Pedido de retirada de ciclofaixas provoca polêmica

Vereador Dejair Machado solicita à prefeitura a retirada dos espaços destinados aos ciclistas

Pedido de retirada de ciclofaixas provoca polêmica

Vereador Dejair Machado solicita à prefeitura a retirada dos espaços destinados aos ciclistas

O requerimento do vereador Dejair Machado (PSD), que solicita ao Executivo a retirada das ciclofaixas implantadas em Brusque, está causando polêmica. Ele, que apresentou o pedido na sessão da Câmara de terça-feira, 5, afirma que 90% da população é contra e que os espaços destinados aos ciclistas contemplam poucas pessoas.

O vereador disse que desde que as ciclofaixas foram instaladas causaram muitas contestações. “Ao encurtar uma estrada diminui o fluxo de veículos. Recebi cerca de 5 mil assinaturas em abaixo-assinados de comerciantes. Ninguém é a favor”, diz.

Machado realizou uma pesquisa para analisar o uso do espaço destinado aos ciclistas e constatou que são pouco utilizados. “Fiquei em horários de pico (7h30, 12h e 18h), durante uma hora e vi que não tem serventia nenhuma. São coisas que não dá para entender. Não faz sentido”, destaca, apontando que no período da manhã ele viu seis bicicletas, ao meio-dia, 11 e à tarde, 10.

Ainda segundo o vereador, as pessoas que andam de carro e moto não querem ciclofaixa, e as poucas que utilizam usam apenas para o lazer. “O que não pode acontecer é prejudicarmos a locomoção das pessoas, o desenvolvimento da cidade. Não é porque duas ou três associações usam a bicicleta por lazer que deixaremos de contemplar os 90% que são contra”, salienta.

Machado também falou que fez o requerimento em função das reclamações da comunidade e quer que o assunto seja debatido da melhor maneira. “Não sou eu que não quero, é a população que está solicitando. Não trará prejuízos ao município, já que o dano maior se deu com a implantação das ciclofaixas. Não é um projeto que leva alguma coisa de um lugar para outro”, assegura o vereador, reiterando que não sabe quais os critérios que foram usados para colocar as ciclofaixas na cidade. “Não podemos criar um mecanismo que privilegie apenas algumas pessoas, se fosse assim, deveria ter faixa para moto e ônibus”.
“Requerimento descabido”

Entre os vereadores que integram a Comissão de Constituição, Legislação e Redação (CCLR), a qual o requerimento tramitará antes de ser votada em plenário, as opiniões divergem.

Valmir Ludvig (PT) afirma que Machado está indo na contramão do mundo. “Esse é um requerimento descabido. Totalmente fora de onde caminha todo o planeta. Ele é do senso comum, e esse é um pedido infeliz, desproporcional, que não tem sentido”, reforça Ludvig.

O vereador Ivan Roberto Martins (PSD) também é favorável ao uso das ciclofaixas. “Desde que tenha largura e que respeite a vida dos pedestres sou a favor. É preciso fazer alguns ajustes para que todas as vias realmente fiquem aptas aos usuários. Não podemos fugir disso, já que é uma tendência”, frisou Martins, que acredita que na próxima semana o requerimento será analisado juntamente com toda a comissão.

Já para o vereador Alessandro André Moreira Martins (PR), a maneira como foram feitas as ciclofaixas em Brusque prejudica o trânsito. “Sou a favor da retirada das mesmas. Como não foi pensada quando foi feita, não facilita a circulação. Aliás, sou a favor da retirada das ciclofaixas e de todos os tachões da cidade”, garante.
“Pedalar é um direito”

De acordo com um dos integrantes do Fórum da Bicicleta – entidade em prol deste meio de transporte, Cristiano Cunha, é preciso que “ela não seja enxergada apenas como um esporte, lazer e recreação, mas também como um meio de transporte ecologicamente correto e economicamente viável”.

Para ele, essa é uma mudança cultural. “Todos tem direito ao seu espaço, pedalar é um direito, assim como existem espaços para caminhões e carros, é necessário que tenha um lugar destinado aos ciclistas”, salienta.

Conforme Cunha, se for aprovado o requerimento do vereador Machado, será um retrocesso para a sociedade. “Hoje muitas pessoas enxergam as ciclofaixas como algo alternativo, não só como lazer e esporte, mas também como uma opção de transporte para ir ao trabalho”, ressalva.

O secretário de Trânsito e Mobilidade, Bruno Knihs, foi procurado pela reportagem do Município Dia a Dia (MDD), mas não quis se manifestar sobre o assunto.

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