O feriado é de uma data católica em um país laico. Tá, parei.

Então vou falar do personagem principal e não é o coelhinho. Vou falar de um cara muito especial que andou nessa Terra há alguns mil anos – e não é Jesus.

Sidarta Gautama, príncipe que viveu até a idade adulta sem conhecer a velhice, a doença e a morte. Ao deparar-se com a impermanência, abandonou o palácio e foi viver junto aos sábios na floresta, certo que iria descobrir como superar todo o sofrimento. Assim foi. Sidarta encontrou o caminho para o amadurecimento e a libertação de boa parte do sofrimento na vida terrestre e o ensinou aos homens.

6 séculos depois…

Jesus de Nazaré, nascido não nobre, porém não pobre, em suas andanças e aprendizados recebeu a visão, a lucidez sobre sua divina essência e entendeu que era preciso mostrar aos homens aquilo que ele viu.

Naquela época as pessoas, muito presas em seus sofrimentos, buscavam um revolucionário, que pegaria a espada e daria fim ao sofrimento do povo e viram no jovem que falava bem e tinha atitudes em defesa dos desfavorecidos, o herói que lhes faltava.

Mas Jesus sabia a verdade, ele tinha a lucidez, sempre enfatizou que ele não era Deus, mas era seu filho, ou seja, sua continuidade, sua inseparatividade luminosa e que todos assim eram, todos eram ‘irmãos’, ensinou que ser divino pertencia ao ser humano, porque este possui o potencial para a sabedoria e a iluminação. Mas nenhum dos meios, parábolas, sermões, nada tirava a venda dos olhos das pessoas. Eles, assim como nós, viviam a ilusão.

Foi quando ele, em momento de meditação, recluso no Monte das Oliveiras, pode compreender seu Darma. Iria mostrar pelo exemplo, usando seu corpo e sua carne, para mostrar aos homens que tudo é impermanente, que o sofrimento por maior que seja, é impermanente.

Deixou-se levar para o martírio, sofreu mais e mais que qualquer outro ser humano poderia sofrer em chagas e humilhações e, como prometido, retornou.

Retornou em sua essência pura e luminosa. Retornou para mostrar as nobres verdades. Verdades estas que se referem ao sofrimento, sua natureza, sua origem, sua cessação e o caminho que conduz a essa cessação.

Páscoa, momento de reflexão sobre nossa essência, nossa capacidade de superar as verdadeiras causas do sofrimento e almejar as verdadeiras causas da felicidade. Momento de buscarmos em nós meios de ajudar todos os seres.

Feliz Páscoa!


Constansa Becker
– Gestora ambiental e colaboradora do Banco de Tempo de Brusque