“O Brasil hoje é uma grande conspiração”, diz Pedro Simon durante conferência em Brusque

Ex-senador falou sobre o cenário político do país durante evento que celebra o bicentenário da Independência do Brasil

“O Brasil hoje é uma grande conspiração”, diz Pedro Simon durante conferência em Brusque

Ex-senador falou sobre o cenário político do país durante evento que celebra o bicentenário da Independência do Brasil

A palestra do ex-senador e ex-governador do Rio Grande do Sul, Pedro Simon, lotou o plenário da Câmara de Vereadores de Brusque na noite desta segunda-feira, 11. A palestra ‘130 anos de República, um depoimento para a História’, integrou a programação do Ciclo Brusquense de Conferências Magnas Temáticas, evento que comemora o bicentenário da Independência e da fundação do Império do Brasil.

A conferência reuniu autoridades de toda a região para prestigiar o político que possui um currículo extenso e uma trajetória política conhecida nacionalmente.

Pedro Simon iniciou sua conferência relembrando alguns momentos políticos que marcaram a história do país, como a ditadura militar e a luta pela volta da democracia. Simon foi coordenador nacional do movimento Diretas Já, em 1984, e após Tancredo Neves e José Sarney serem eleitos presidente e vice-presidente com a formação da Aliança Democrática, foi escolhido como ministro da Agricultura e confirmado no cargo por Sarney, após a morte de Tancredo.

Simon lembrou da aflição da equipe de governo quando o presidente eleito precisou ser internado após seu estado de saúde se agravar. “Ele tinha feito as coisas todas certas. Tancredo estava preparado para ser presidente, mas a 15 horas de assumir é levado ao hospital. Foi um drama. Brasília estava em festa, autoridades do mundo inteiro estavam ali para festejar e nós não sabíamos como proceder”.

Simon também relembrou feitos dos governos seguintes, de Fernando Collor de Mello, Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso, entretanto, boa parte da conferência foi dedicada ao momento político atual do Brasil, principalmente aos últimos acontecimentos, como a saída do ex-presidente Lula da prisão.

O ex-senador é contrário a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que derrubou a validade da prisão em segunda instância e, que originou a soltura de Lula na última sexta-feira. “O Brasil está em uma situação dolorosa. O ladrão de galinha, a gente pobre que não tem nem advogado para ver o que está acontecendo, esse fica não precisa de decisão nenhuma pra ficar na cadeia. As cadeias estão cheias de gente que não foi condenada ainda, mas em casos de gente que tem dinheiro e principalmente político, é diferente”, diz.

Simon afirma que dos países que fazem parte da Organização das Nações Unidas (ONU), apenas quatro só permitem ir para a prisão após o julgamento em última instância. “De repente, sem mais nem menos, quando a bandalheira estava sendo demonstrada, soltam o Lula, soltam o chefe da Casa Civil, solta todos e começa tudo de novo”.

O político criticou os ministros do STF. “Isso é uma piada. Os ministros que autorizaram a prisão em segunda instância dois anos atrás são os mesmos que votaram contra agora. O que mudou é que o Lula foi pra cadeia. O Brasil hoje é uma grande conspiração”.

O ex-governador gaúcho diz que aos 89 anos está disposto a correr o Brasil para exigir que o Congresso Nacional coloque em votação a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que autoriza a prisão em segunda instância. “A decisão está com o Congresso. Eles têm a chance de mudar essa realidade. Se o Congresso votar a emenda, vai ganhar credibilidade e dar uma nova esperança ao povo”.

Simon também afirma que os jovens de hoje têm condições de exigirem mudanças. “Hoje temos o celular, essa ferramenta muito preciosa. O jovem pode começar aos poucos, chamando um, dois, três, daqui a pouco tem 10, 100, eu iniciei minha caminhada pelas Diretas Já, com ditadura, censura. Estamos numa democracia, os jovens podem fazer uma avalanche, exigir mudanças. Podemos mudar, sim”.

Simon em Brusque

Pedro Simon chegou em Brusque no domingo, 10, e desde então, tem cumprido uma agenda extensa na cidade. Começou visitando o Museu da Imigração Italiana e o Parque das Grutas e das Cavernas de Botuverá; participou da missa no Santuário de Azambuja e de uma visita guiada ao Museu Arquidiocesano Dom Joaquim. À noite, foi convidado especial da recepção na casa do médico Germano Hoffmann.

Nesta segunda-feira, visitou o Museu Casa de Aldo Krieger, a Casa de Brusque, o Lar Sagrada Família e foi recepcionado no Colégio Cônsul Carlos Renaux. Também fez uma visita a Igreja Luterana de Brusque.

“Três dias aqui fizeram muito bem pra minha alma, tive muitas demonstrações de carinho, de afeto. Se pelo Brasil afora nós tivéssemos alguma cidade que copiasse vocês, que tivesse o exemplo de Brusque, de amor pela pátria, pela tradição, pela história seríamos muito melhores”, disse.

O evento

A realização do Ciclo Brusquense de Conferências Magnas Temáticas é o resultado da articulação com instituições que resgatam, preservam e perenizam a história, como a Casa de Brusque e o Instituto Aldo Krieger, organizações representativas como a Associação Empresarial de Brusque (Acibr) e a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), as igrejas católicas e evangélica luterana e o Conselho de Pastores de Brusque, além do apoio de outras organizações e pessoas físicas.

Idealizador do evento, o historiador Paulo Vendelino Kons afirma que “dar a devida importância a datas comemorativas, como a efeméride do bicentenário da Independência do Brasil, gera grande potencial de mobilização de forças criativas vitais à reafirmação da nacionalidade e ao desenvolvimento de novos projetos”.

Já estiveram em Brusque para participar do Ciclo Brusquense de Conferências Magnas Temáticas, Dom Bertrand de Orleans e Bragança, bisneto da Princesa Isabel, em 2016, e o ex-senador Cristovam Buarque, em 2017.

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