Faz pouco tempo, contei a história de como comprei novamente, depois de mais de década de um empréstimo não devolvido, um livro delicioso, A Difícil Arte de Amar, rebatizado como O Amor é Fogo. Contei como o livro me introduziu ao universo de Nora Ephron muito antes de percebê-la como roteirista e diretora de algumas das comédias românticas mais vistas de todos os tempos. Ou quase isso. 


A gente se apega a quem, por acaso, achamos que conhecemos antes de alcançar o máximo da fama, não é? Eu tinha este vínculo com ela, ainda mais por encontrar, sempre, algum trecho do meu livrinho preferido em todos os filmes dela. Até no último, Julie e Julia, achei uma autocitação. Era minha brincadeira particular e inofensiva com a autora que nunca saberia da minha existência, 

Agora, não mais. A noite de ontem me trouxe a notícia de que ela morreu. Não sabia da leucemia, não sabia nem que ela tinha 71 anos. Pensando bem, nem imaginava que em todos os comentários hoje sobre a morte de Nora Ephron desembocariam na mesma cena: o orgasmo fingido de Meg Ryan em Harry & Sally, de 1989. Por alguns comentários, é de se imaginar que ninguém sabia da existência da prática até ela ser demonstrada no filme. 

Ok. Para mim, ela é a escritora que misturou histórias com receitas. Cada um com suas memórias. Mas se até o site someecards fez uma homenagem a ela e à cena clássica, não há dúvidas de que ela será lembrada por ter revelado ao mundo o gozo fake feminino.


Como sempre, podia ser pior.