Acabo de me tele transportar para 1962, ou quem sabe algum ano na década de 50, quem sabe até de 20! Onde ainda nasciam princesas da Disney, mulheres não dirigiam carros ou votavam, e sua tarefa era satisfazer marido, filhos e família. Ah, e a sociedade ao seu redor, que deveria ver nela um ícone: uma referência de integridade e boas maneiras.

Quando se é mulher, a maior referência neste sentido seriam, nesta lógica, as princesas, mas sei que muitas de nós encontram outras coisas nas quais se espelhar. Quem sabe até nós mesmas!

Imagino se vocês também estão familiarizadas com frases do tipo “etiqueta nunca sai de moda”, substituta de outra bem mais razoável: “respeito nunca sai de moda”, pois eu já ouvi em várias ocasiões e, inclusive, pensei isto em várias ocasiões, mas agora me vejo obrigada a refletir: que etiqueta é esta que guia nossas vidas há mais anos do que podemos contar? Que regras seguimos para alcançar a “vida social ideal” e sermos… felizes?

Acredito que normas e convivência são importantíssimas para não invadirmos o espaço de outra pessoa, não agredirmos ninguém com comentários “inadequados” e, até mesmo, para nos sentirmos mais confortáveis em determinadas situações. A etiqueta dita vestimentas apropriadas em determinadas festas, por exemplo, o que me impede do constrangimento de vestir uma calça jeans em uma festa de gala, porém acredito que ninguém deveria sentir-se inferior por não saber qual garfo usar para comer salada.

Onde quero chegar com tudo isso é dizer que os valores e regras “de antigamente” tiveram muita importância em determinado momento, e resgatá-los é válido desde que seja possível fazer as devidas atualizações para que fiquem de acordo com o que vivemos hoje.

Não vivemos mais em uma monarquia e muito menos em um conto de fadas, mesmo assim nos deparamos com a existência de uma tal “Escola de Princesas”, que já tem três unidades em território mineiro. Sim, fica no Brasil. A primeira impressão é de que se trata de um lugar encantador, digno dos sonhos de qualquer garotinha entre 4 e 15 anos (faixa etária aceita na Escola), e se não bastasse conquistar o público alvo, as famílias ficam reconfortadas em saber que suas filhas vão aprender, entre outras coisas, a costurar, cozinhar, se maquiar, se portar em sociedade e, até mesmo, no quão importante é pensar no próprio futuro – o que, de acordo com os ideais desta escola, trata-se de “encontrar um bom casamento”. Palavras do site da escola.

Talvez eu seja moderna demais, mas serei a única a achar que isto parece um pouco antiquado?

Vivemos um momento importante de empoderamento feminino – que, diga-se de passagem, beneficia homens também – e na contramão temos esta escola, ensinando nossas meninas a encontrar um bom partido.

Encontrar uma “tampa para nossas panelas” é ótimo, mas não deveria ser foco na vida de ninguém! Encontrar a si mesma seria tão mais interessante. Dizer não a cultura do estupro e lutar contra estereótipos que aprisionam nós e nossas meninas neste “ideal cor de rosa” é libertador e, na opinião desta que vos fala, muito mais importante do que aprender normas de etiqueta da Era Vitoriana.

 

Caso tenham ficado curiosos… O site é este.

 

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Eduarda Paz – psicóloga