Entidades não sabem como angariar receitas para bancar projeto da Vila Olímpica

Prefeito Paulo Eccel pretende repassar detalhes do projeto para as entidades esportivas até o fim deste mês

Entidades não sabem como angariar receitas para bancar projeto da Vila Olímpica

Prefeito Paulo Eccel pretende repassar detalhes do projeto para as entidades esportivas até o fim deste mês

O fim do impasse entre a prefeitura de Brusque e empresa Souza Cruz, responsável pelo terreno onde será construída a Vila Olímpica, no bairro Volta Grande, é o primeiro marco para que o audacioso projeto saia do papel.

Com a posse em definitiva do terreno, a prefeitura já se planeja para chamar as entidades para detalhar as diretrizes que devem ser seguidas para início das obras e exploração do espaço de cerca de 480 mil metros (ver no detalhe).

O grande entrave, no entanto, é a viabilidade financeira para a construção do moderno complexo esportivo que ficará a cargo de modalidades que mal possuem condições financeiras para se manter em atividade.

A prefeitura já anunciou que fará a cessão do espaço e ficará responsável por questões básicas da infraestrutura, mas caberá aos segmentos esportivos a captação de recursos para que os projetos saiam do papel. “Temos, inicialmente, cerca de R$ 3 milhões, que vão sobrar da venda da Secretaria de Obras, para investimento, como manda a lei, neste novo espaço. Mas além destes R$ 3 milhões, muitos outros serão necessários”, salienta o prefeito Paulo Eccel. “A Vila Olímpica será construída com recursos públicos, mas também com recursos que as entidades vão captar”, observa.

Investimento difícil

Investir em uma obra como essa, no entanto, ainda é visto como algo fora da realidade para alguns líderes esportivos. O técnico de natação da Associação Brusquense de Amigos e Incentivadores da Natação (Abain), José Armando Vasquez Soto, o Bay, elogia a iniciativa da construção da Vila Olímpica, mas ressalta que uma piscina bem montada para competições, de 50 metros, com oito raias, não sai por menos de R$ 300 mil, por exemplo. “É uma verba que se vai depender das associações fica muito complicado”, observa.

O valor inicial ainda não foi repassado para cada segmento, mas cientes de que o custo será expressivo, nenhum dos consultados soube dizer especificamente como angariar os recursos para tocar os trabalhos. A única alternativa apontada até o momento é a de arrecadar receitas junto ao poder público por meio de projetos de incentivo ao esporte. Algo que parece pouco dado o alto valor do empreendimento.

A dificuldade gera especulações, dúvidas e receios em representantes das modalidades. Sem prazos definidos, eles esperam ansiosos a conversa com Eccel para saber detalhes do projeto e sobretudo, quem vai pagar a conta.
Uma das principais dificuldades é encontrada pelo pessoal do BMX, alavancada ainda por existirem duas equipes em Brusque que dividem espaço, mas mal se conversam após divergências que levaram a dissidência de membros para formação de um novo grupo há pouco mais de um ano.

Segundo Helcius Zimmermann, presidente da Bicicross Berço da Fiação (BBF/Bandeirante), a mais nova equipe da cidade, atualmente o grupo possui dois patrocinadores cujos valores arrecadados com estes mal bancam as viagens para as competições. “Hoje, temos dificuldade para conseguir se sustentar. Temos patrocínio apenas para despesas. Não temos condições de arcar com uma pista de padrão internacional. Temos muito interesse e Brusque merece, mas temos que ver dá onde vem esse recurso. Sei do custo e não é coisa pequena”, diz.

Ele observa que o investimento é muito alto para um segmento que tem dificuldade em angariar valores. “Como a pista é onerosa, vamos conversar com a prefeitura. Não é uma modalidade que consegue atrair investimentos, ou que pode arrecadar através de eventos. Vamos encarar a situação, mas é difícil se não tiver a ajuda do poder público”.

O dirigente comenta que sequer sabe ainda o espaço exato que terá disponível e mostra preocupação com o futuro da modalidade. “Meu medo é que nos tirem do espaço atual sem haver uma solução para o outro. Porque a hora que liberar essas licitações vão querer tirar todo mundo e deixar a gente na rua.”. Zimmermann ressalta que recentemente a pista lotada ao lado do Pavilhão da Fenarreco passou por uma reforma e que a sua prioridade hoje é fechar o espaço “que está sendo invadido do que se preocupar com o futuro desta grande obra”.

‘Mudança necessária’

Um pouco mais otimista, mas não menos preocupado está o presidente do Kart Club de Brusque, Luís Carlos Loos, o Luisinho. Ele diz que uma comissão ficará responsável para auxiliar na viabilização do projeto, mas também afirma que até o momento não há nenhuma ideia de como levantar o valor para montar a estrutura. “É preocupante porque vamos ter que buscar parceiros e tentar projetos com o governo. É um ano que não será fácil, mas temos que correr atrás”, diz, na mesma linha de Zimmermann.

Ele comenta que a principal saída é a busca por recursos públicos sobretudo em razão do momento conturbado pelo qual atravessam as empresas da cidade. “Particularmente, acho complicado conseguirmos apoio da iniciativa privada, até mesmo pela situação das empresas hoje, mas nada impede. Vamos tentar de todas as formas”, diz.

Mesmo com a pista em boas condições, com o kartódromo reformulado recentemente, Luisinho vê com bons olhos a mudança de local, apesar das dificuldades em viabilizar o projeto. “Acho a ideia boa. A cidade está crescendo e temos essa necessidade”.

