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Prática do balé clássico a partir dos 3 anos pode trazer benefícios para as crianças

No Baby Class, os movimentos do balé são introduzidos aos poucos e as bailarinas trabalham muito a parte lúdica

Além de ser uma das mais belas artes, o balé clássico traz muitos benefícios para as bailarinas, principalmente as de pouca idade. As aulas de Baby Class – como é chamada a turma de dançarinas na faixa etária de três a quatro anos – estimulam o desenvolvimento físico e psicológico das crianças e, muitas vezes, são o início de uma longa trajetória na dança.

No Baby Class, os fundamentos do balé são introduzidos aos poucos / Foto: Bárbara Sales

Bailarina há 23 anos, a professora Ana Paula Rockembach tem três turmas de Baby Class na escola de dança que leva seu nome, e explica que o trabalho para esta faixa etária é diferente do realizado para as outras bailarinas. “É um trabalho muito delicado, tudo tem que ser a conta gotas, porque se coloca demais, elas não querem, e se é de menos, desestimula”.

No Baby Class, os movimentos do balé são introduzidos aos poucos e as bailarinas trabalham muito a parte lúdica. “Os balés de repertório são baseados em histórias como o Lago dos Cisnes, o Quebra Nozes, que são bem conhecidos, então esta parte do lúdico é a parte histórica do balé clássico e é trabalhado junto com elas. Eu leio a história para elas, nós conversamos sobre ela e depois fazemos alguns exercícios em cima do que foi lido. Assim, elas estão brincando com a história e, ao mesmo tempo, trabalhando a parte histórica do balé clássico”, destaca.

Rosélis Slomsky Appel é bailarina há 27 anos e no Studio Slom Sky Dance também trabalha o lúdico com as bailarinas do Baby Class. “Trabalho com vários acessórios, cores, lenços, para que as crianças possam sentir, fazer o movimento, e depois eu tiro para que elas possam perceber o objeto concreto do imaginário. Isso é muito importante nesta fase inicial”.

O tempo de concentração das pequenas bailarinas também é diferente das demais, por isso, as aulas precisam ser bem planejadas para que as meninas consigam se divertir e ter o rendimento desejado. “As nossas aulas são de uma hora, mas esta hora é bem dividida porque o tempo de concentração delas é bem menor. Então, deixo um tempo para elas se expressarem, e depois começamos aos poucos com a aula. Cabe a professora saber lidar para que essa aula seja prazerosa”, diz Rosélis.

Já as aulas de Ana para esta faixa etária são de 45 minutos. “É tudo muito cronometrado com elas. Fazemos o aquecimento dos pezinhos, um pouco de trabalho de barra e quando vamos começar a ir para a diagonal ou para o centro começa a dispersão, aí preciso parar e fazer alguns joguinhos com alguma música que elas gostam. Se passar dos 45 minutos, já dispersa. Elas estão na sala de aula, mas não estão concentradas”.

É somente a partir dos 7 anos que as bailarinas começam a ter contato com o balé clássico mais puro. “No Baby Class não tem como trabalhar só o balé clássico porque ele exige muita disciplina e nem convém com essa idade isso. Aos 7, 8 anos é que começamos a cobrar mais essa questão dos movimentos e, a partir daí, só fica quem gosta mesmo da dança porque com o balé ou você gosta, ou não, não tem um meio termo”.

Tempo de concentração das pequenas é reduzido, por isso, as aulas precisam ser bem planejadas / Foto: Bárbara Sales

Benefícios para o corpo e para a mente

A prática do balé clássico desde os primeiros anos de vida estimula o desenvolvimento das crianças. “Como nesta idade a maioria é bem tímida, tem o medo do novo, de se expor, existe o benefício na parte da socialização, na criatividade. Nos primeiros dias algumas choram, aí tem que ter um diálogo para que se sintam seguras ali, mas depois de algumas aulas elas desenvolvem autoconfiança”, destaca Ana.

Além disso, a saúde das pequenas bailarinas também ganha muito com as aulas. “O balé clássico corrige problemas que a criança pode ter no pé, no joelho, no quadril. O balé atua como prevenção também de algum problema que possa surgir mais pra frente, por isso, é importante começar cedo, podemos fazer esse trabalho preventivo. Muitos médicos indicam o balé porque sabem os resultados que trazem para a criança”, ressalta Rosélis.

A indicação médica foi um dos fatores que levou Franciele Hodecker Horner a matricular a pequena Lara, 4 anos, no Baby Class, no ano passado. “Ela tinha a perninha um pouco torta e então o ortopediatra recomendou esta atividade. O balé foi escolhido pelos vários benefícios que ele traz, além de permitir a criança usar a sua imaginação, a magia que a dança nos traz e nos fascina”, conta.

O balé sempre chamou a atenção da pequena, que gosta muito de praticar a dança. E os benefícios já começaram a ser sentidos pela família. “Já sentimos a perda da timidez, a melhora do equilíbrio, o aumento da concentração, corrigiu sua postura, rotação dos joelhos, a disciplina, desenvoltura em público, contato social, entre outros”, destaca a mãe.

Lara já estimula até a irmã, de dois anos, a praticar o balé. “Enquanto houver interesse da parte dela, ela fará. Acho muito legal que ela estimula e ensina a irmãzinha em casa de 2 anos e suas amiguinhas de escola. Eu, como mãe, acho importante a criança fazer uma atividade na qual ela se identifica, curta o momento e não se sinta pressionada”.

A professora Rosélis também ressalta o papel social da dança. “Com o balé elas começam a se perceber na sociedade. Hoje, tudo pode, tudo é fácil, as crianças tem acesso à internet e não sabem de toda essa capacidade. O balé ajuda nessa disciplina, de saber o que pode e o que não pode, o que é direito e o que é dever delas como cidadãs. Tudo isso é introduzido aos poucos para elas durante as aulas”.