“Não fui convidado para a coletiva e se fosse também não estaria”, diz Farinha

Vice-prefeito concedeu entrevista para falar sobre a cassação de seu mandato

“Não fui convidado para a coletiva e se fosse também não estaria”, diz Farinha

Vice-prefeito concedeu entrevista para falar sobre a cassação de seu mandato

O vice-prefeito Evandro de Farias (PP), o Farinha, acredita que será “muito difícil” que o recurso a ser apresentado pela defesa dele e do prefeito Paulo Eccel obtenha sucesso no Supremo Tribunal Federal (STF). Farinha concedeu entrevista na qual falou não só do seu futuro, mas também das articulações que já acontecem nos bastidores da política brusquense.

Farinha estava em sala de aula na hora que recebeu através de um aplicativo de mensagens a notícia de que o mandato dele e de Eccel haviam sido cassados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). “É muito ruim, pesado, mas a gente tem que se adaptar à nova realidade”, afirma.

Praticamente conformado que, provavelmente, deixará a cadeira de vice-prefeito, Farinha justificou sua ausência na coletiva de imprensa concedida por Eccel um dia após o julgamento. Ele confirma que o PP já conversa com outras siglas visando manter-se na Prefeitura de Brusque neste mandato tampão.
Ausência na coletiva de imprensa pós-cassação

Eu não estava do lado prefeito na coletiva por que a gente teve alguns pontos em que não concordamos mais, e em dezembro eu fiz a opção de não participar mais do governo por causa de algumas atitudes que o prefeito tomou. Principalmente pela demissão da Fabiana [Dalcastagné, ex-secretária da Fazenda], que era uma secretária indicada pelo PP. Ele não nos deu a oportunidade de indicar outro nome. Ele ofereceu o cargo ao Jean Pirola, que prontamente recusou, e então não deu chance de indicar outro nome. E no dia 23 de dezembro nós fomos surpreendidos pela demissão da Fabiana. Não concordo com a demissão dela, porque era uma indicação do partido que ajudou a eleger ele. Sem a nossa união de forças, ninguém se elegeria. Não havia mais aquela troca de ideias, a valorização que o PP tinha no início. Não concordo com a demissão e com a forma que ela aconteceu. Nenhum ser humano, independente do cargo que ele ocupe, merece ser demitido no dia 23 de dezembro, na véspera do Natal.

Quando houve a ruptura, a reunião do PP foi na quinta-feira, na sexta-feira, o vereador Jean Pirola e eu procuramos o prefeito para conversar e ele não nos recebeu. Ele não nos deu possibilidade de diálogo, por isso também me afastei.

Ela foi uma pessoa que ajudou muito o nosso governo. E outros fatores que já vinham se acumulando. Nós temos uma executiva composta por 14 membros, sendo que oito optaram pela não permanência no governo, seis optaram pela permanência no governo. Eu, um dos oito, optei por não permanecer no governo. Não fui convidado para a coletiva e se fosse também não estaria, porque era uma coletiva do prefeito Paulo Eccel. Não sou inimigo do prefeito Paulo Eccel, não misturo assuntos, não temos mais união política. Não comungamos mais dos mesmos ideais desde o dia 17 de dezembro de 2014. Então este é o motivo de eu não estar presente. E também, mesmo se eu estivesse, eu não concordo de nenhuma maneira com as última atitudes do prefeito. Porque quando alguém ocupa um cargo como ele e chama a população de coxinha, com isso eu não concordo nunca. Chamar as pessoas que participaram do evento de coxinhas não cabe ao prefeito, porque o cidadão que vai para a rua por um ideal e tem que ser respeitado. Em um momento de nervosismo, temos que cuidar com o que falamos. Por isso eu não estava presente na coletiva e não estaria de jeito nenhum, porque eu acho que o cidadão que estava na manifestação não merecia receber este tipo de elogio.
Esperanças de defesa
No início eu participei um pouco da defesa, depois quem teve mais contato com isso foram o Cedenir [Simon, chefe de gabinete], o prefeito Paulo Eccel e o jurídico que fazem toda esta parte. Eu sou de uma opinião muito tranquila: o futuro a Deus pertence. Nada que acontece na nossa vida é em vão. Temos que estar preparados para aceitar ou brigar. O que me preocupa mais é com relação aos sete votos, por ter sido unânime. Eu torço muito para que o recurso dê certo, mas acho muito difícil. O que mais me deixa triste é que o prefeito perde, o vice perde, mas quem perde mais é a cidade. Eu lembro quando o Paulo e eu assumimos o governo, a gente leva um ano para se colocar à par. O prefeito entrar agora para ficar um ano e meio é complicado. O grande prejudicado é a cidade.

Eleições complementares
Com certeza o PP deve lançar candidato. Ainda não sabemos se vai ser a prefeito ou a vice. Nós temos excelentes nomes no nosso partido, como o do empresário Ingo Fischer, que, para mim, é o principal nome. Ele é um dos melhores à disposição da sociedade. Ele uniria todas as forças. Nós temos o advogado Juarez Piva, que está à disposição, o Nori Fischer, a secretária de Educação, Gleusa Fischer, o vereador Jean Pirola e outros que podemos colocar à disposição da sociedade ou da Câmara de Vereadores, se a eleição for indireta. Mas eu acho que o grande nome que o PP tem é o do empresário Ingo Fischer, acho que seria uma pessoa diferente para vir e dar uma mexida neste panorama, para nós elegermos o próximo prefeito.

Não acredito que o fato estarmos na coligação do Paulo por este tempo nos prejudique. O PP tem todas as condições para ser o artista principal deste capítulo da história política de Brusque. Temos condições de ter candidato a prefeito e a vice. Tenho total tranquilidade para dizer que o PP tem condições de concorrer em um voo solo ou em companhia de outros partidos.

Vou dizer que não sou inimigo do Paulo ou do PT. Tivemos uma divergência política, que acontece e nunca devemos levar para o lado pessoal. De minha parte, se o PP no futuro estiver conversando com o PT não tenho objeção nenhuma. É o tempo que vai dizer com qual partido que devemos estar. A política é muito imprevisível, nunca podemos dizer o que vai acontecer. Conversaremos com todos os partidos, não só com o PT. Posso adiantar que já existem conversas.

Não existe nenhuma preferência, estamos conversando com várias pessoas. E quem sabe essa liminar seja acatada, não vamos colocar a carroça na frente do cavalo. Como todo mundo está conversando, nós também estamos. Hoje o pensamento principal é que dê certo e as coisas continuem como estão, porque independente das diferenças que eu tenho, não posso ser injusto e dizer que a administração que nós fizemos não mudou a cara da cidade.

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