João José Leal

Promotor de Justiça, professor aposentado e membro da Academia Catarinense de Letras - [email protected]

O roubo da taça Jules Rimet

João José Leal

Promotor de Justiça, professor aposentado e membro da Academia Catarinense de Letras - [email protected]

O roubo da taça Jules Rimet

João José Leal

Merecidamente, a França é a nova campeã do futebol mundial. O assunto já tinha arrefecido e, agora, a Copa da Rússia se foi das telas da TV. A amarga derrota da nossa seleção para a Bélgica foi uma inesperada ducha de água gelada no entusiasmo dos fervorosos torcedores brasileiros. Todos contavam como certa a vitória final. O time de pés dourados e de muita fortuna no bolso, não poderia falhar na missão de nos presentear com mais uma taça. Ninguém parecia duvidar. Afinal, torcedor fanático nunca tem dúvida. O Brasil seria campeão e voltaria com mais um caneco de ouro para ser exibido e adorado, entre troféus, bolas, camisas, fotos de gols, no altar profano do museu da CBF, na cidade do Rio de Janeiro.

País do futebol de norte a sul, dos melhores jogadores do mundo, somos grandes colecionadores de troféus e sempre queremos mais, porque vitória nunca é demais. No entanto, não fomos bons guardadores do mais importante troféu, a Taça Jules Rimet, conquistada pela garra e talento das três melhores seleções brasileiras. Feita em prata e coberta de ouro, repousava sobre uma base de lápis-azúli, pedra preciosa produzida em poucos países. A taça era formada pela escultura da deusa grega da vitória, Nice. As asas abertas e braços levantados da mitológica figura divina pareciam estar clamando aos céus para não ser roubada, numa cidade onde segurança é coisa rara.

A taça ficaria para sempre com o país que conquistasse o primeiro tricampeonato mundial. Essa façanha coube ao Brasil, quando venceu a Copa do Mundo do México, com aquela seleção de ouro de 1970. Realmente, foi uma festa nacional sem tamanho. A nação parecia feliz, unida, todos dando as mãos, formando uma corrente, 90 milhões em ação, cantando “pra frente Brasil”, saudando “a seleção do meu coração”. Soubemos conquistar a taça, conquista que colocou o Brasil na dianteira do futebol mundial.

Infelizmente, não soubemos conservar o precioso troféu, conquistado com o talento e o suor dos nossos atletas, sob o aplauso de milhões de torcedores. Em dezembro de 1983, a taça original foi roubada da sede da CBF, por três gatunos brasileiros: Sérgio Peralta, Chico Barbudo e Luiz Bigode. Os nomes já dizem tudo. Peralta era representante do Atlético Mineiro junto à CBF e tinha acesso fácil à sede da entidade. Bastou contratar os dois comparsas, com experiência em arrombamento, para executarem a ação furtiva. Vendida a Juan Carlos Hernandez, ourives argentino que vivia em nosso país, a taça foi derretida e vendida em barra de ouro.

Nunca mais veremos a verdadeira Jules Rimet. Sobrou uma réplica que os “sábios” e c ompetentes dirigentes da CBF, haviam guardado em cofre de segurança. E assim, a cada campeonato mundial, continuamos torcendo por mais um troféu. Porém, a verdade é que não sabemos conservar o que conquistamos. E o pior é que não é só no futebol.

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