Pe. Adilson José Colombi

Professor e doutor em Filosofia - [email protected]

Cristo, Diálogo Vivo

Pe. Adilson José Colombi

Professor e doutor em Filosofia - [email protected]

Cristo, Diálogo Vivo

Pe. Adilson José Colombi

O Deus bíblico é um Deus dialogante. Um Deus que fala, que se comunica, que dialoga. Esse é o Deus de Jesus. Jesus, sendo Filho de Deus, não poderia ser diferente. E o Evangelho sempre o apresenta como alguém que está continuamente falando, dialogando. A arte de dialogar faz parte de sua natureza divina, pois a própria Palavra de Deus o apresenta como o Verbo que se fez carne e habitou entre nós (Cfr. Jo 1,14). Ele é o Diálogo Vivo. Ele é a comunicação direta entre Deus e a Humanidade. Ele mesmo disse: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida, ninguém vai ao Pai senão por mim” (Jo 14,6).

O Texto-Base da CF2021 nos apresenta o episódio narrado dos Discípulos de Emaús, segundo evangelista Lucas (leia Lc 21, 13-35), que destaca bem a arte dialogar de Jesus. Começa por um encontro casual no caminho de Jerusalém a aldeia de Emaús. Conversa a respeito do Acontecimento do Momento Histórico: Crucificação e Morte de Jesus. Mas, logo há troca de intimidade das pessoas envolvidas. Os discípulos contam o que se passa no seu interior: decepção, desesperança, frustação, desilusão, desorientação, sensação de terem sido enganados, tristeza… Jesus, porém, acolhe-os, escuta-os com atenção, tenta mostrar com a Palavra de Deus que eles conheciam que o que ocorreu, em Jerusalém, estava no Plano de Deus. Discretamente, partilha sua vida.

A troca de interioridade dessas pessoas envolvidas (discípulos e Jesus) no diálogo franco, aberto e respeitoso vai aumentando a simpatia mútua, a afinidade, a compreensão até querer partilhar mais ainda essa amizade, em uma refeição em comum. Quando a partilha e comunhão de vida entre pessoas, acontecem a grandes “revelações” que enriquecem a história pessoal e transformam a vida como um todo. É praticamente um novo nascimento, para prosseguir no caminho do existir mais pleno e com um caminho mais bem definido e com novos valores que podem fundamentar, mais solidamente as escolhas ou opções de vida.

Lucas faz questão de apresentar e salientar que os dois discípulos não ficam só admirados, encantados e eufóricos com a “revelação” do Ressuscitado, em suas vidas. Logo, “imediatamente”, apesar do cansaço da caminhada, correm para partilhar suas experiências de pessoas renovadas para os “irmãos e irmãs” da Comunidade de Jerusalém de onde haviam saído bem diferentes de agora. Continuam o diálogo agora com os irmãos (ãs) da Comunidade, com outro conteúdo, com outra disposição, com outro estilo de convívio e de pertença de vida comunitária. O Diálogo de Jesus com eles e deles com Jesus deu-lhes nova visão de vida, da Palavra de Deus, da fé, das pessoas, dos sentimentos íntimos seus e dos outros… Estão renovados, transformados… O diálogo franco, sincero, aberto entre pessoas sempre renova, enriquece, amadurece.

Esse acontecimento no Caminho de Emaús não é o único exemplo da arte de dialogar de Jesus. São muitos relatados nos Evangelhos pelos Escritores Sacros. Mesmo esses não são os únicos. Porque a própria vida de Jesus foi e é um diálogo permanente com o Pai e com os irmãos (ãs) que somos todos nós. Ele é esse Diálogo Vivo sempre pronto a caminhar comigo, com você, caro leitor e estimada leitora, para partilhar sua vida conosco e nos escutar o que se passa em nossas interioridades e nossos ambientes que frequentamos em nosso viver diário. Não é necessário o agendamento do encontro dialogal. Dispensa data, horário, local. Basta querer o encontro e abertura de vida para iniciar o diálogo. Com ele, vai aprendendo, como os discípulos de Emaús e todas as pessoas que tiveram a felicidade de partilhar a vida com Jesus, ontem e hoje.

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