Editorial: dezembro no lar
Sempre fez parte de nossa cultura enfeitar a casa para o Natal, participar de confraternizações de encerramento no trabalho, no clube, no grupo de amigos. Participar de eventos culturais, de dança, de música, de corais. Isso tudo sem deixar de ir a celebrações religiosas e de comprar os presentes de Natal.
Levando em conta toda esta movimentação, neste mesmo período do ano passado o título do editorial aqui do jornal O Município foi “Brusque intensa”, que justamente falava desta programação de fim de ano que ocupava a maior parte do noticiário.
Mostrava um pouco da rotina frenética das pessoas que como numa maratona corriam para lá e para cá para dar conta e cumprir todos os importantes compromissos que o período requeria.
Quem poderia imaginar que um ano depois a realidade pudesse mudar tanto. O inconveniente Covid-19 nos trouxe a um dezembro diferente. As apresentações natalinas tão comuns nesta época ou foram canceladas ou mudaram seu formato.
O Natal Mágico em Guabiruba, que era um evento grandioso, este ano mudou para uma live com apresentações. Em Brusque a praça Barão de Schneeburg foi decorada, mas a casa do Papai Noel, que era a principal atração, ficou de fora.
A lógica de confraternizar perdeu o sentido com o distanciamento e também com a legislação proibitiva. Assim os encerramentos de amigos, de empresas, sindicatos, órgãos públicos, clubes que estavam aqui no jornal ano passado, este ano não aconteceram.
Os belíssimos shows que mantiveram suas apresentações este ano migraram para o formato on-line, como Studio Naira Batisti, que gravou “O Show Deve Continuar” num galpão da Villa Renaux e exibiu ontem, mostrando muito talento e criatividade neste novo formato.
O concerto Luzes de Natal também será transmitido em forma de live no próximo dia 20, mas os outros concertos, os corais e a Cantata de Natal guardaram suas vozes para momentos mais alegres, quando pudermos nos reunir novamente.
As mais variadas festas que noticiamos ano passado foram canceladas, fossem elas religiosas como a da Imaculada Conceição ou de clubes, como a tradicional festa de Natal do Bandeirantes. Nada de comemoração com o vírus por perto.
Até o Pelznickel que abria sua casa na Guabiruba e recebia milhares de pessoas, este ano teve que se reinventar. Ele optou por passear de carro nos bairros da cidade para ser visto e continuar assustando as crianças, mas agora a distância e com segurança, é claro.
E se até esta criatura folclórica que não tem medo de nada teve que respeitar as restrições e ficar a maior parte do tempo em casa, imagine nós, pobres seres humanos e mortais que estamos suscetíveis ao vírus. O jeito foi seguir as orientações e fugir do coronavírus que é muito mais real e temido que o Pelznickel.
Com certeza, vai ser o dezembro em que mais tempo ficamos em casa na história, vendo a tudo pelas telas. Até a missa que íamos nesta época, agora rezamos pelo Facebook. Aquele passeio pelo comércio para comprar os presentes e rever conhecidos ficou mais rápido e objetivo e muitas vezes foi substituído pelas compras on-line.
Foi realmente uma grande mudança de um ano para o outro, e mesmo sem todo o agito de anos anteriores o mais importante é não perdemos a essência do Natal que é o nascimento de Jesus. Sua mensagem de amor e esperança nunca foi tão atual e pode ser celebrada daí, de sua casa, de seu lar. Talvez até longe de toda a correria possamos refletir melhor e assim renovar nossa fé e esperança em dias melhores.