O 18º Batalhão de Polícia Militar, responsável por cobrir Brusque e região, tem novo comandante desde abril de 2018: Otávio Manoel Ferreira Filho substituiu o coronel Moacir Gomes Ribeiro, dando continuidade ao trabalho desenvolvido. Para 2019, o tenente-coronel pretende gerir o batalhão colocando em prática suas próprias visões e projetos, com base no que tem funcionado nos últimos anos.

Em entrevista, o comandante revela suas preocupações, faz um balanço de 2018 e também destaca os projetos que devem estrear ou ser fortalecidos em 2019.

Criminalidade
Ferreira Filho destaca com satisfação os números de homicídios e roubos em Brusque. Foram seis mortes violentas, sendo que três foram causadas pela própria Polícia Militar em confrontos com suspeitos. “Levando o título de cidade com mais de 100 mil habitantes mais segura do Brasil, estamos mantendo os bons números ano após ano e tentando melhorar. É motivo de orgulho, temos números de primeiro mundo.”

Veja também:
Câmara de Brusque tem um dos menores custos por eleitor do estado, aponta estudo

Atletas de Brusque participam da corrida de São Silvestre

Luciano Hang participa da posse e manifesta apoio ao novo governo

 

As mortes no trânsito, principal preocupação da segurança pública brusquense, diminuíram em relação a 2017. Em 2018, até a primeira quinzena de dezembro, eram 14. No ano anterior, foram 23.

No caso de roubos, o tenente-coronel percebe que os crimes estão resultando em pequenos danos. Celulares e carteiras têm sido os principais alvos. Os casos mais graves, com ameaças severas, agressões e outros tipos de violência, têm sido associados ao grupo que foi morto pela Polícia Militar no segundo semestre. “Estavam envolvidos em quatro a seis crimes de maior gravidade, todos apontando para eles. De qualquer forma, devemos sim nos preocupar e ficarmos atentos.”

O crime que mais saiu do comum em 2018, na avaliação de Ferreira Filho, foi o assalto à agência da Caixa Econômica Federal do bairro Águas Claras. Quatro homens armados participaram do crime, incendiando carros para utilizarem como barreira e abrindo fogo. Acredita-se ainda que o arrombamento da agência dos Correios no Centro 2 tenha sido organizado para despistar os policiais. Eles fugiram, e a Polícia Federal investiga o caso.

“Os casos mais violentos são isolados, não têm contexto, não são estruturados ou sistematizados. Foram poucos. O caso da agência da Caixa nos faz repensar um pouco sobre como se comportar neste tipo de caso, porque foi muito forte e atípico. Hoje o primeiro mundo tem de três a cinco homicídios por 100 mil habitantes. Brusque está dentro desta marca. No primeiro mundo, 90% dos casos são solucionados. Aqui também. No Brasil, o índice é de 10% a 20%. Em Santa Catarina, menos de 50%. Aqui em Brusque o crime não compensa mesmo.”

Na questão do crime organizado, Ferreira Filho percebe um esforço de facções para se instalarem em Brusque, e por isso afirma que as forças de segurança do município precisam estar atentas.

“Tijucas, por exemplo, estava quase abandonada. Com a melhoria no policiamento, com o reforço na segurança, criminosos acabam se deslocando para outros locais. Isto pode acontecer em Brusque. Em Guabiruba existem evidências de tentativas de organizações criminosas. Os números estão controlados, mas preocupação existe. Não podemos deixá-los confortáveis.”

Novo fundo
O Fundo Municipal de Melhoramento da Polícia Militar (Fummpom) teve fim em 2018, já que de acordo com o Ministério Público de Santa Catarina (MP-SC), esta forma de repasse é considerada inconstitucional. Por meio do modelo, o município custeia a segurança pública. Um novo convênio foi fechado já em 2018, com redução de cerca de 10% do valor total, chegando em torno de R$ 600 mil por ano.

“Assumi em abril sabendo que o fundo iria acabar, e a situação era preocupante. Fico feliz que chegamos em 2019 com a estabilidade de 2018 no orçamento, porque pretendemos adquirir novas viaturas, fazer melhorias na estrutura, manutenções. Muitas cidades perderam seus antigos fundos e hoje vivem situações difíceis, como Gaspar e Blumenau”, comenta.

Para 2019, o comandante planeja investir mais no monitoramento das ruas com OCR. São equipamentos que funcionam como um radar normal, mas permite o reconhecimento dos caracteres das placas dos veículos. Desta forma, consegue verificar se há irregularidades na documentação, placa clonada ou até mesmo registro de furto ou roubo, e comunicar às equipes de monitoramento. Geralmente, os dispositivos são instalados em pontos estratégicos, como entradas e saídas do município.

Prevenção
No segundo semestre de 2018, Ferreira Filho implantou o piloto de um projeto que batiza de Amigo da Segurança na Escola. Trata-se de um apadrinhamento das escolas, com duplas de policiais encarregados de visitar e interagir com educandários durante suas rondas. A ideia é de que sejam de duas a quatro escolas por dupla. O projeto deverá ter continuidade e ser fortalecido em 2019.

“A ideia é preventiva e ficar de olho nos alunos mais problemáticos, com níveis de indisciplina que extrapolam um nível considerado normal. Fazer intervenções, conversar com os alunos. Infelizmente, se não for feita uma intervenção, sabemos que o aluno pode ser ‘nosso cliente’, por assim dizer, ou da Unidade Prisional Avançada.”

Veja também:
Com lançamento de cerveja, Bruscão aposta no fortalecimento de marca para ampliar receitas

Procurando imóveis? Encontre milhares de opções em Brusque e região

Novos milionários de Blumenau retiram os prêmios da Mega da Virada e da Lotomania

O tenente-coronel acredita que a causa da indisciplina vem da falta de um lar estruturado e de pais sem plenas condições de educar seus filhos.

“Admito que a nossa maior fraqueza sobre isto é preparar os policiais para lidar com este tipo de aluno. É necessária uma abordagem mais pedagógica, porque é diferente, os policiais não estarão abordando criminosos ou contraventores. São jovens com problemas disciplinares além da conta. Uma intervenção de um policial fardado, uma conversa, pode mudar o comportamento, sinalizar que o caminho sendo tomado não é bom. É uma forma de atingirmos o jovem positivamente. Fazer refletir.”

Ferreira Filho afirma que a ação trata casos sobre os quais a diretoria da escola já não sabe mais o que fazer. Inclusive aconselha que, em casos extremos, nos quais um aluno se recuse a entregar algum pertence a ser confiscado pela escola, a Polícia Militar seja acionada. “O policial fardado já intimida. Dependendo da situação ainda podemos levar para o Batalhão e os pais vão até lá lidar com o constrangimento, infelizmente, para prestar esclarecimentos.”