Obra da duplicação do trecho municipal da Antônio Heil não tem verba garantida
Prefeitura de Brusque fará um inventário do projeto, mas adianta que ele é inviável
Prefeitura de Brusque fará um inventário do projeto, mas adianta que ele é inviável
O Departamento Geral de Infraestrutura (DGI) da Prefeitura de Brusque trabalha, neste momento, na revisão do projeto de duplicação do trecho municipal da rodovia Antônio Heil (SC-486). A obra compreende o espaço entre a ponte sobre o Ribeirão Limeira, próximo à Uvel Veículos, e a praça Vicente Só, em frente à Sociedade Esportiva Bandeirante.
Segundo o vice-prefeito de Brusque, Ari Vequi, não há recurso para a obra, mesmo ela tendo sido anunciada em 2013 pela gestão do ex-prefeito Paulo Eccel. Após reunião no Ministério das Cidades, em Brasília, no fim de maio, os representantes da prefeitura foram informados de que o recurso não está garantido.
Segundo levantamento da diretora do DGI, Andrea Volkmann, a obra estava orçada em R$ 13,74 milhões. Destes, cerca de R$ 3,8 milhões seriam custeadas por contrapartida da prefeitura e o restante, quase R$ 10 milhões, seria de uma emenda parlamentar.
A informação de que os quase R$ 10 milhões são oriundos de emenda parlamentar surpreendeu Vequi e Andrea. Até a visita, eles tinham conhecimento de que o dinheiro era da União. A emenda parlamentar de 2013 não é impositiva, ou seja, mesmo quatro anos depois, o governo federal pode ou não mandar os quase R$ 10 milhões.
Segundo Vequi, causa preocupação, neste momento, que o dinheiro não está garantido para a prefeitura. “E a União não corrige nenhum valor adicional”, diz. Se for levada em conta a inflação dos últimos quatro anos, a tendência é que obra custe significativamente mais do que os R$ 13,74 milhões.
Por orientação do Ministério das Cidades, a prefeitura trabalha em um levantamento da obra. “Estamos fazendo o inventário e levantando os custos”, diz a diretora do DGI. Esse levantamento levará em conta vários pontos: os materiais, mão de obra e gastos com duplicações.
O inventário deverá ser feito nas próximas semanas e será, então, enviado ao Ministério das Cidades, para nova avaliação. Segundo Vequi, há um risco de que nem assim a duplicação no modelo antigo se concretize porque o governo federal não tem obrigação de repassar os recursos.
Os técnicos do departamento de infraestrutura farão uma análise completa do projeto. No entanto, uma avaliação preliminar aponta que, como está prevista no projeto atual, a obra trará uma série de transtornos.
Segundo os desenhos apresentados por Andrea, o projeto de duplicação prevê várias rotatórias e elevados que tomariam uma área grande no entorno da rodovia. As vias também seriam mais largas, com um canteiro no meio.
“O estacionamento da Uvel deixaria de existir”, exemplifica a diretora do DGI. O vice-prefeito diz que, se fosse seguido à risca, o projeto iria cortar ao meio a Aradefe, por exemplo. Na avaliação dos representantes da prefeitura, essas falhas mostram que o traçado atual é inviável.
O DGI fará, junto com o inventário, um novo projeto. Segundo Vequi, o canteiro central, provavelmente, desaparecerá, pois assim a rodovia ficará menos larga e não impactará tanto os imóveis consolidados. Desta forma, não seriam necessárias tantas desapropriações.
No traçado atual, o custo com indenizações deve ser bastante alto, pois a faixa de domínio seria ampliada. O vice-prefeito diz que, no momento, a situação financeira da prefeitura não é confortável e não há como bancar um projeto com tamanho custo.
Caso o inventário seja aceito, o projeto para a duplicação começará do zero. O novo projeto passará por todos os passos burocráticos até a liberação da verba, o que, tratando-se de governo federal, leva meses ou anos.
Na reunião feita no Ministério das Cidades, os representantes de Brusque questionaram sobre a emenda parlamentar que estava atrelada à obra. “O secretário nacional [com quem foi a reunião em Brasília] nos orientou a procurar o deputado autor”, diz Vequi.
No entanto, não se sabe de quem é a emenda parlamentar. A Prefeitura de Brusque não tem registro, tampouco o Ministério das Cidades. De acordo com Vequi, a emenda também é mais específica do que o normal, pois consta nela especificamente a sua destinação, o que não é praxe.
“Foi empenhado apenas 1,5% do valor da obra para ter movimentação no convênio”
Embora a emenda tenha sido atrelada à obra, nada saiu do papel. “Foi empenhado apenas 1,5% do valor da obra para ter movimentação no convênio”, afirma. Segundo a prefeitura, a gestão Paulo Eccel realizou o empenho para garantir uma movimentação no convênio e garantir a emenda.
Segundo Vequi, nenhum valor foi pago pela obra. O empenho é apenas um documento que manifesta intenção de pagar pelo serviço, mas não garante o dinheiro de fato.
A Prefeitura de Brusque tenta encontrar o deputado federal ou senador “pai” da emenda para tentar garantir o recurso. Se isso for possível, ele será usado no novo projeto e não no original.