Pacientes com câncer devem ser atendidos em até 48 horas em Brusque

Secretária de saúde diz que nova lei, que vai à sanção, é viável

Pacientes com câncer devem ser atendidos em até 48 horas em Brusque

Secretária de saúde diz que nova lei, que vai à sanção, é viável

A secretária de Saúde, Ivonir Webster, a Crespa, afirma que a aplicação do projeto de lei que institui o programa Fila Zero é “totalmente viável em Brusque”. Ela garante que, sancionada, a pasta irá garantir o cumprimento da legislação, aprovada nesta quinta-feira, 16, em segunda votação, pela Câmara de Vereadores.

O texto é de autoria de Alessandro Simas (PR) e, basicamente, institui que deve ser priorizado o atendimento aos pacientes diagnosticados com câncer, em até 48 horas após a solicitação, na saúde pública municipal. Isso, segundo o autor, não se aplica ao tratamento da doença em si, que é feito por médico especializado, em Blumenau, mas sim ao tratamento de outros problemas ocasionados em decorrência do câncer.

A intenção é de que pacientes com câncer não precisem enfrentar a fila de espera para exames e consultas realizadas em Brusque, com médicos de outras especialidades, que não a oncologia. Ou seja, isso serviria para que doenças e complicações menores possam ser tratadas com mais agilidade.

“Eu concordo com a lei. O paciente de câncer, quando ele descobre, a família toda se envolve e fica fragilizada, é uma coisa emergencial, temos que ter o maior carinho por esses pacientes”, diz Crespa, “se eu ficar à frente da secretaria, vamos fazer se cumprir essa lei”.

Ela, que era gerente regional de Saúde da Secretaria de Desenvolvimento Regional de Brusque (SDR), afirma que o estado tenta adotar serviço semelhante, e explica os motivos pelos quais a priorização dos pacientes com câncer é necessária. “Quando esse paciente faz quimioterapia ou radioterapia, ele fica com a imunidade baixa, vem as inflamações e outras doenças. Que ele não fique em uma fila esperando, mas se identifique que está em tratamento e tenha esse privilégio de ser atendido, porque geralmente estão com dores, enjoos e outros sintomas”.

Crespa diz, por fim, que a priorização destes pacientes não é algo difícil de fazer, no âmbito da Secretaria de Saúde, que atualmente trabalha com sistema de agendamento prévio de consultas e exames. “Dá para ajeitar, não é algo fora do comum fazer esse acolhimento”.
Texto do projeto dividiu opiniões

Na Câmara de Vereadores, parlamentares da oposição levantam dúvidas sobre a aplicabilidade do texto. Marli Leandro (PT), por exemplo, defendeu que a lei não é clara, em seu texto, sobre que tipo de atendimento deve ser realizado, e que, por isso, cria uma falsa expectativa na população.

“É um projeto que cria uma expectativa, mas que na prática não vai funcionar. O principal problema no tratamento do câncer é, a partir do diagnóstico, o mais rápido possível fazer o tratamento, e esse tratamento não é feito aqui, é em Blumenau. A pessoa pensa que, descobrindo que tem câncer, vai ter o atendimento imediato, e não é, dependa da fila em Blumenau”, ressalta a vereadora.

Para o autor do projeto, contudo, não se trata do atendimento em Blumenau, mas em Brusque. “O objetivo do projeto é dar celeridade aos procedimentos envolvendo pessoas que tem câncer. A pessoa com câncer está vulnerável a outras doenças, que se não forem tratadas de forma rápida, podem fazer com que isso se junte ao câncer e que ela tenha prejuízo mais sério a sua saúde”, argumenta.

Celso Emydio da Silva (PSD), que é médico na saúde pública de Brusque, defendeu a viabilidade do Fila Zero. “Essa patologia específica requer uma visão muito especial, pelas nuances que apresenta. É um projeto que parece pequeno, mas é muito importante. Em pacientes que fazem radioterapia, por exemplo, às vezes as doses de radiação provocam lesões de tecidos, que causam dores horríveis. Eles podem ser atendidos aqui no nosso meio com bastante sucesso, aliviando suas dores”, justificou.
O texto vai à sanção do prefeito interino Roberto Prudêncio Neto que, posteriormente, terá 30 dias para regulamentar a lei, por meio de decreto.

A mudança prevista
Atendimento hoje

O paciente diagnosticado com câncer, que precisa de consulta com clínico geral, por exemplo, entra na fila de agendamento, a qual leva, em média, de 15 a 30 dias
Atendimento proposto

O paciente diagnosticado com câncer, que precisar de consulta com clínico geral, seria identificado e encaminhado ao médico sem passar pela fila de espera, no prazo de até 48 horas.

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