O passado e o futuro da agrofloresta

Histórias de bastidores da vivenda possuem desafios, sonhos e retorno às origens

O passado e o futuro da agrofloresta

Histórias de bastidores da vivenda possuem desafios, sonhos e retorno às origens

Aos 40 anos, o brusquense Jefferson faz o que mais gosta e mora no mesmo local onde sua esposa, Deise, cresceu. Para ela, não foi exatamente fácil o retorno. Mas, trabalhando há 12 anos no Shopping Gracher, no Centro, ela anunciou sua saída aos patrões para poder viver de maneira mais simples e feliz auxiliando Jefferson na Vivenda Árvore da Vida.

Deise não não gostava da vida rural. A visão da vida que lhe era passada desde a infância foi sempre de muito sofrimento, e sua família e as pessoas à sua volta passavam a imagem de uma vida sofrida, de trabalho desde a infância, sem prazeres.

“Isto era valorizado, em vez da conquista e em vez de valorizar a simplicidade. Que criança gostaria de ser criada assim? Fui criada com isso. De quatro irmãos, fui a única que voltou pra cá, para a casa onde eu nasci. É um resgate pra mim, mexe com muitos sentimentos, porque eu tinha uma aversão. Não me ensinavam como ensino para minhas filhas hoje sobre como é legal viver assim. Foi feito da forma errada comigo, mas é legal estar aqui”, explica.

A infância de Deise foi no meio rural, mas a vontade dos pais era de que ela saísse para a cidade e ganhasse a vida lá. Deu certo, mas a visão não foi a mesma de Deise, após 12 anos trabalhando no mesmo lugar. “Eu fui para a cidade, e consegui. Estou no mesmo lugar há 12 anos, e se quisesse trabalhar lá até me aposentar, eu conseguiria. Mas eu posso fazer diferente”. A renda obtida com os trabalhos no shopping deram à família a estabilidade necessária para iniciar a agrofloresta. A princípio, a ideia de voltar às origens não foi bem recebida pelos pais de Deise.

Fatores externos
Apesar do sucesso inicial da agrofloresta, Jefferson lamenta a falta de união entre os agricultores da região e a dificuldade em difundir as ideias da agricultura sintrópica. “Perdeu-se o valor pela agricultura. Brusque não tem secretaria de agricultura. E tem agricultores.”

Ele entende a dificuldade que as gerações mais antigas têm em repensar a agricultura, mas se entristece ao sentir um desinteresse dos mais jovens. “Vem gente do Centro, do outro lado da cidade pra conhecer, às vezes colocar a mão na massa. E daqui não vem ninguém. É uma questão de ideais, algo cultural”.

Expectativa
Sem nenhum tipo de imposição, as filhas de Jefferson e Deise, Alice e Beatriz, de 7 e 5 anos, participam das atividades e se sentem à vontade com o estilo de vida dos pais. “Gostaríamos que elas dessem continuidade ao trabalho”, explica Jefferson. Também é na agrofloresta que o agricultor busca a sua aposentadoria, investindo em madeira. “Queremos plantar madeira nobre, como mogno africano. Pretendo me aposentar assim. Um mogno africano adulto vale em torno de 55, 40 mil reais. Não preciso de muito. Bastam meia dúzia de árvores”, brinca.

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