Exaustas de acordar cedo e dormir tarde com aquele banho corrido, aquele tempo contado pra si própria. Exaustas do não estudo, do não descanso, do não respeito.  Exaustas da falta de tato dos serviços públicos com mães, freiras, presas, negras, pobres, solteiras, trans, comigo! Exaustão no dicionário significa “esgotamento, cansaço extremo”. Já sentiu? Consegue imaginar o que um mulher real sente? Ou na verdade, consegue apenas viver a sua realidade e eu a minha? Consegue olhar e ver além de alguém que é segregada pelo título de mulher? Sei a bruxaria e a beleza de ser uma mulher e ao mesmo tempo, sei o peso verdadeiro dos sentimentos entranhados no viver cotidiano, sempre, quando, onde, o tempo todo. Porque não posso oferecer para minha filha um mundo mais igualitário? Porque a igualdade de gêneros que ela aprende em casa, não possibilita que sua mãe tenha a mesma liberdade que seu pai? Seus passos são feitos de pernas, pés e sentimentos tais quais os meus. Não importa qual o gênero de quem está lendo, você está me julgando nesse exato momento. Brinque de voltar no tempo e pratique apagar esse julgamento sobre meu texto, isso explica porque eu penso que o parabéns é pela reexistência diária, porque me transtorna ver tanta violência para conosco, porque tanto faz se alguém paga minha conta do restaurante, é o respeito máximo que faz levar ao restaurante não o valor do prato.


Por Graci Gavioli