A frase do título é do Evangelho
de João, proferida pelo Mestre. Não precisaríamos de mais nada para evocar a
dignidade do trabalho, mas podemos ainda citar o poeta grego Hesíodo, na sua
obra “Os trabalhos e os dias”: “…deuses e homens irritam-se com quem ocioso
vive…o trabalho, desonra nenhuma, o ócio, desonra é. Por condição és de tal
forma, que trabalhar é melhor. Dos bens de outrem desvia teu ânimo leviano e,
com trabalho, cuidando do teu sustento, como te exorto.”

Mas o próprio Hesíodo, no mesmo
livro, fala de uma época de ouro, em que a terra produzia os bens sem
necessidade do trabalho humano, e não havia crimes. Também o paraíso bíblico
evoca um tempo assim, e o trabalho é apresentado como um castigo pelo pecado:
“comerás o pão com o suor do teu rosto”. A ideia de trabalho com algo indigno,
infelizmente, se popularizou com o advento da escravidão. A América Latina,
colonizada por portugueses e espanhóis, herdou dos colonizadores essa péssima
crença, o que é uma das causas do nosso atraso econômico e cultural. O Barão de
Mauá, influenciado pelo pensamento econômico inglês, tentou desesperadamente
mudar essa concepção, mas não teve muito sucesso. Foi a colonização italiana, alemã,
polonesa, países onde a visão do trabalho era outra, que começou a mudar, de
modo mais sólido, essa mentalidade. Valorizar o trabalho nos tira do fatalismo
da pobreza e da reclamação das dificuldades para acionar o que Deus colocou em
nós como parte fundamental da sua “imagem e semelhança”: o poder de criar e de
transformar. Alguma espécie de mágica acontece dentro de nós quando tomamos a
decisão firme de fazer algo difícil,  não
raro pouco prazeroso, porém necessário, e nos dedicamos a essa tarefa. Isso
potencializa nossas forças, desperta em nós novas capacidades, transforma-nos,
ao mesmo tempo em que transforma, para melhor, as condições em que vivemos.
Quem sempre trabalhou e não fez corpo mole para as dificuldades sabe bem do que
estou falando, pois experimenta o que o poeta diz: “Por condição és de tal
forma, que trabalhar é melhor”.

Por outro lado, quem não dá esse primeiro
passo permanece prisioneiro da própria preguiça, procurando sempre soluções
fáceis e saídas milagrosas para o que deveria construir com suas próprias mãos.
Mais que ficar sem os frutos que o trabalho pode trazer, o malandro priva a si
mesmo da transformação que ele realiza na sua humanidade. Desses eu afirmo sem
nenhum constrangimento: são seres humanos de segunda categoria. A preguiça e a
inércia os impedem de evoluir. Além do mais, deixam a porta escancarada para
tudo o que não presta, pois “o ócio é o pai de todos os vícios”.

O Dia do Trabalho deve nos
lembrar, acima de tudo, da extrema dignidade do trabalhador, não importa qual
seja seu ofício ou sua função. Através do seu trabalho, transforma a si mesmo e
ajuda a transformar o mundo.

Homenageio, de modo especial,
aqueles que considero os trabalhadores por excelência: os empresários e
empreendedores. Mais que ninguém, eles souberam sair do ócio e da mesmice e,
com boas ideias e muito trabalho, proporcionam a milhares de outros a
oportunidade de também trabalharem e ganharem dignamente sua existência. Dessa
forma, são eles que fazem a melhor das políticas sociais: criar oportunidades
de trabalho. Os que realmente querem prosperar de modo digno não se furtam em
aproveitá-las. Os demais serão eternos mendicantes, reclamando da vida e da
sorte.

Que o Carpinteiro de Nazaré, cujo
Pai também trabalha, mantenha vivas em nós a força e a coragem para
contribuirmos, com nosso trabalho, com sua eterna atividade criadora.