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Morador de Guabiruba dedicou dois anos para construção de carro de madeira

Projeto usou como base o chassi de uma pickup Willys 1977 e chama atenção nos eventos locais

Morador de Guabiruba dedicou dois anos para construção de carro de madeira

Projeto usou como base o chassi de uma pickup Willys 1977 e chama atenção nos eventos locais

De uma oficina mantida no fundo do pátio da casa, Marcio Schlindwein, 52, deu forma ao “carro” que ele considera um membro da família. O Girico, nome dado em alusão aos veículos rurais, é usado para a rotina de trabalho e atinge, no máximo, 40 quilômetros por hora. Todo em madeira, ele é resultado de dois anos de trabalho.

Durante o período, o irmão Henrique, 60, e o filho Tiago, 25, chegaram a colaborar com ideias para o carro, mas Schlindwein fazia questão de dar sequência ao trabalho. A ideia ganhou força em 2002, após a morte do pai dele. Na época, a família já possuía uma tobata. O trator de baixa potência era utilizado para transportar madeira, mas a intenção era ter uma opção maior.

Desde a infância, Schlindwein estava acostumado com a rotina necessária para o trabalho com madeira e já sonhava com um carro feito com o material. No pátio da casa, no bairro Guabiruba Sul, algumas pilhas de madeira secam ao sol. Dentro do galpão, máquinas, ferramentas e peças inacabadas de mesas e bancos, dividem espaço com veículo. Ele tem lugar garantido sob a cobertura, diferente do carro principal da família. “Este pode até estragar que não tem problema”, brinca.

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O carinho pelo carro também fica claro no seu uso diário. Diferente do modelo convencional, o de madeira não é emprestado. Além do proprietário, somente o irmão e o filho possuem autorização para guiar, mesmo com ele admitindo certo ciúme da criação.

Quando perguntado sobre qual seria o valor em uma possível venda do Girico, Schlindwein desconversa e afirma não cogitar a possibilidade. “Não está nos planos. A programação não é vender. Ele já faz parte da família praticamente, né? Iria sentir falta. Não iria me adaptar sem ele ou fazer outra coisa. Melhor deixar assim mesmo.”

Partes de 1977
O chassi e parte das peças usadas para construir o Girico faziam parte de uma pickup Willys, 1977, modelo que inspira o visual do veículo rural. Mesmo antes de começar com o projeto, encontrar um carro do tipo por um preço viável estava entre os desafios de Schlindwein.

Após uma procura sem sucesso, ele encontrou a solução parada no pátio de um primo. Mesmo que a pickup não funcionasse, o preço simbólico ajudou a dar continuidade no projeto. Assim que comprou a Willys, ele começou o processo de desmanche e, apenas o chassi foi reaproveitado.

Finalizado o projeto, Schlindwein acredita ter atingido o resultado ideal para seu uso diário. Além do transporte de madeira, ele se dedica à produção de mel. Para as atividades, além do espaço, ele precisa ser funcional. abaixo da carroceria, foram adaptados suportes para as ferramentas mais utilizadas.

O Girico transporta desde foices, enxadas, machados e motosserras até roupas para o manejo de abelhas, tudo, sem tirar espaço de carga. A velocidade reduzida do carro não é um empecilho para Schlindwein. De acordo com ele, a configuração permite mais força ao motor.

Com um tanque de cerca de 20 litros de combustível, a viagem mais longa que os dois já fizeram foi até o bairro Santa Rita, em Brusque. A falta de documentação específica para o tipo de carro também reduz as possibilidades de uso do Girico para eventos e para o trabalho.

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Atração visual
Apesar do visual rústico, como o acelerador, feito de madeira, o Girico ganhou sistema de freios e um motor novos. Entre os componentes instalados, também houve espaço para improvisos como o acrílico, usado para isolar as janelas, um rádio e ventilador fixado no painel, porta luvas e um relógio.

O carro também tem sido requisitado para participar de eventos no município. Entre os últimos estiveram desfiles comemorativos. Nelas, o Girico ganha uma ornamentação especial e uma atenção extra com os detalhes.

Durante o período natalino são instaladas luzes pisca-pisca. Nas primeiras participações, utilizavam um gerador na caçamba para manter as luzes operando. Hoje, opta por utilizar produtos a pilhas. “Ainda hoje ele é uma atração por onde passa.”

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