Prazo para fim das obras da BR-470 passa para 2022

Fiesc apresentou um estudo sobre a situação das obras na rodovia; documento deve ser encaminhado ao Ministério dos Transportes

Prazo para fim das obras da BR-470 passa para 2022

Fiesc apresentou um estudo sobre a situação das obras na rodovia; documento deve ser encaminhado ao Ministério dos Transportes

Apresentado no fim de agosto, o Plano Plurianual do governo federal – que orienta as ações para os próximos quatro anos – trouxe uma péssima notícia aos catarinenses, principalmente para os moradores do Vale do Itajaí.

No planejamento, além da redução em quase 30% dos recursos destinados para as obras de duplicação da BR-470 – de R$ 100 milhões em 2015 para R$ 64 milhões em 2016 – está a ampliação do prazo de conclusão da obra, que inicialmente estava previsto para 2017 e agora passa para 2022.

A informação sobre a postergação do prazo de conclusão da duplicação mobilizou a Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc). Na segunda-feira, 14, a entidade apresentou na Associação Comercial e Industrial de Blumenau (Acib) um estudo sobre a situação das obras em Santa Catarina. A intenção é levar a análise também ao Ministério dos Transportes, em Brasília, e pressionar para que o ritmo das obras acelere.

“Esta obra, fundamental para Santa Catarina, mais se parece uma novela que nunca termina. A continuar desse jeito, ganhará novos e incontáveis capítulos considerando o programa de concessão e as questões jurídicas e burocráticas envolvidas. A região não aguenta mais tanta procrastinação, que prejudica o seu desenvolvimento e a qualidade de vida de sua população”, diz o presidente da Fiesc, Glauco José Côrte.

O estudo analisa o andamento das obras de duplicação do trecho entre Navegantes e Indaial da rodovia – 73 quilômetros – que foram contratadas em quatro lotes, entre julho de 2013 e junho 2014. O valor total dos contratos é de R$ 860 milhões, com conclusão inicialmente prevista para outubro de 2017. O trabalho constata que o atraso nos processos de desapropriação de imóveis e o contingenciamento de recursos já levou ao abandono das obras em alguns trechos.

Em junho, o governo federal incluiu o corredor formado pelas rodovias BRs 470 e 282 no Programa de Investimento em Logística, para serem concedidas a iniciativa privada em 2016. O engenheiro Ricardo Saporiti, consultor da Fiesc e autor do estudo, alerta que a concessão da rodovia com as obras não concluídas pode levar a um novo atraso no cronograma e a um aumento no valor a ser cobrado nos futuros pedágios.

Diante deste cenário, o estudo recomenda que o governo federal elabore um cronograma de investimentos garantindo, mesmo em ritmo lento, o andamento das obras para evitar prejuízos sobre o que já foi realizado. Outra opção seria avaliar criteriosamente a concessão da rodovia considerando as obras em andamento e respeitando os contratos firmados, evitando uma onda de ações judiciais, que poderão postergar ainda mais a entrega da obra tendo o cuidado para que o usuário não seja surpreendido por altas taxas de pedágio.

A BR-470 permite a ligação das regiões do Vale do Itajaí, Vale do Itajaí-Mirim, Centro Oeste e Centro Norte com o eixo litorâneo e os portos. Segundo a entidade, ela atende a um setor industrial com 21 mil estabelecimentos, que empregam 378 mil trabalhadores e que em 2014 contribuíram para uma corrente de comércio de US$ 14,4 bilhões.

Impactos para Brusque

Apesar de não estar diretamente ligada ao município, a situação caótica da BR-470 complica a vida de muitos brusquenses que, por algum motivo, precisam passar pelas cidades que cortam a rodovia. O problema se torna ainda maior quando se ganha por produtividade, como é o caso das transportadoras. O proprietário da Brusville, Emílio Cesar de Souza, classifica BR-470 como um prejuízo”.

“Fazemos todas essas cidades. Gaspar, Ilhota, vamos até Indaial e cada dia está pior. É um absurdo. Eu faço parte do sindicato patronal e lembro muito bem do grande circo que armaram para anunciar a duplicação, cheio de políticos, que não usam o trânsito, vêm de helicóptero e não sabem o que passamos”, diz.

Segundo ele, para fazer um trecho de 50 quilômetros, seus caminhões levam, em média, de duas a três horas. “É uma vergonha, um deboche, e agora querem ampliar o prazo de conclusão das obras”.

Na TSL Transportes, a indignação com as condições da rodovia são semelhantes. “Não existe mais um horário bom para passar por lá, todo hora é a mesma coisa. Se sai de Blumenau às 17 horas, leva quase três horas para chegar em Brusque. Nós atendemos toda essa região, e sentimos na pele os transtornos. Chegou a um ponto que os canteiros de obras estão atrapalhando ainda mais”, diz Darcizo Soares dos Santos, encarregado de depósito da empresa.

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