Motoboy entrega lanche no Batalhão de Polícia Militar de Brusque e é multado por policial

Profissionais têm relatado dificuldade em conseguir os equipamentos exigidos pela lei

Motoboy entrega lanche no Batalhão de Polícia Militar de Brusque e é multado por policial

Profissionais têm relatado dificuldade em conseguir os equipamentos exigidos pela lei

Um motoboy de Brusque foi multado após entregar um lanche no 18º Batalhão de Polícia Militar na tarde desta segunda-feira, 21. O homem, que prefere não se identificar, procurou a reportagem do jornal O Município para relatar o caso.

Ele trabalha com entregas para o aplicativo iFood. Por volta das 15h30, quando chegou ao batalhão para entregar o pedido, foi abordado por um policial que lhe aplicou uma multa.

No registro da PM consta que o entregador estava sem o dispositivo de proteção para pernas e motor (mata cachorro), sem dispositivo de fixação permanente ou removível (baú), transportando a carga em mochila térmica, mas sem dispositivo aparador de linha (corta-pipas), e que não tinha curso especializado. A situação causou revolta entre os colegas de profissão.

O que diz o motoboy

De acordo com o homem, por volta das 15h saiu um pedido via iFood para entrega no batalhão. Ele chegou ao local às 15h30, quando foi abordado por um sargento da PM, solicitando CNH e documento da motocicleta. O sargento disse ao motoboy para realizar a entrega e vir na sala receber a multa.

“Eu, como profissional, mesmo angustiado fiz a entrega para um dos estagiários do batalhão, após isso fui à sala, tentei explicar meu lado. Mas não estava conforme pede a lei para exercício da profissão motoboy”, comenta o homem.

Ele ressalta que a moto está com os documentos em dia, tem mais de dez anos de Carteira de Habilitação com categoria A/E, pois atuou por anos como condutor de veículo de emergência. A multa se baseia nos equipamentos que estão sendo exigidos para a profissão. O homem informa que nunca recebeu multa, perdeu pontos ou sofreu acidentes.

Segundo o homem, em Brusque não há regulamentação da categoria por parte do município. Também não há curso de moto frete e placa de aluguel para os motoboys. “Nós que já trabalhamos sabemos que a caixa fixa, sem ser a mochila, irá prejudicar a qualidade do pedido até chegar na casa do cliente. A mochila não absorve o impacto da moto, mas a caixa sim, e a cidade não conta com as vias totalmente pavimentadas”, explica.

Ele informou que nesta terça-feira, 22, irá colocar um mata cachorro e uma antena na motocicleta para tentar reaver o documento do veículo. Sobre a multa, ele ainda não sabe o valor e tentará pagar, pois acredita que recorrer será burocrático.

“Nesse período de pandemia fomos essenciais para a população. Agora que está tudo voltando ao normal, estamos passando por isso. Tenho colegas que desistiram de trabalhar, pois os equipamentos são caros.”, finaliza.

Divulgação

O que diz a Polícia Militar

De acordo com o comandante da Polícia Militar de Brusque, Otávio Manoel Ferreira Filho, as multas estão sendo aplicadas nos motoboys devido ao aumento dos profissionais do ramo na cidade e número de óbitos que ocorrem com motociclistas na cidade.

“Na pandemia aumentou muito o número de profissionais da área, e muitas pessoas que querem ganhar um dinheiro a mais, acabam se expondo a violência no trânsito sem os equipamentos adequados”, destaca o comandante.

Ferreira Filho também destaca que na cidade houveram 13 óbitos no trânsito, e dez deles foram mortes de motociclistas. Em comparação, ele informa que a frota de motocicletas compreende somente 23% dos veículos da cidade, e os óbitos nestes casos são a maioria.

Além disso, ele informa que diversos moradores reclamam sobre a perturbação do sossego por conta do escapamento alterado, e a polícia está cobrando isso também.

Sobre os itens para atuar como motoboy, o comandante informa que é obrigatório ter o corta linha de pipa, para que caso haja uma linha com cerol, o motociclista não seja degolado. Também é necessário ter o mata-cachorro, para proteção das pernas.

A caixa fixa também é item obrigatório, e não a mochila nas costas, ressalta Ferreira Filho. “O motivo para isso, é a principal forma de defesa do motociclista. Em uma queda de moto ou acidentes, a principal proteção é o movimento de rolamento. A mochila também pode causar desequilíbrio em uma curva, pois uma caixa com peso ‘dança’ nas costas”.

Sobre o problema relatado pelos motoboys de entregar o pedido de forma adequada, o comandante destaca que o fornecedor do alimento deve proporcionar um material adequado para levar na caixa fixa.

O colete reflexivo deve ser utilizado independente do horário do dia, a CNH deve ser pernamente e o motociclista deve ter no mínimo 21 anos de idade.

Também há o curso de motofrentista, que é obrigatório, porém a PM não está autuando pois o curso não está disponível na cidade. Ferreira Filho informa que essa é uma medida provisória, e que já foi cobrado a vinda do curso para Brusque.

Sobre a relação com os motoboys do município, houve uma reunião em 2019, onde foi estabelecido um prazo para adequação que já terminou. Outros motoboys fizeram novo pedido neste ano, que também terminou.

Na tarde desta terça-feira, 22, o comandante informou que haverá uma nova reunião sobre itens que os profissionais não conseguem localizar para adequação.


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