Aos 22 anos, Josiane de Souza foi pega de surpresa com uma gravidez gemelar. Ela sempre sonhou em ser mãe e sabia que havia nascido para isso. Apesar da idade, ela garante que a novidade a encheu de alegria. “É uma emoção que não tem explicação, é um turbilhão de coisas”, revela.

Apesar de ter histórico de gêmeos na família, jamais cogitou a hipótese de uma gestação gemelar. No primeiro ultrassom, a mãe Arlete de Souza que a acompanhava disse que o bebê era muito grande e até pareciam dois. Poucos minutos depois o médico disse: “a senhora está certa, são dois”.

Mãe de primeira viagem, Josiane confessa que a gravidez não era planejada por ela e o esposo Marcos Paulo Pires de Moraes, mas quando recebeu a informação dos gêmeos ficou tranquila. As famílias ficaram muito contentes com a novidade e inclusive ajudaram a mãe a escolher os nomes dos meninos.

Ela lembra que a gestação foi bem difícil. Pouco tempo depois de descobrir que estava grávida, aos três meses ela teve um sangramento. Ao chegar no hospital, o médico descobriu que ela sofreu um princípio de aborto e, por isso, a placenta descolou do útero. Além disso, Josiane também estava com anemia profunda e infecção urinária. A gestação de risco preocupou a mãe, mas ela conseguiu manter a tranquilidade apesar dos percalços.

Para cuidar dos meninos, Josiane contou com a ajuda da mãe Arlete de Souza / Foto: Arquivo pessoal

Para vencer a anemia, ela recorda que a mãe dela fazia um suco todos os dias pela manhã com vários ingredientes, entre eles beterraba e cenoura. A partir disso, a gestação foi de repouso absoluto até os sete meses, pois os filhos nasceram prematuros.

Os gêmeos bivitelinos nasceram no dia 3 de agosto de 2005 em Blumenau. O primeiro a vir ao mundo foi Gustavo de Souza Pires de Moraes com 1,8 kg, logo depois chegou Guilherme de Souza Pires de Moraes. Ambos precisaram ficar na UTI para ganhar peso. O primeiro ficou por 30 dias e o segundo por 24 dias.

Para ela, a pior parte foi o tempo em que os meninos ficaram na UTI. A moradora do bairro Bateas, em Brusque, ia todos os dias para Blumenau para ver os filhos. “A pior coisa é quando tu sai do hospital e tu sai sem os teus filhos no braço. Eu sai chorando”. Ela recorda que não conseguiu amamentá-los pois como ficaram muito tempo na UTI, eles tomavam o leite por mamadeiras e depois em casa, a produção de leite não era suficiente para os dois.

O primeiro a ir para casa foi Guilherme e mesmo com o pequeno, a mãe continuava indo para cidade vizinha diariamente para ver como estava o Gustavo.

Para cuidar dos pequenos, Josiane contou com a ajuda da mãe, pessoa que ela considera seu “braço direito”. Quando voltou a trabalhar, os pequenos já estavam com cinco meses. Enquanto a avó cuidava dos meninos pela manhã, a mãe ficava com eles à tarde. “Eles sempre foram muito bonzinhos”, revela.

Guilherme, Josiane de Souza, com o pequeno Davi na barriga, e Gustavo de Souza Pires de Moraes / Foto: Eliz Haacke

Mesmo com 13 anos, a mãe confessa que os dois são tranquilos, mas ambos têm suas crises de ciúmes, além de serem tímidos.

Hoje, com 35 anos, Josiane está grávida novamente e para ela a segunda gestação está completamente diferente da primeira experiência, desde informações mais atualizadas até poder andar de um lado para o outro. “Até brinquei esses dias falando que parece que é a primeira vez que estou grávida”, conta aos risos.

A agente de saúde, que já está de licença-maternidade, aguarda ansiosamente pelo pequeno Davi de Souza Pires de Moraes, que deve chegar ao mundo a qualquer instante. Ela confessa que desde a descoberta da segunda gestação, nunca pensou que teria gêmeos novamente.

Os gêmeos tiveram um princípio de ciúmes do irmão que está para vir ao mundo, mas agora eles gostam da ideia de ter alguém mais novo dentro de casa. “Desde o começo eles preferiam menino”, revela.


Você está lendo: Os meninos da casa


– Introdução
– Surpresa no dia do parto 
– Gêmeos em dobro
– Unidas pela maternidade
– O ABC da psicóloga
– As três Marias de São João Batista
– Gerações de gêmeas
– Vencendo a morte
– Rua dos cinco gêmeos 
– Superação após a perda