O churrasco tem um sabor único em Brusque. À primeira vista, o tempero pode soar estranho para quem está acostumado com o tradicional preparo gaúcho, temperado apenas com sal grosso. Mas depois que experimenta, o sabor do limão e da cebola tornam a carne ainda mais especial.

Esta forma de temperar o churrasco é bastante antiga e um símbolo das festas de igreja da cidade. Ao longo do ano, churrasqueiros de todos os bairros cumprem o ritual de temperar a carne de véspera com bastante limão, sal, cebola e água para fazer o típico churrasco brusquense.

Tempero especial utilizado por Eduardo Serpa leva água, sal, limão e cebola | Foto: Bárbara Sales

Há oito anos, Eduardo Serpa, 33 anos, é um desses churrasqueiros. Ele é o responsável pelo tempero e pela churrasqueira da festa da comunidade Santa Paulina, na Travessa Lagoa Dourada.

Ele aprendeu a arte do churrasco brusquense com o pessoal mais antigo da comunidade e, com o tempo, foi pegando os macetes da tradição. “Primeiro eu só ajudava, aí fui observando como faziam e hoje sou responsável pelo tempero”, diz.

Na carne da festa, ele utiliza o limão caseiro para fazer o tempero e, mais de 24 horas depois, a carne é assada e a cebola da marinada servida crua ao lado como acompanhamento. “O pessoal gosta demais do churrasco e todas as comunidades fazem dessa forma. Tem gente que vai nas festas só para poder comer o tradicional churrasco”.

A fórmula do tempero de véspera com limão e cebola deu tão certo que churrascarias da cidade, como a Rio Branco e a Pruner, servem o churrasco de igreja diariamente.

Turistas apreciam o sabor do churrasco brusquense temperado de véspera | Foto: Churrascaria Pruner/Divulgação

A Churrascaria Pruner, por exemplo, iniciou vendendo o churrasco temperado há 30 anos, nas primeiras edições da Festa Nacional do Marreco (Fenarreco) como uma opção ao prato principal do evento.

O tempero era exatamente o mesmo do churrasco das festas de igreja da cidade, que naquela época, já era famoso. “Desde aquela época meu pai e minha mãe viram que deu certo e começaram a servir esse prato na churrascaria”, destaca Rafael Pruner.

A carne utilizada tanto pela churrascaria quanto pelas igrejas é conhecida na região como filé duplo, que é um corte bovino com osso em forma de ‘T’, separando três cortes do boi. “De um lado o filé mignon, do outro o contra filé e ainda o famoso rabo, extraído da parte da costela do boi”, explica Pruner.

Cebola usada no tempero é servida como acompanhamento | Foto: Churrascaria Pruner/Divulgação

A possibilidade de ter o churrasco de igreja todos os dias tornou a churrascaria uma referência na cidade. O estabelecimento atende em torno de três mil pessoas por mês. O carro-chefe, sem dúvida, é o churrasco temperado. “Faz muito sucesso. O gaúcho que é contra temperar carne também acha muito saborosa. É quase uma unanimidade”, destaca.

Pruner afirma que muita gente de fora vem para Brusque só para comer o churrasco. “É muito comum o churrasco ser o cardápio de muita gente que procura a churrascaria para fazer reuniões de negócio, apresentar clientes ou mesmo turistas de toda parte do Brasil, curiosos a conhecer esse sabor temperado. O Celso Portiolli, nas três vezes que esteve em Brusque, veio aqui comer o churrasco temperado”.

Na churrascaria, o filé duplo e a alcatra são temperados de um dia para o outro com sal, suco de limão, cebola e água. Assim como nas festas, a própria cebola é usada como acompanhamento com pão. “Já é um prato típico da região. Não se encontra em outro lugar, é uma coisa daqui mesmo”.

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