Paraenses são maioria entre os migrantes e imigrantes que chegam a Brusque; veja dados

Principal fator que explica a migração é a oferta de empregos

Paraenses são maioria entre os migrantes e imigrantes que chegam a Brusque; veja dados

Principal fator que explica a migração é a oferta de empregos

O município de Brusque tem atraído moradores de diferentes regiões do Brasil nos últimos anos. Dados do Censo 2022 apontam que o Pará é o principal estado de origem das pessoas que passaram a residir na cidade, entre aqueles que não viviam em Santa Catarina cinco anos antes da data de referência da pesquisa.

Segundo o levantamento, 3.023 pessoas que viviam em Brusque na data de referência do Censo vieram do Pará. Em seguida aparecem a Bahia, com 1.986 moradores, e o Paraná, com 1.717. São Paulo também se destaca entre os principais estados de origem, com 1.631 migrantes.

O número de residentes vindos do exterior também chama a atenção: 929 pessoas passaram a morar em Brusque após viverem fora do país. Os principais países de origem são Venezuela, com 593 pessoas, e Haiti, com 178.

Em menor escala, também vieram moradores do Paraguai (67), República Dominicana (35), Canadá, Colômbia e Turquia (21 cada), além de Nova Zelândia (20), Estados Unidos (12) e Tunísia (11).

Esse total de migrantes e imigrantes supera os registrados em estados como Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Maranhão e Alagoas, que completam a lista dos dez principais locais de origem dos novos moradores do município.

Emprego como principal atrativo

Para o chefe do Acolhimento do Migrante em Brusque, Caio Videira, o principal fator que explica essa migração é a oferta de empregos.

“Brusque é uma cidade com forte atividade econômica, especialmente nas áreas têxtil, metalúrgica e de serviços, o que tem gerado muitas oportunidades de trabalho”, afirmou.

Segundo ele, além da busca por emprego, há também a chamada migração em rede. “Muitos vêm para se reunir com familiares ou amigos que já estão aqui, o que fortalece ainda mais esse fluxo”.

Caio destaca ainda que a maioria dos migrantes tem perfil de vulnerabilidade social, mas demonstram grande disposição para trabalhar. “Muitos deixaram suas regiões por falta de acesso a serviços públicos básicos ou por questões de segurança e pobreza extrema”, explicou.

A chegada crescente de migrantes, segundo ele, impacta diretamente os serviços públicos. “Notamos um aumento expressivo na demanda por atendimentos de saúde, especialmente na atenção básica e nas unidades de urgência. Na educação, há um crescimento contínuo nas matrículas de crianças oriundas de outras regiões”, disse.

Para ele, o desafio da habitação é um dos mais urgentes. “Apesar dos desafios, Brusque tem se empenhado para dar conta dessa nova realidade”, completou.

Opinião de quem veio

A paraense Nayla Cristina da Silva, de 22 anos, saiu de São João de Pirabas para viver em Brusque com o namorado, que já residia na cidade.

“No começo foi bem difícil ficar longe dos familiares e a cultura também é extremamente diferente, isso me deixou bem acuada”, contou.

Segundo ela, a mudança foi motivada pela busca por emprego: “O Pará é rico em cultura e educação também, mas infelizmente escasso quando o assunto é mercado de trabalho”.

Nayla vive no bairro Guarani e diz conhecer outros paraenses na cidade. “Todos que eu conheço compartilham o sentimento de saudade e vontade de voltar, mas o mercado de trabalho aqui faz a gente permanecer”, relatou.

Sobre as diferenças culturais, ela afirma: “o mais notório é a culinária, que é completamente diferente. Estamos acostumados com sabores mais temperados e frutas típicas da Amazônia, além de menos retraídos socialmente”.

Para ela, a presença dos migrantes enriquece a cidade. “A mão de obra paraense ou de outros estados preenche o vazio de muitas vagas”, avaliou.

Outra história que representa esse movimento é a de Alvaro de Oliveira Freitas Leitão, de 34 anos, natural de Belém. Ele se mudou para Brusque por amor, após se apaixonar por uma seguidora do seu canal na internet.

“Decidi largar meu estúdio e, como eu já ganhava dinheiro pela internet, era mais fácil eu me mudar do que ela. Tomei coragem e fui viver essa aventura”, disse.

Ele afirma que se adaptou bem à cidade e se encantou com a tranquilidade brusquense. Hoje, além do amor que possui pela companheira e pela sua terra paraense, diz também amar Brusque. “É um lugar de muita paz e tranquilidade para se viver”, contou.

Alvaro vê nos migrantes um papel importante no desenvolvimento da cidade. “O paraense raiz é trabalhador e divertido, quer sempre o melhor para sua família e é capaz de trabalhar incansavelmente para conseguir tudo o que precisa”, afirmou.

Segundo ele, muitos dos que vêm do Pará estão em busca de segurança e dignidade. “Aqui, mesmo com menor poder aquisitivo, você consegue viver em um bairro tranquilo, sem a pressão da criminalidade que enfrentamos lá. E há mais oferta de emprego em empresas privadas”, disse.

Ele mora no bairro Limeira e acredita que as diferenças culturais podem ser complementares. “A gente é mais festeiro, mas às vezes sinto que algumas pessoas daqui pensam no trabalho até na hora de descansar. Um pode agregar ao outro em busca de um equilíbrio social mais saudável”, refletiu.


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Como surgiu e o que restou da primeira usina elétrica da região, criada em 1913 em Guabiruba:


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