infância e dedicou sua vida a manter o legado construído por seu bisavô até os dias de hoje.

Filha de Roland e Carmen Renaux, Bia nasceu em setembro de 1946, em Brusque. Extremamente culta, cursou bacharelado em História na Universidade de São Paulo (USP); licenciatura em Estudos Sociais na Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo e fez doutorado em História Social, também pela USP. Teve três filhos: Ana Carolina, Vitor e Catherina.

Por quase 30 anos, viveu na mansão que foi de seu bisavô, a Villa Renaux, no alto da colina no bairro Primeiro de Maio. Casarão que sempre foi o seu preferido, lembra o filho, Vitor Renaux Hering.

Bia faleceu no ano passado, aos 70 anos | Foto: Reprodução

“Surgiu a oportunidade de ela ir morar na casa que sempre visitava, cuidava, e foi a partir desse momento que passou a ser um projeto primordial para ela. Manter, reformar, fazer o tombamento e, aos poucos, elaborar projetos para que a casa pudesse ser um patrimônio histórico vivo de Brusque”, diz.

Vitor destaca que Bia cresceu em um ambiente de grande progresso econômico e industrialização na região, época que é lembrada com saudade e carinho por muitos brusquenses.

“As pessoas se vincularam muito a essa época e até hoje encontramos gente que fala da Fábrica Renaux, daquele período, como sendo algo muito especial, diferente, e minha mãe se nutriu muito disso. Foi neste contexto que ela formou sua personalidade”.

Ela dedicou grande parte de seu tempo ao estudo e a documentação da história da região. Entre suas publicações mais famosas estão “Colonização e Indústria no Vale do Itajaí: O Modelo Catarinense de Desenvolvimento” e “O Outro Lado da História: O Papel da Mulher no Vale do Itajaí 1850-1950”.

“Minha mãe era sempre aquela pessoa que fazia um resgate de passagens históricas, mas com graça. Prendia a atenção de quem estava ouvindo e gerava um momento de felicidade que durava com o tempo”, define.

Vitor lembra que a mãe tinha uma relação afetiva e profissional envolvendo o estudo da história e do patrimônio e essa paixão é o que tem o inspirado a continuar com os projetos. Um convênio firmado com o Centro Universitário de Brusque (Unifebe) busca, por exemplo, deixar a Villa Renaux mais próxima dos brusquenses. “Essa casa era uma fonte de estímulo, de encantamento, que nutriu vários aspectos da vida dela e é por isso que vou continuar”, afirma.

A luta de Bia pela preservação do patrimônio, principalmente da Villa Renaux, acabou gerando um interesse coletivo no tema. Hoje, a conservação da casa que foi de cônsul Carlos Renaux é praticamente uma unanimidade entre os brusquenses e uma forma de honrar o trabalho realizado pela historiadora durante sua vida.

Bia faleceu em janeiro do ano passado, aos 70 anos. Para Vitor, entretanto, seu legado não a deixará ser esquecida. “Minha mãe era muito efusiva, muito empolgada com as coisas e quando uma pessoa assim morre, é um choque. A gente perde aquele ponto de vitalidade, mas aos poucos vai percebendo que muita coisa permanece, uma certa vida permanece”.

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