Você sabia que um terço da população mundial é de introvertidos? Isso quer dizer que 3,33 pessoas, em um total de 10, preferem ambientes mais quietos, estar com grupos de amigos mais íntimos, ler, assistir à TV, fazer atividades sozinhas em vez de realizar em grupo, não gostam de falar em público, principalmente, se for um grupo de pessoas estranhas, entre outros comportamentos, perfeitamente naturais.

Os dados são de uma pesquisa realizada por Susan Cain (2012) e apresentada em seu livro O Poder dos Quietos. Susan, com base em estudos e histórias reais, vai explorando esse universo dos quietos, e mostra como todos perdemos quando não damos ouvidos ou não reconhecemos os talentos desse grupo.

Mas, em um mundo tão barulhento, como ser valorizado sendo uma pessoa introvertida e tímida?

É importante saber que nem sempre houve essa supervalorização dos oradores extrovertidos e pessoas que conseguem ser carismáticas falando muito. Foi no século XX, em meados de 1920, que guias de autoajuda mudaram o foco da virtude interior para o encantamento exterior. A partir de então, o culto ao Caráter é invertido para o culto à Personalidade. E, assim, o mundo empresarial e da educação se orienta pela necessidade angustiante de saber o que e como falar.

Até o século XX, você encontraria a valorização de tais atributos: Cidadania, Dever, Trabalho, Boas Ações, Honra, Reputação, Moral, Modos, Integridade. Porém, com a nova onda da “Personalidade Carismática” as seguintes qualidades de uma pessoa bem-sucedida são: Magnética, Fascinante, Impressionante, Atraente, Radiante, Dominante, Vigorosa, Enérgica.

Ilustrações: designers Liz Fosslein e Mollie West, publicadas no site Hypeness

Se, de fato, precisássemos que todos fossem assim, extrovertidos e falantes, o mundo não teria: a teoria da gravidade; a teoria da relatividade; Peter Pan; o Google; a Apple; Facebook, Harry Potter, entre outras obras e descobertas maravilhosas feitas por pessoas introvertidas, de acordo com Chain.

E mesmo nas organizações, que se espera líderes falantes e extrovertidos, foi provado que pessoas introvertidas são excelentes na liderança. Sabem ouvir melhor, e quando se expressam, falam o necessário e com assertividade, pois a capacidade de observação é altíssima. Um líder deveria ser avaliado pelas suas ideias e competência interpessoal e não por seus decibéis.

Não se pretende aqui desvalorizar as qualidades dos extrovertidos. A grande questão é aceitar e respeitar as pessoas como elas são. Sem a frequente tentativa de mudar o outro. E as organizações e instituições de ensino precisam aprender a valorizar as pessoas pelas suas qualidades, promovendo ambientes que potencializem os talentos, com atividades ora em grupos, ora de forma individual.

As chances do sucesso são iguais para introvertidos e extrovertidos, se as características dos dois grupos forem bem utilizadas. Por isso, se você for introvertido conheça sua força. E se você for extrovertido, entenda melhor os introvertidos, aconselha Max Gehringer.


Clicia Helena Zimmermann
– professora