Não votei em Michel Temer. Quem votou nele foram os eleitores de Dilma, já que ele foi eleito como seu vice, portanto com os mesmos 54 milhões de votos que ela. O discurso da presidente afastada, afirmando que este é o governo dos “sem voto”, é apenas mais um episódio do amontoado de asneiras que tivemos que ouvir nesses anos todos. Felizmente, essa masturbação ideológica agora deverá ficar restrita à militância dos seus apoiadores. O cidadão brasileiro não é mais obrigado a ouvir isso como discurso oficial.
Mas, embora precavido, estou otimista. O discurso de Temer marca algumas diferenças significativas, à parte o fato de que agora ouvimos um presidente que fala português e sabe articular frases com sujeito, predicado e sentido.
Em primeiro lugar, destaco sua menção à questão da situação das empresas e dos direitos trabalhistas, que só serão efetivos com empresas fortes. Patrões e empregados são e devem ser parceiros, e não inimigos. Um governo que se empenhe pelos direitos dos trabalhadores deve, então, esforçar-se para manter empregos, incentivando a atividade produtiva e a geração de riquezas. O presidente apontou para o fato de que ninguém sabe nem pode definir as coisas sozinho. Salientou a necessidade da harmonia entre os poderes e da parceria com o legislativo e com a iniciativa privada.
Ele sabe do imenso desafio que é recolocar o país nos trilhos, depois do tsunami. Tapar esse buraco exigirá tempo e sacrifícios, mas, com diz o ditado, o melhor jeito de sair do fundo do poço é parar de cavar. A subida é íngreme, mas não temos escolha. O que esperamos é que o governo Temer consiga dar o choque de credibilidade que o país precisa para voltar a atrair investimentos, como Macri está fazendo com a Argentina.
Mas o desafio não é só econômico. Muito trabalho aguarda Mendonça Filho, o novo ministro da Educação, que já enfrentou protestos dentro do ministério. O MEC se tornou um imenso cavalo de Troia, que precisa ser desmontado. Do contrário, os ideólogos esquerdistas lá postados vão continuar dando as cartas na Educação brasileira. Uma faxina de grandes proporções deve ser feita nessa área. Uma ótima sinalização poderia ser a imediata suspensão da tramitação da Base Nacional Comum, substituindo-a por um projeto realmente preocupado com a qualidade da Educação, e não com a manipulação ideológica de nossas crianças e jovens.
Por fim, vale lembrar a resposta do novo ministro das Relações Exteriores, José Serra, aos bolivarianos da América Latina, que chamam de golpe o afastamento de Dilma. A nota oficial de Serra deixou bem claro que o Brasil desembarcou desse Titanic, e que não vai mais se curvar a essas republiquetas e seus ditadores bizarros, muito menos financiá-los.
Os desafios são imensos, mas há motivos para termos esperanças.