Há 11 meses entrei no avião deixando pra trás a família, os amigos, o conforto da casa e uma vida de certezas.  O destino? Explorar o Sudeste da Ásia, uma das regiões mais pobres e lindas no nosso planeta com meu marido Laurent, passando por diversos países com Laos, Myanmar, Cambodja, Filipinas, Indonésia, etc. Hoje, carrego na bagagem histórias extraordinárias, muitos aprendizados e inúmeras imagens de lugares e momentos lindíssimos. Embora sempre valha a pena contar um pouco dessa experiência que tanto me ensinou, hoje estou aqui para falar de outra coisa.

Quando cogitei partir para essa viagem sem data de retorno marcada, poucos foram os que me apoiaram. Ouvi infinitamente mais vezes que deveria procurar um novo trabalho, que era muito arriscado, que era uma loucura do que: nossa Mari, me parece um bom projeto. No fim das contas, vendo toda a minha alegria e tudo que estava aprendendo ao longo da minha jornada, as pessoas foram gradativamente mudando de ideia. Hoje a grande maioria julga minha decisão como acertada.

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Mas por que a falta de apoio inicial? A resposta é simples! Não estamos acostumados a pensar e agir fora da linha. Uma mão invisível social dita as regras e muitas vezes nos rendemos a elas sem consideramos o que nos faz ou não felizes. Essas pressões acabam recaindo ainda mais fortemente sobre as mulheres, que se tornam reféns dos protótipos ideais e em nome deles, sacrificam sua felicidade.  A mão invisível diz:

“Você tem que estar em forma”, “Você tem que se arrumar”, “Você tem que se casar”, “Você tem que ter filhos”,“Você tem que ser uma boa mãe”.

E será que todas as mulheres querem estar em forma ou no fundo são felizes com um e outro pneuzinho? Será que todo mulher acha essencial estar sempre maquiada e arrumada ou preferiria que os outros a admirassem por uma boa conversa?  Será que as mulheres casam/se mantém casadas por acreditarem nas suas relações ou por medo do julgamento alheio? Será que toda mulher quer ser mãe? Será que os conceitos acerca de ser uma boa mãe são os mesmos em outros lugares do mundo?

Mulher pode ser magra e pode ser gordinha, mulher pode se casar ou preferir ficar sozinha. Mulher pode escolher ser mãe ou não. Pode decidir trabalhar e não tem problema nenhum se ela ganhar 5x o salário do marido, isso não faz dela menos mulher nem dele menos homem. Acaba sendo um esforço enorme mostrar para o mundo que é possível ser feliz dentro de outros caminhos, enquanto na verdade o caminho deveria ser um só: encontrar a própria felicidade.

Mariana Imhof – economista