Pe. Adilson José Colombi

Professor e doutor em Filosofia - [email protected]

O que mudou na política, na atualidade?

Pe. Adilson José Colombi

Professor e doutor em Filosofia - [email protected]

O que mudou na política, na atualidade?

Pe. Adilson José Colombi

Observei a maneira do desenrolar do processo das eleições para prefeito e vereadores nas Eleições de 2020. Não só em Brusque mas na política nacional. Seguiram, praticamente, o mesmo molde da eleição passada para presidente. Minha observação não vai ser um posicionamento crítico, um julgamento se melhorou ou piorou. Apenas faço uma observação, como um espectador com um certo olhar sociológico e, até, como alguém que sempre tentou entender a realidade sociocultural atual, à luz da História da Filosofia Moderna e Contemporânea. Por muitos anos, fui professor dessas disciplinas filosóficas. Tentarei, somente, para dar alguma contribuição para o caro leitor, fazer a leitura da realidade política nacional. Depois, pode tirar suas conclusões.

Nossa Sociedade e Cultura sofreram uma imensa influência das ideias e práticas da Modernidade, sobretudo, no século 19 e na primeira metade do século 20. A partir, porém, dos anos 1980, vão aparecendo outras ideias que iniciam uma crítica aos posicionamentos fundados na Modernidade. Tem início o que se convencionou denominar de Pós-Modernidade.

Todavia, é muito difícil caracterizar o que vem a ser – Pós-Modernidade. Com efeito, não é um pensamento que tem uma sequência linear. Pelo contrário, tem várias facetas, embora tenha alguns posicionamentos que são muito próximos e formam, de certo modo, um núcleo representativo da realidade sociocultural atual. A título de exemplos, cito: a imediatez (privilegia-se o imediato); o emocional, atenuando, em muito o racional; o provisório; o “novo; a fluidez, a liquidez (segundo o pensamento de Sygmunt Bauman (1925-2017); o presente, o atual, (sem dar grande importância ao futuro. “Curtir” o presente; buscar a fruição do que aparece, etc..

De certo modo, desapareceu em grande parte o individualismo de “um” indivíduo, percebe-se um individualismo sim, mas de “um grupo”, “um grupo de rede social”, “um grupo religioso”. É um certo “coletivismo”, com novas cores. Vivemos os tempos das “tribos”. Esses grupos têm seus candidatos e incitam seus membros a votar neles. O candidato que conseguir as “boas graças” do grupo tem chances de ser eleito. Não importando tanto o partido político ou sua biografia. Vale mais a razão de ser do “nosso grupo”, do “nosso lado”. Como se nota, é a legítima posição da Pós-Modernidade, a fragmentação da realidade, o utilitarismo, o individualismo “coletivo”….

Por outro lado, se percebeu também um certo indiferentismo da parte da nova geração, embora tenha também “tribos” jovens engajadas com suas ideias. Mas, de modo geral há um desinteresse pela política, descrédito generalizado dos políticos e de suas ações. Em grande parte, penso que seja a insignificância dos ditos Partidos Políticos. Na verdade, são somente siglas sem grandes apelos para atrair as pessoas, menos ainda os jovens. Não têm propostas atraentes para os jovens. Boa parte deles, querem viver o momento presente, estar juntos, fazer alguns protestos…, sem assumir compromissos que possam exigir um empenho mais permanente, regrado, disciplinado. Curtir o estar juntos, vivenciando momento emocionais, sem se questionar a respeito da racionalidade do que se está participando. Viver as emoções e as paixões do momento

Tudo isso tem seu efeito na Política e, consequentemente, nas eleições e seus resultados. O voto é “emocional, tribal, responde ao momento, sem grande visão de futuro”. Essas poucas e simples considerações talvez possam abrir pistas para as suas conclusões. Tente! Penso que vale a pena.

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