Responsável por tocar o projeto mais esperado da Vila Olímpica, o estádio municipal, Danilo Rezini, presidente do Brusque FC, mostra otimismo. Ele é outro que afirma vagamente sobre a origem dos recursos, mas sabe que tem mais ferramentas que as demais modalidades para levantar o tão sonhado estádio. O apelo do futebol, o relacionamento já sólido com os empresários e a força da torcida do Bruscão são apostas do dirigente para fazer do sonho realidade. Acredita, também, em apoio do poder municipal, estadual e federal. “Vamos fazer uma mobilização. A ideia é ter um estádio moderno, compatível com a realidade atual do futebol, com segurança e conforto para nossos torcedores”, afirma.

O dirigente diz que não há condições de comentar mais sobre o projeto porque ainda não foi chamado por Paulo Eccel para obter detalhes da construção, mas que assim que houver uma posição sobre o espaço e a forma que vai funcionar a cessão, por meio de comodato, locação ou permuta, reunirá uma equipe profissional para ficar a par da execução. “Como até o fim do ano passado ainda não havia nada oficializado, o tema não entrou em discussão na diretoria. Mas a partir da reunião vamos unir a diretoria e ir atrás de parceiros. Usaremos de todas as formas para concluir esse projeto”, comenta.

Rezini não descarta fazer a estrutura em partes, caso não exista condições financeiras suficientes num primeiro momento. “Talvez tenhamos um estádio para 12 mil pessoas, que é um número adequado a nossa população, podendo ser ampliado posteriormente em mais duas cotas de seis”, diz.

Entidades serão consultadas até o fim de janeiro
O prefeito Paulo Eccel afirmou que até o fim deste mês fará uma série de consultas as principais modalidades esportivas da cidade para repassar os detalhes do projeto e discutir a forma de ocupação da Vila Olímpica.

O líder do executivo não mostrou preocupação quanto a execução da obra, mas admitiu que não é possível mensurar até quando o complexo será terminado, ‘até mesmo porque ele será feito em módulos’. “Por exemplo, o complexo aquático. Não precisa fazer agora se não tiver recursos. Ele pode ser feito em uma outra etapa, claro que respeitando um padrão arquitetônico. O projeto como um todo não podemos saber se em um, dois ou três anos estará 100% concluído”, explica.

Ele diz que vai auxiliar as modalidades em busca de recursos. Uma das ideias é atuar em outras frentes de investimentos via Ministério do Esporte e através da Secretaria de Estado, Turismo, Esporte e Cultura.

Modalidades podem ser substituídas
Paulo Eccel não descarta a possibilidade de mudanças em relação as modalidades contempladas e até mesmo de alterações no projeto inicial. Tudo vai passar pela conversa que com os líderes do segmento que previamente foram contemplados e mostraram interesse.

Ele diz que durante o período que o projeto original ficou sob consulta popular houve 117 manifestações. Algumas delas, inclusive, de grupos que acabaram não privilegiados. Entre eles estariam representantes do downhill, uma das disciplinas do BMX, e do rugby. “Não teve ninguém que não mostrou interesse daqueles que já estavam contemplados. O que aconteceu é que teve mais gente que veio se habilitar”, explica Eccel.

Ele observa, no entanto, que o projeto baseia-se em um ‘olhar macro’, valorizando as principais modalidades do município, sem especificidades. “Mas é possível rever espaços e fazer modificações. Acredito que dá para contemplar boa parte das solicitações”, observa. “Tudo vai depender das condições e do interesse de cada segmento esportivo para viabilizar a implementação do seu espaço”, diz.

A expectativa do prefeito é de que após a conversa com as modalidades, a prefeitura já inicie os trabalhos no local, iniciando pela terraplanagem. “Deixaremos limpo e faremos toda a parte que a prefeitura vai se responsabilizar. Que é a de estacionamento, energia elétrica, água e definição dos estacionamentos”, observa. A partir disso, cada modalidade vai se empenhar para a construção da sua estrutura seguindo regras previamente definidas.

Sobre a Vila Olímpica

A Vila Olímpica é considerada um dos principais projetos do plano de governo de Paulo Eccel. O espaço terá capacidade para abrigar eventos de médio e grande porte, além de estruturas como o Kartódromo, o CTG e o tão esperado estádio municipal. “O estádio é um dos carros-chefes da Vila Olímpica. Meu desejo é que possamos ter um campo, com campo auxiliar. As arquibancadas e o restante da estrutura vai depender da captação de recursos”, salienta Eccel.

Ele considera que a construção da Vila Olímpica trará ‘um ganho significativo para a cidade’. “São 480 mil metros quadrados. Hoje o local é considerado um pouco longe da cidade, mas garanto que em cinco anos esta percepção não vai mais existir”. A afirmação do prefeito se deve ao fato de que a região fará parte do anel viário da cidade. Segundo a prefeitura, serão três opções de acesso para o deslocamento do público. “Existem projetos futuros da Beira Rio, na margem esquerda, que ‘rapidinho’ vai chegar nos fundos da Vila Olímpica”.

Ele defende, ainda, que o local permitirá uma descentralização dos eventos. “A Fenajeep, por exemplo, não consegue mais crescer. Hoje ela utiliza toda a área do pavilhão, da Arena. O Rodeio também, porque não há mais espaço. Então, creio que a cidade vá ganhar tanto no esporte, quando na cultura e lazer com essa nova área”.

 

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