Montanhistas da região de Brusque atravessam serra da Bateia e alertam para atividades ilegais

Travessia durou dois dias e passou por cumes de seis montanhas

Montanhistas da região de Brusque atravessam serra da Bateia e alertam para atividades ilegais

Travessia durou dois dias e passou por cumes de seis montanhas

Depois de duas tentativas, o montanhista Henrique Krueger, 30 anos, conseguiu ao lado do colego Dirceu Biasi, 36, fazer a travessia de montanhas na serra da Bateia, entre os municípios de Brusque, Guabiruba e Gaspar. Eles foram além das trilhas convencionais da região, que geralmente se concentram no Parque Nacional da Serra do Itajaí.

“No Vale do Itajaí, embora tenha tradição histórica no montanhismo, sendo sede do primeiro clube excursionista do estado, o Spitzkopf Klub, fundado na década de 20, as trilhas e travessias concentram-se em roteiros consolidados no interior do Parque Nacional da Serra do Itajaí. No entanto, há diversas possibilidades ainda pouco exploradas, como a serra da Bateia”, diz Krueger.

Ele é morador de Blumenau e atua há cinco anos como guia de trilhas e travessias, organizando grupos no Sul do Brasil e para outros lugares na América do Sul, através da empresa que fundou.

A primeira investida para completar a travessia foi feita em março. Ele e outro colega, Rodrigo Vaz, 38, entraram pela trilha da montanha, chamada de Bico da Bateia, mas não conseguiram concluir.

“Por conta do calor excessivo e ser uma serra com pouca água, estávamos rendendo menos do que a gente almejava. Além disso, no calor animais peçonhentos costumam estar mais ativos”, lembra.

Na segunda tentativa, que iniciou no último dia 7, ele e Biasi entraram em outro extremo da serra, conhecido como Siptzkopf da Lorena. No primeiro dia, conseguiram avançar até o ponto que tinham chego na primeira vez e conseguiram completar a travessia em dois dias.

Foram aproximadamente 18 km de trilha, passando pelo cume de seis montanhas: Spitzkopf da Lorena, Pico do Gavião, Patheus, Spitzkopf do Holstein (Mordida do Gigante) e Morro da Buettner, antes de atingir o último cume, o Bico da Bateia, e descer na rua Carlos Zuchi Neto, em Gaspar.

Arquivo pessoal

Ele conta que ficou surpreendido negativamente pela quantidade de estradas madeireiras antigas, palmiteiros e de picadas de caçadores [trilhas no meio da mata, utilizadas por caçadores, geralmente mais disfarçadas], além de uma estrada mais atual, frequentada por jipeiros.

“Achávamos que a gente ia pegar muito mais mata fechada. Teve muitos trechos que precisamos abrir caminho com a facão, mas alternamos com os espaços que já estavam abertos”.

Segundo Krueger, por conta das ações humanas na serra, a travessia não exigiu quanto eles esperavam fisicamente.

“A maior dificuldade técnica foi, por vários desses trechos não terem um caminho consolidado, e a gente estava em um trecho de Mata Atlântica fechada, a navegação tornou a travessia mais exigente. Usamos carta topográfica, bússola e GPS para traçar nosso roteiro e chegar nos cumes que a gente almejava”.

A escolha dessa travessia aconteceu pelo valor histórico agregado e pela necessidade de preservação da área. Krueger lembra que no século 1800, o doutor Blumenau e o Barão de Schneeburg solicitaram aos governos que a serra fosse reconhecida como limite entre as colônias e também que, aos pés da serra, foi construído um barracão que recebia imigrantes suíços e tiroleses, antes de eles receberem um lote de terra.

Arquivo pessoal

Krueger também destaca a nascente localizada nas montanhas que abastece uma estação de tratamento de água. Ele espera que o local recebe mais atenção das autoridades e que seja incentivado o turismo no local como uma forma de coibir as atividades ilegais.

“A gente pensa que a serra da Bateia pode se tornar uma opção para os aventureiros. A partir do momento que ela passa a ser frequentada por aventureiros bem-intencionados, a tendência é que iniba essas atividades ilegais, quem sabe até estimule a criação de um parque para preservar essa mata e essa história que tem, sendo explorada somente pelo turismo e ajudando a microeconomia da região. Está muito em alta hoje em dia, essa reconexão com a natureza. Quem sabe, não estimule mais gente a ir lá e a serra possa a ser uma fonte de renda mais sustentável”.

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