O que causa divergência em dados do nível do rio em Brusque

Defesa Civil diz que equipamento do Ceops está descalibrado; técnico diz que medições são corretas

O que causa divergência em dados do nível do rio em Brusque

Defesa Civil diz que equipamento do Ceops está descalibrado; técnico diz que medições são corretas

As inundações do Itajaí-Mirim em Brusque nos últimos dias chamaram a atenção da população para discrepâncias dos dados da medição do nível do rio na ponte estaiada Irineu Bornhausen.

Em diversas oportunidades, as medições feitas com base na régua e divulgadas pela Defesa Civil de Brusque não batiam com as informadas pelo Centro de Operação do Sistema de Alerta (Ceops) da Universidade Regional de Blumenau (Furb).

Em certos momentos, observou-se diferenças de cerca de 30 centímetros nos dados informados. Para a Defesa Civil de Brusque, isso ocorre por falta de calibragem do equipamento utilizado pelo Ceops, o qual nega que a estação esteja sem manutenção.

Edevilson Cugik, coordenador da Defesa Civil de Brusque, diz que ontem mesmo foi questionado sobre o tema, durante uma medição feita com base na régua, na ponte estaiada.

Pessoas que acompanham pelo aplicativo do Ceops informaram uma diferença entre o captado pelos sensores e a régua.

“Geralmente esta diferença é por falta de calibragem. Como esse sensor da ponte não é nosso, é do Ceops, essa calibragem só quem pode fazer e o Ceops”, afirma.

Cugik explica que a Defesa Civil usa a régua como referência porque não tem equipamento próprio na ponte estaiada. Sua referência principal é o equipamento instalado no bairro Guarani.

No entanto, como a maior parte das pessoas está acostumada a ter a medição do Centro como referência, o dado mais atualizado, neste caso, é o do Ceops.

Ceops nega falta de manutenção
Mário César Oliveira, técnico do Ceops, afirma que não há problemas no equipamento instalado na ponte estaiada. Disse que no domingo, 4, esteve em Brusque para conferir o equipamento, e que a falta de calibragem “não procede”.

Sobre as discrepâncias, ele afirma que isso pode ter ocorrido em virtude da hora e do local em que foi feita a medição. “Fizemos uma aferição e deixamos o equipamento correto no domingo. Se deu algum problema eu não sei”, afirma.

Ele informou que a estação estava com problemas de manutenção, tanto é que o pluviômetro estava entupido, mas diz que o problema foi resolvido.

“A gente arrumou, estava batendo o nível da régua com o sensor. O que aconteceu depois eu não sei”, afirma Oliveira. “A estação não dá informações incorretas, está funcionando 100%”, garante.

Exemplos de discrepâncias
Às 6h de ontem, a medição da Defesa Civil informou que o rio estava como 5,78 metros na ponte estaiada. A medição do Ceops, na mesma hora, indicava o rio com 5,58 metros.

Outra medição feita pela Defesa Civil mais tarde, às 10h, indicou o nível do rio em 6,56 metros. A medição feita à mesma hora pela estação do Ceops indicou 6,32 metros.

Medições em horários bem próximos também mostraram discrepâncias. Na feita pela Defesa Civil às 2h12, o rio estava com 5,82 metros. Na do Ceops, às 2h15, foram registrados 5,66 metros.

Tempo de atualização
Atualmente, os dados sobre o nível do rio são atualizados a cada dez minutos no site da Defesa Civil, sem a medição da ponte estaiada.

Cugik informou que há intenção de integrar os dados do Ceops ao sistema de telemetria da Defesa Civil.

O Ceops atualiza os dados somente de hora em hora e, como o sistema brusquense faz essa atualização a cada dez minutos, seria possível ter, no site da Defesa Civil, informações sobre o nível do rio no Centro.

“Aí não precisaria mais ninguém ir na régua, a estação da ponte estaiada transmitiria a cada dez minutos”, diz. “Hoje dá para acompanhar online todas as estações, só não dá a da ponte estaiada”.

Porém, ele informa que não houve êxito na negociação com o Ceops para um acordo de cooperação. Segundo Cugik, isso ocorreu porque o sistema não transmitiria os dados que o Ceops quer obter, portanto, o órgão descartou a integração.

“A gente tem intenção de tentar novamente o acordo, para não precisar colocar uma nova estação na ponte estaiada. Se as negociações não avançarem, o próximo investimento do sistema de telemetria é a estação da ponte estaiada, para ter esse dado no nosso site”.

Meios de divulgação do nível do rio
O Siah – Software de Informação para Análises Hidrológicas – desenvolvido pela Unifebe, compila dados obtidos por diversas fontes, entre elas o Ceops, a Defesa Civil de Brusque e a Agência Nacional de Águas (ANA).

Além do Ceops, a Ana também possui estação de telemetria em Brusque. Entretanto, segundo a Defesa Civil municipal, ela está desativada há bastante tempo. O sensor do equipamento, administrado pela Epagri, estragou e não foi substituído.

Para medição do volume de chuvas, a Defesa Civil usa dados de suas próprias estações de telemetria. Mas há também medições feitas pela Epagri, pelo Ceops e pelo Cemaden.

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