A primeira capela do Lageado foi construída em 1935, em madeira. Nesta época, a paróquia de Botuverá estava em curato, ou seja, a cargo da paróquia de Brusque.

O primeiro registro da igreja nos livros paroquiais foi em 20 de janeiro de 1936, quando o cônego Jayme de Barros Câmara ministrou a Primeira Comunhão de 80 crianças. Desde então, a comunidade passou por mais um templo, antes da construção do atual.

O casal de capelães Alcides Molinari, de 80 anos, e Rosvita Venzon Molinari, 76, mantém viva na memória a história da capela. Eles contam que, antigamente, a primeira igreja era localizada em cima de um morro ao lado da estrutura atual.

“Eu fiz a catequese lá. Quando fiz a comunhão, ela ainda estava no morro. Depois colocaram ela lá embaixo”, conta Alcides.

LAGEADO - IGREJA ANTIGA
Primeira capela do Lageado era localizada em cima de um morro, que fica atrás do salão da comunidade | Foto: Luiz Antonello/O Município

O casal não recorda a data da demolição da primeira igreja, mas lembram que foi após a visita dos Missionários, na década de 1950, e na época do padre Carlos Enderlin, vigário de 1951 a 1961. “Nessa igreja, tinha uma escadaria alta e uma estrada que fazia a volta no morro. Desmancharam a de cima e fizeram lá embaixo”, continua Rosvita.

A segunda capela, também feita em madeira, permaneceu poucos anos no local. O casal aponta que a comunidade precisava de um novo templo, maior e feito de alvenaria. “A construção da igreja foi boa, tinha que ter mais coisas”, enfatiza Alcides.

LAGEADO- GRUTA
Capela conta com uma gruta, na parte lateral | Foto: Luiz Antonello/O Município

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Segundo Pedro Bonomini, em 1957 foi comprado terreno para a construção da nova capela. Em 10 de julho de 1964, na época do vigário Francisco Robl, foi iniciada a construção da igreja de alvenaria em volta da antiga capela, que era menor.

O pai de Rosvita, Santo Venzon, trabalhou na construção da nova capela com um pedreiro de Nova Trento. “Quando fizemos aquela igreja ali, a paróquia recebeu muito dinheiro da Alemanha”, conta ela.

LAGEADO ALTAR
Luiz Antonello/O Município

Durante as obras, a anterior permaneceu ativa dentro da nova estrutura em construção. A última missa celebrada na igreja de madeira foi em 7 de março de 1965, segundo Alcides. Ainda naquele mês ela foi demolida. “Depois disso, não demorou muito tempo para colocar o telhado na nova capela”, conta.

Em 25 de dezembro foi registrada a primeira missa na nova estrutura. Contudo, a completa finalização levou um tempo para acontecer. “O meu pai sempre estava trabalhando. Quando morreu o padre Afonso Kürpick [1970], ela ainda não estava totalmente pronta, mas já fazíamos missa lá”, conta Rosvita.

Movimento na capela

Pedro aponta que as primeiras comunhões e crismas eram feitas com muitas crianças. “Esperavam vários anos e faziam todas as crianças juntas”, conta. “Faziam a crisma das que tinham nascido recentemente até as crianças que já tinham”, continua Rosvita. “Na minha Primeira Comunhão, éramos em torno de 45 crianças”, complementa Alcides.

O casal recorda que, no começo, as missas ocorriam a cada três meses. Após a construção da igreja de alvenaria, passou a ser uma vez por mês.

LAGEADO - SACRISTIA
Luiz Antonello/O Município

Naquele tempo, a comunidade ia a pé para as missas, confissões ou outras celebrações especiais. Os padroeiros da capela são o São Paulo Apóstolo, com festa realizada em fevereiro, e a Nossa Senhora do Carmo, com festa em julho.

Entretanto, Rosvita observa que antigamente mais pessoas participavam das celebrações. “Agora que têm carro, parece que não vão mais. Antigamente, quando nós compramos um trator, colocamos uma caçambinha atrás e ali enchia de pessoas. Todos vinham na missa e na celebração”, relembra.

Presença e devoção

LAGEADO - CASAL
Luiz Antonello/O Município

O casal recorda que Manoel Molinari foi o capelão nos primeiros anos. Já Alcides e Rosvita atuam há mais de 50 anos como capelães, desde a época do padre Bernardo de Claraval Emendörfer, vigário de 1978 a 1983. Inclusive, eles são pais do padre botuveraense Afonso Molinari.

O apreço está nos detalhes. “Quando eu entrei na capela, não tinha uma boa toalha no altar, tinham duas ou três feias. Um dia foi um padre lá e falou ‘não bota mais essas toalhas no altar que arranco fora’. Tirei, comprei tecido, fiz as toalhas, o corporal, um sanguíneo”, recorda Rosvita.

Com décadas de serviço à igreja, o casal avalia os anos com carinho. “A capela, desde que eu era coroinha até ser ministro, sempre que precisava de algo, a gente fazia. As celebrações também”, diz Alcides. “Eu faço o serviço com bom coração. A gente faz por amor”, finaliza Rosvita.

lageado padroeiro
Luiz Antonello/O Município

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