Matias Kohler explica projetos e desafios de Guabiruba para 2020
Cidade tenta implantar transporte público enquanto lida com problemas em escola e no abastecimento de água
Cidade tenta implantar transporte público enquanto lida com problemas em escola e no abastecimento de água
A cidade de Guabiruba chega em 2020 com projetos e metas ousadas, mas tendo, ao mesmo tempo, que lidar com problemas grandes. O principal delas é o abastecimento de água, comprometido e com processo licitatório parado por determinação do Tribunal de Contas do Estado (TCE-SC). Um sistema à beira do colapso, nas palavras do prefeito Matias Kohler (PP). Ele cita o lançamento do edital do transporte coletivo como principal objetivo para o ano que se inicia.
Para esse ano, o prefeito terá a disposição um orçamento de R$ 85 milhões, 5% a mais que no ano anterior. “Os principais desafios de um município que nem Guabiruba, que tem um crescimento demográfico acelerado em torno de 2,5% a 3% ao ano, é fazer frente às obrigações primárias, como saúde, vagas de escola e vagas de creche.
Segundo Kohler, o foco inicial da gestão em 2020 será a continuidade dos trabalhos realizados no ano anterior, em especial, nas pavimentações de ruas e revitalizações. Duas delas são apontadas como principais, as das rua Prefeito Carlos Boos e Guabiruba Sul, duas obras que estão condicionados a financiamento.
“Além disso, temos as obras do Avançar Cidade, que é um programa que já está em execução a parte de drenagem e as questões das pavimentações com recursos próprios. Isso dá um total aproximado de 25 quilômetros de pavimentação que ainda temos dentro deste projeto até o final de 2020. O investimento é na ordem de R$ 25 milhões – cerca de R$ 20 milhões em financiamento e R$ 5 milhões em recursos próprios”, afirma.
Uma das promessas para 2020 é o lançamento do edital do transporte coletivo municipal. Hoje os ônibus que circulam no município saem de Brusque. Mas para o prefeito, essa é uma continuidade das pavimentações.
“Se lançar o edital do jeito que está a situação hoje, com ruas não pavimentadas, ele terá uma tarifa. Fazendo isso depois das pavimentações, o valor será outro, menor para a população, que é o objetivo.”
O investimento em transporte público é visto como uma medida também de melhora dos fluxo de trânsito da cidade de cerca de 25 mil habitantes e que tem mais de 20 mil veículos registrados. “Nós temos uma frota cada vez maior e dentro de um sistema viário concebido nos anos 1970 ou 1980”, argumenta Kohler.
Hoje, o maior problema da cidade é quanto ao abastecimento de água. O prefeito reconhece isso. A cidade decidiu em 2018 não renovar o contrato de concessão com a Casan. A ideia inicial era municipalizar o serviço, porém, segundo Kohler, um estudo demonstrou que era necessário um investimento grande e num curto espaço de tempo. Foi definido então que o serviço seria privatizado.
A Atlantis Saneamento apresentou a proposta considera a vencedora, porém a Rio Vivo Ambiental se sentiu prejudicado com o processo, contestou itens que considerou irregularidade e acionou o Tribunal de Contas do Estado (TCE-SC), que suspendeu a licitação. Para o prefeito, o sistema pode entrar em colapso se não forem feitos investimentos emergenciais.
Ele se queixa da demora do TCE em definir a questão. Em dezembro, Kohler ameaçou decretar situação de emergência no sistema para que a prefeitura possa fazer contratações com dispensa de licitação. Se isso for feito, porém, irá comprometer projetos de infraestrutura e pavimentações.
Outro problema enfrentado por Guabiruba, esse mais antigo, é a escola estadual João Boos, com sérios problemas estruturais. A promessas de melhorias desde 2014, mas até agora nada foi feito.
“A informação mais recente da gerência regional é que o processo está no Departamento Estadual de Infraestrutura (Deinfra) para análise do projeto e o departamento carece de engenheiros que possam fazer essa análise”, conta o prefeito.
Kohler diz que a situação da escola é catastrófica e que só não está pior por conta do esforço da direção. Porém, a unidade já registrou uma morte por acidente. Dalvan Wilian Cavichioli, 17 anos, morreu em 2016 enquanto ajudava a retirar árvores.
“Teve aluno que morreu lá dentro porque o estado não fez sua parte, que era a poda das árvores. Essa morte tá na conta do estado”, dispara.
Em março de 2019 o governo do estado anunciou que o termo de referência para a reforma da unidade estava em elaboração. Mas não houve novidades até então.
“O que o município pode fazer é apelar e estamos fazendo isso diariamente. O mais estranho é que o governo do estado tem feito construções e reformas em várias regiões, mas Guabiruba não consegue ser atendida”, lamenta o prefeito.
Esse ano é o último de mandato de Matias Kohler. Dentre seus projetos iniciais, um ele já sabe que não conseguirá tirar do papel até o dia 31 de dezembro: o abatedouro municipal. O prefeito defende a importância da obra uma vez que há muitos pequenos agricultores na cidade e que não poderiam arcar com os custos de ter um abatedouro próprio por conta do rigor da legislação.
“Isso exige uma adequação muito forte e um custo elevado desse abatedouro. depois tem a manutenção disso, o número de funcionários, técnicos, pessoas habilitadas, no mínimo seis servidores, tem a equação custo-benefício”, contabiliza. O valor alto para o município deve inviabilizar o projeto.
Questionado sobre o que fará a partir de 1º de janeiro de 2021, Kohler garante que voltará para a iniciativa privada. Ele afirma que não tem nenhum projeto político ou pretenção de buscar outros cargos eletivos. “Tenho meus 60 anos. Quero ajudar sempre que a cidade chamar, mas para isso você não precisa necessariamente ter um cargo político”, acredita.
Ele elogiou o que chama de nova visão dos guabirubenses em relação à gestão pública. “Por muito tempo as pessoas tinham um olhar de que o poder público tinha a obrigação de fazer tudo, e hoje ela participa mais, como nas parcerias para a pavimentação de estradas. Uma mudança de comportamento muito forte. Se hoje Guabiruba está se tornando uma cidade cada vez melhor é mérito do seu povo.”