Desenvolvo
ainda um pouco mais o tema anterior, com a frase do título, que aprendi com um
missionário do PIME, que foi meu diretor espiritual na década de 1980. A ideia
é que nós não podemos desenvolver comportamentos elevados ou refinados no
futuro, se não os preparamos hoje. Ou, como diz minha esposa, “quem vai ao mar
precisa se preparar em terra”. O atleta de amanhã está sendo preparado com
muito treino físico e cuidado com a saúde hoje. Se o aprendiz de músico não estuda
as partituras e acerta o compasso hoje, não poderá acompanhar a orquestra amanhã.

Ora, por
que seria diferente com o casamento e a vida familiar? Se os jovens vivem
completamente desregrados hoje, para “aproveitarem a vida”, como poderão ser
maridos e esposas fiéis e dedicados no futuro? Se hoje ninguém se sacrifica por
nada e só quer o que lhe apetece no momento, como se enfrentarão as inúmeras
dificuldades e sacrifícios da vida matrimonial? Não é de espantar que os
casamentos tenham vida tão curta. A “solteirice”, entendida como passe livre
para aprontar o que se deseja, se tornou um estilo de vida. Muitos acabam se
casando por tradição, por gravidez indesejada ou por qualquer outro motivo, mas
pretendem continuar levando a vida de solteiros. O casamento como prisão ou
“forca”, como dizem as piadas, tornou-se uma triste realidade para muitos. Mas
como se improvisarão pessoas que amam de verdade se o seu “treino” foi só
curtição? Como respeitarão e exigirão respeito se nunca se deram ao respeito
antes? A caretice dos tempos de outrora trazia uma pedagogia importante, que
infelizmente perdemos. O que no passado era proibido foi se tornando tolerável,
depois ficou normal e hoje já é praticamente obrigatório. E essa mudança foi
acontecendo no sofá das nossas salas, onde a novela, as músicas e as danças de
sucesso catequizaram nossas almas para a “modernidade”. Invertemos
completamente os valores e estamos pagando um preço alto por isso.

Um
casamento precisa de amizade para se sustentar. A amizade é um amor que
independe de sexo e erotismo, e existe entre pessoas que compartilham ideais
comuns e se ajudam mutuamente nas dificuldades da vida. Mas o namoro
pansexualizado de hoje tem espaço para o desenvolvimento desse afeto?

Se ninguém
se improvisa, temos que desenvolver hoje as atitudes que nos tornarão aptos
para os ideais que almejamos. Mas, para tanto, é preciso começar colocando o
amor conjugal e a família como um ideal a ser alcançado. Temos muito o que
aprender e muita “tarefa” para colocar em dia.