Pe. Adilson José Colombi

Professor e doutor em Filosofia - [email protected]

Ontem, hoje e…

Pe. Adilson José Colombi

Professor e doutor em Filosofia - [email protected]

Ontem, hoje e…

Pe. Adilson José Colombi

O ser humano, homem e mulher, em seu ser mais profundo e íntimo parece que, ao longo de toda a História, não sofreu muitos efeitos, em seu comportamento básico, gerenciado pelos valores. Dito de outra forma, não foi afetado no seu íntimo pelo meio ambiente e Cultura, obra de sua criatividade e inventidade. Os valores, em seu conteúdo fundamental, estão aí até hoje. Claro que, de acordo com o meio-ambiente e a cultura, são vestidos ou revestidos com novas roupagens culturais. Todavia, na sua essência permanecem no viver humano, com algumas nuanças novas em sua manifestação.

Do mesmo modo, as próprias disfunções ou desvios, deturpações desses valores também estão presentes ao longo da história. Também vão recebendo roupagens diferentes conforme os tempos e culturas. Assim, por exemplo, o que, hoje, costumou-se denominar “Fake News” sempre estiveram presentes, nos relacionamentos interpessoais e socioculturais. Sem dúvida, sempre se atualizando, segundo a cultura do momento histórico.

Levando em conta, o momento que estamos vivendo, ao menos liturgicamente, para quem vive a fé católica, veio-me a ideia de partilhar, com os caros leitores e estimadas leitoras, a reflexão que farei em seguida a respeito desse traço cultural. É apenas um pequeno detalhe do que estou tentando comentar no seu todo: as “Fake News”. É evidente que a tecnologia não podia ficar de fora, também, nesse setor.

Vejamos, então, um exemplo de “ontem”, como se manifesta “hoje”. Fato ocorrido na vida de Jesus de Nazaré, que recordamos logo após a Páscoa, na liturgia. Acontecido há mais de dois mil e que é, hoje, atualizado, com o serviço de recursos tecnológicos sofisticadíssimos. Para não ser mais fiel, vou transcrever literalmente o texto que o evangelista Mateus (ao menos é atribuído a ele) fez chegar até nós.

“Quando as mulheres partiram, alguns guardas do túmulo foram à cidade, e comunicaram aos sumos sacerdotes tudo o que havia acontecido. Os sumos sacerdotes reuniram-se com os anciãos, e deram uma grande soma de dinheiro aos soldados, dizendo-lhes: ’Dizei que os discípulos dele foram durante a noite e roubaram o corpo, enquanto vós dormíeis. Se o governador ficar sabendo disso, nós o convenceremos. Não vos preocupeis’” (Mt28, 11-14).

Quase todos os setores da Sociedade e da Cultura da época estão, aí, representados: Anciãos (eram os líderes do povo e muitos faziam parte do Sinédrio, órgão atuante na política, economia…), sumos sacerdotes, soldados, polícia (guardas), além dos que atuaram no Processo contra Jesus (Pilatos, testemunhas, Judas Iscariotes, líderes populares e o próprio povo em assembleia…) todos subornados ou subornadores, servindo-se de Fake News ou Falsas Notícias ou mentiras nuas e cruas.

Isto foi “ontem”. E “hoje”? O que acham? Mudou muito?! Creio que nem no mundo no seu todo, menos ainda no Brasil. Por quê? Será que foi a Proposta de Jesus que não sortiu efeito?

Creio que não. Mas, é o ser humano que não se deixou educar por ela, preferindo seguir seus impulsos desordenados, não educados, seus impulsos mais baixos e devastadores. Claro que muitos entenderam, compreenderam a Proposta de Jesus e tentaram vivê-la e fizeram e fazem a diferença. Mas, a duras penas! Porque o “Processo de Jesus” continua de muitos modos e muito ativos, hoje, com meios bem mais sofisticados e tecnológicos, com alcances e potencial destrutivo bem mais eficazes e eficientes.

A Páscoa é ocasião de renovar a disposição de fazer parte dos que não compactuam com o “Processo de Jesus”, ocorrido em Jerusalém, mas seguir aquele que foi morto, mas está vivo e no meio de nós para ser um caminheiro amigo, auxiliando a construir um “hoje” diferente do “ontem” preparando um “amanhã” de paz, de fraternidade, de solidariedade, de amor, partilhando o bem comum.

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