O que pode ser feito para evitar tombamentos de carretas no acesso Brusque-Guabiruba
Quatro carretas tombaram no acesso entre cidades em sete meses
Quatro carretas tombaram no acesso entre cidades em sete meses
Em um período de sete meses, foram registrados quatro tombamentos de carreta no acesso entre Brusque e Guabiruba. Agora, o poder público analisa alternativas para evitar acidentes futuros. Os entrevistados apontam diferentes soluções para o mesmo problema.
Três tombamentos registrados em 2025 aconteceram na rua dos Imigrantes, o principal acesso entre Brusque e Guabiruba, pelo bairro Guarani. O quarto acidente ocorreu na rua São Pedro.
O prefeito de Guabiruba, Valmir Zirke (PP), diz que o governo municipal analisa o que poderia ser feito para evitar novos acidentes na região. Ele considera a implantação de radares fixos e lombadas como possíveis soluções.
Zirke contrapõe as críticas a estes dois equipamentos que cogita implantar. No caso dos radares, ele nega intenção de instalá-los por mera arrecadação pela prefeitura, e diz que o objetivo seria evitar tragédias.
“Fizemos o levantamento para os radares fixos, mas há um custo elevado. A curva ‘convida’ o caminhão a tombar. Estamos analisando a possibilidade de alterá-la um pouco, mas precisamos tomar cuidado, pois há acesso de outra rua na região”, afirma.
Ele entende, porém, que muitos motoristas não são de Guabiruba e não conhecem a rua dos Imigrantes, que possui curvas acentuadas.
O prefeito avalia ainda que o trânsito de veículos pesados, em breve, será transferido da rua dos Imigrantes e da rua São Pedro para o novo acesso entre Brusque e Guabiruba, via rua Varginha. A construção deve iniciar nos próximos meses.
“É uma via em que vão circular muitos caminhões. Será uma ligação com a nova Beira Rio de Brusque. Então, muitos veículos de carga pesada irão circular por ali. Estamos correndo contra o tempo para tirar esse projeto do papel. Irá remover o trânsito pesado do centro da cidade”.
O presidente da Câmara, Xande Pereira (PP), acredita que os acidentes na rua dos Imigrantes são motivados por imprudência dos condutores. Para ele, implantar lombadas não será a solução, pois irá punir bons motoristas, que seguem às normas de trânsito.
“Impactaria o trânsito de uma maneira geral. Assim, o bom condutor iria pagar o preço do infrator. Como [a rua dos Imigrantes] se trata de um acesso entre cidades, acredito que algum redutor de velocidade ficaria inviável, até pelo relevo da pista, com subidas e descidas”.
Xande pondera que faixas que causam trepidação nos veículos, sem reduzir a velocidade por completo, poderiam ser eficazes para a região. Ele crê, também, que o novo acesso entre Brusque e Guabiruba pela rua Varginha irá remover o trânsito pesado da rua dos Imigrantes.

O secretário de Trânsito de Brusque, Emerson Andrade, acredita que duas alternativas são viáveis para reduzir acidentes com veículos de carga pesada na região. Para ele, é necessário que os motoristas se adequem às sinalizações. Além disso, defende a capacitação de agentes de trânsito para fiscalização de cargas.
“São veículos de passagem pela cidade. A falta de cuidado com as normas gerais de circulação e conduta, como respeitar o limite de velocidade da via, é um dos fatores que contribuem para estes acidentes”, avalia.
Emerson, além de secretário, foi patrulheiro rodoviário estadual e é advogado especialista em trânsito. Ele entende que a maioria dos acidentes são provocados por falha humana. O estado de conservação desses veículos também contribui para o registro de acidentes.
“As placas precisam ser respeitadas. Não vamos conseguir eliminar os raios de curva. É muito mais difícil ajustar um raio de curva do que o motorista se adequar à sinalização. No trânsito, a comunicação é a sinalização”.
O sobrepeso e a má distribuição da carga dentro do veículo são fatores, também, que resultam em acidentes. Emerson afirma que realiza a capacitação de agentes da Guarda de Trânsito de Brusque (GTB) para fiscalização de veículos de carga pesada.
Além disso, a Secretaria de Trânsito e Mobilidade de Brusque estuda a aquisição de uma balança móvel. O equipamento seria utilizado de forma estratégica, em áreas de limite entre Brusque e outras cidades, para controlar o peso de carretas e caminhões.
Rodrigo de Souza, coordenador da GBTran, aponta falhas antigas na infraestrutura da rua dos Imigrantes. Ele relata que a primeira curva sentido Brusque-Guabiruba é muito acentuada. Um impasse relacionado à desapropriação de terras no passado teria resultado no problema.
“Aquela curva joga o veículo para fora. Como há um acesso, acredito que deve ter sido feita uma compensação. Ao invés de o veículo ser jogado para dentro, é lançado para fora”, analisa.
O responsável pelo setor de Trânsito de Guabiruba crê, ainda, que o desgaste de veículos de carga pesada também é um fator que resulta em acidentes, bem como inexperiência com determinadas cargas.
“Na maioria das vezes, não é a velocidade. Todos os quatros tombamentos registrados neste ano nos acessos entre Brusque e Guabiruba ocorreram com veículos desgastados, estruturas fracas. No último, havia inúmeras rachaduras na parte da carreta”.
O primeiro acidente com carreta registrado no acesso entre Brusque e Guabiruba ocorreu em 27 de fevereiro, na rua São Pedro. Ninguém ficou ferido. A carga caiu sobre uma moto. No dia, a rua São Pedro precisou ser completamente interditada, gerando transtornos à comunidade que vive na região.
Na semana seguinte, o acidente foi motivo de debate na Câmara de Guabiruba. Os vereadores discutiram alternativas para evitar transtornos às pessoas que precisam transitar entre Brusque e Guabiruba no dia a dia.
“Causou problemas para toda a comunidade, tanto para Guabiruba quanto para Brusque. O trânsito ficou bastante tumultuado”, relatou o vereador Jair Kohler (PP), que trouxe o assunto.

O segundo tombamento de carreta no limite entre municípios aconteceu exatamente um mês depois. Em 27 de março, um veículo tombou na rua dos Imigrantes, próximo à entrada da rua Frederico Schlindwein.
O motorista foi socorrido pelos bombeiros com suspeita de fratura no braço esquerdo. Ele relatava ainda sentir dores na região. Além disso, a vítima apresentava escoriações pelo corpo. Ele foi encaminhado ao Hospital Azambuja.

Duas semanas depois, em 14 de abril, a carga de uma carreta tombou em uma outra curva na rua dos Imigrantes. O acidente aconteceu no começo da manhã, por volta das 8h.

O último acidente registrado até o fechamento da reportagem aconteceu em 19 de setembro, durante a manhã. Uma carreta que carregava fios tombou na curva de acesso à rua Frederico Schlindwein.
O motorista ficou preso na cabine, mas não sofreu ferimentos graves. A carga do veículo atingiu e destruiu uma caminhonete que estava estacionada. Felizmente, ninguém estava dentro do veículo atingido no momento do acidente.

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