Na semana passada, critiquei a proposta de currículo comum do MEC para as escolas, por causa da visão ideologizada que predomina nas instâncias que comandam a Educação no país. Mas o problema é bem mais complicado, e não basta “evacuar o MEC”. O fato é que o pensamento educacional no Brasil está saturado dessa ideologia, e a tarefa de mudar esse panorama é um desafio e tanto.
Do modo como vejo a Educação, uma coisa me parece muito clara: nós tínhamos uma Educação de grande qualidade até a década de 1960/1970, que começou a decair a olhos vistos por conta de novos autores e teorias que passaram a predominar. Qualquer egresso do ginásio na década de 1960 saberia mais de língua portuguesa que boa parte dos acadêmicos que hoje concluem o curso de Letras. A Educação popular teve uma experiência excelente em Pernambuco, utilizando o “Método Laubach” de alfabetização, baseado no trabalho de um missionário presbiteriano norte-americano, que desenvolveu o método para alfabetizar populações da Ásia e da América Latina. A chamada “Cruzada ABC” teve grande sucesso e repercussão na década de 1950, mas começou a refluir a partir de quando os marxistas, capitaneados por Paulo Freire, passaram a atacar o método, já que não estava comprometido com o avanço do socialismo. Freire “copiou” as bases do método de Laubach, sem nunca citar a fonte, e o transformou no chamado “Método Paulo Freire”, a ser utilizado nos seus “círculos de cultura”, que ele copiou do comunista italiano Antonio Gramsci, seu grande mentor.
Como as universidades, a partir da década de 1960, passaram a ser dominadas pela esquerda, esse pensamento se tornou hegemônico e se multiplicou. A pesquisa em Educação foi dominada pela ideologia marxista de Gramsci, Freire e dos filósofos da chamada “Escola de Frankfurt”, além de outros relativistas e desconstrutivistas. O processo de alfabetização, de que o método silábico tão bem dava conta, foi criticado e abandonado. A alfabetização ficou lenta, confusa e ineficaz, o nível de leitura despencou, a disciplina desapareceu e a escola foi se transformando nesse horror que é hoje (e está piorando!).
Mas como mudar essa mentalidade, se a pesquisa nas grandes universidades está eivada desses autores e idéias? Para lá vão os professores universitários, para cursar mestrado e doutorado. Bebem da mesma fonte, pesquisam as mesmas coisas, replicam a mesma ideologia, e a trazem para os alunos dos cursos de graduação. Dessa forma, temos gerações de professores totalmente incapazes de criticar essa parafernália ideológica, que só tem produzido maus resultados em termos de aprendizado, enquanto ajudam a disseminar a ideologia marxista, quase onipresente em certos departamentos universitários. Por isso é urgente virar esse disco, mudar o foco das pesquisas, sair dessa armadilha. Mas quem vai fazer isso, se está todo mundo saturado da mesma ideologia?
Há um tímido renascimento intelectual nessa direção. Creio e espero que tome corpo e produza frutos.