Começando com uma confissão: todo ano, quando chega a hora de inaugurar a sessão nostalgia aqui na nossa conversa semanal, eu fico toda animada e curiosa pelo que vou encontrar. Especialmente em relação aos anos “redondos” mais antigos, com toda aquela relevância que, convenhamos, temos perdido, ano após ano.

A pesquisa, desta vez, começa pelo cinema de 1969. Que cinema… e que ano!  Aliás, que grandes duplas!

A gente começa pelo vencedor do Oscar de 1970, Midnight Cowboy (aqui, Perdidos na Noite, muito antes do programa inesquecível do Faustão). Dustin Hoffman e John Voight contam, de maneira absolutamente tocante e, dá até para dizer, insuperável, a história dos “losers” norte-americanos, daqueles que, apesar de todas as promessas, não conseguem atingir seus sonhos.

Talvez, se a gente forçar um pouco, os outros dois destaques deste pontapé inicial também se encaixem na categoria “lutando contra o sistema… e perdendo”. Mas, de alguma forma, não havia outra maneira de encarar a realidade. É assim que a gente chega no icônico Sem Destino, com Peter Fonda e Dennis Hopper (ops, sem esquecer do Jack Nicholson). Provavelmente o mais conhecido e influente filme “on the road”, responsável por toda uma cultura sobre duas rodas, que existe até hoje. Com uma trilha sonora apaixonante, encabeçada por Born to be Wild e The Pusher, ambas do Steppenwolf.

 

Para completar a trinca, outro clássico: Butch Cassidy e Sundance Kid, com Paul Newman e Robert Redford. A história, baseada em fatos, dos dois criminosos que lideraram um bando de ladrões que conseguiram escapar da lei por muito tempo (até que não) é daquelas em que é impossível não torcer pelo bandido. O final é perfeito e a trilha, assim como a canção Raindrops Keep Falling on My Head levaram suas estatuetas no Oscar.

Curioso é que nenhum dos seis (ou sete) atores levou o Oscar em sua categoria. O vencedor foi… John Wayne, por Bravura Indômita. Um legítimo representante da Hollywood clássica, em um ano de roteiros mais sincronizados com os tempos modernos…

Hora de problematizar: imagina hoje, essas duplas de homens brancos protagonizando alguns dos principais filmes do ano. Sem mulheres, sem diretoras, sem negros… A indústria teria que pedir desculpas por alguns anos. Mas eram outros tempos, com outras prioridades e outra visão das coisas. Assim como não dá para parar no tempo, não dá para não achar que é bom que exista, hoje, muito mais inclusão.

Ah, sim, para quebrar esse “clube do bolinha”: a ganhadora do Oscar de melhor atriz, entre os filmes lançados em 1969, foi nossa velha conhecida Maggie Smith, por A Primavera de uma Solteirona. Sim, ela, a professora Minerva de Harry Potter ou a Lady Violet de Downton Abbey. Suprema e sem prazo de validade.

Mais filmes semana que vem, que tal?