Pe. Adilson José Colombi

Professor e doutor em Filosofia - [email protected]

Onde está a corrupção?

Pe. Adilson José Colombi

Professor e doutor em Filosofia - [email protected]

Onde está a corrupção?

Pe. Adilson José Colombi

Essa, sem dúvida, é uma das perguntas que mais se escuta, ultimamente, no Brasil. É bom, porém, desde já nos entendermos. Corrupção não é uma “entidade abstrata” que pousa por aí. Que se esconde por aí. Não. É uma realidade bem real (pleonasmo proposital) que está em quase todos os lugares. Mas, sobretudo, no interior do ser humano. Se você quiser, caro leitor e estimada leitora, no “coração” (no sentido bíblico de “consciência”). Sim. É na interioridade do ser humano que se abriga a corrupção que, pouco a pouco, vai se materializando em ações concretas, no dia a dia, ao sabor das circunstâncias e situações particulares. Na verdade, ninguém absolutamente ninguém está imune desse “vírus ético-moral” que pode ativar-se se lhe for dada a oportunidade.

Mas, afinal, o que vem a ser corrupção? Bem, a própria ONU a considera como o crime mais dispendioso de todos, causa de muitos outros. E é bem verdade. Dela, nasce uma infinidade de outros crimes e transtornos da vida sociocultural de uma Nação. Pode-se citar como exemplos: o desvio, a malversação e o desperdício do dinheiro público, licitações desonestas e fraudulentas, impunidade, ocupação de cargos públicos por pessoas incompetentes e não habilitadas para o posto, o tráfico de drogas e sua circulação nos presídios, venda e compra de votos, propinas em todos os ambientes, isenção de tributos e impostos, sonegação dos encargos fiscais, etc. etc..

Quando se fala em corrupção, a grande maioria, logo, pensa nos políticos. Político e Brasília quase “viram” sinônimos de corrupção. Mas, será assim mesmo!? A corrupção só tem sua fonte na política e na capital do país. Há, porém, muita gente, fora da política, que se enquadra nesse ambiente de corrupção, embora não estejam envolvidos diretamente na política, estão sempre sugando do Estado, auferindo favores e benesses do dinheiro público para si ou seus apaniguados; os que vendem seu voto por dinheiro ou por um emprego, uma “boquinha” no serviço público; os que praticam o célebre “jeitinho brasileiro”, em qualquer circunstância, etc.. Tudo corrupção!

Por isso, a Bíblia, Palavra de Deus, no seu livro o Eclesiástico, nos adverte: “Aquele que ama o ouro não estará isento de pecado; aquele que busca a corrupção será por ela cumulado. O ouro abateu a muitos… Bem-aventurado o rico que foi achado sem mácula… Quem é esse homem para que o felicitemos? Àquele que foi tentado pelo ouro e foi encontrado perfeito está reservada uma glória eterna:… ele podia fazer o mal e não o fez” (Eclo 31, 5-10).

O Papa Francisco, já na homilia de 04/06/2013, tem insistido sobre a diferença entre pecado e corrupção, entre o pecador e o corrupto. Segundo o papa, pecadores somos todos nós. O corrupto é aquele que deu um passo a mais: perdeu a noção do bem e do mal. Já não tem mais o senso do pecado. Os corruptos fazem de si mesmos o único bem, o único sentido; negando-se a reconhecer a Deus, o sumo Bem, fazem para si um Deus especial: são Deus eles mesmos. O Papa lembrou que São Pedro foi pecador, mas não corrupto, ao passo que Judas, de pecador avarento, acabou na corrupção. “Que o Senhor nos livre de escorregar neste caminho da corrupção. Pecadores sim, corruptos, não”.

No atual clima de corrupção e venalidade que invadiu o sistema sociocultural brasileiro (político, eleitoral e governamental), possa o brasileiro não se deixar contaminar e que aprenda a discernir que ser honesto e viver de maneira ético-moral transparente e responsável é hoje, sem dúvida, um os grandes gestos de cidadania.

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